quinta-feira, 21 de junho de 2012

Alunos acusam Diretoria do IFRO ameaças para desestabilizar movimento grevista

Diversos alunos acusam a Diretora do IFRO, Mércia de manipular a  opinião dos pais e alunos que se vêem divididos no que diz respeito ao direito de se manifestar, segundo eles, em relação aos excessos praticados por membros da diretoria e a reitoria, que trata os alunos, na sua maioria menores de idade, com humilhações, coações e assédios morais de todos os gêneros.

Mães de alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) denunciaram que os filhos estão sendo coagidos para não apoiar a greve dos professores e técnicos administrativos da instituição. Elas afirmam que os estudantes são menores e a forma como vêm sendo pressionados contraria o estatuto da Criança e do Adolescente. “O ideal, até para uma boa formação intelectual e moral, é que eles (os menores) tivessem liberdade para escolher se apóiam ou não a greve”, disse uma das mães bastante preocupada com a formade pressão pela qual os alunos são submetidos pela direção do estabelecimentode ensino.
Os estudantes também alegam que,desde a formação de um grêmio estudantil, a direção da escola tenta impedir as assembléias, proibindo reuniões nas dependências da instituição e distribuição de cartazes e panfletos. “Agora com a deflagração da greve dos técnicos e docentes, os diretores ignoram nosso direito de livre organização e pensamento”,afirmam em panfleto, convocando alunos para participar da manifestação em apoio a greve marcada para esta quarta-feira (20 de junho).
No mesmo documento, que é assinado pelo Comando Estudantil de Luta pela Educação, os estudantes garantem que desde o começo da greve no dia 13 deste mês, quem declarou que pensava em dar apoio aos professores estão sendo sofrendo represarias, coações e ameaças. Duas conselheiras do Conselho Tutelar, ainda conforme denúncia dos líderes estudantis, foram até a instituição com o único propósito de impedir que alunos apoiassem a greve.
A paralisação nacional foi decidida no dia 23 de maio, em Brasília. Os grevistas reivindicam aumento salarial de 22%, reestruturação de carreira e melhores condições de trabalho. Em Porto Velho, de acordo com o comando de greve, a paralisação atinge mais de 70 professores da instituição. Eles afirmam que estão trabalhando seis anos sem reajuste salarial. Lamentam também que a construção do prédio de mais um campus em Porto Velho se arrasta há mais de três anos. Sem a conclusão, os laboratórios para aulas práticas continuam precários.



Papa (1)

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: