segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Moradores de São Miguel do Guaporé vão a Câmara exigir redução do salári...

Centenas de moradores compareceram a sessão passada, após campanha popular, proposta pela classe empresarial e estudantil do município.

Um grupo de empresários e estudantes do município, que se denominam "Todos por um São Miguel melhor", inspirados pelos movimentos sociais de combate a corrupção que se propagaram pelo país, convocou a população para comparecer à sessão da Câmara Municipal, no último dia 10/10 (segunda feira), e exigir um esclarecimento dos vereadores sobre o aumento dos próprios salários, considerado abusivo e injustificável pela maioria da população.

Os populares alegam que foram pra assistir a sessão semanal e após trinta minutos de cobrança aos vereadores a mesma foi encerrada sem dar maiores satisfação a população, dando as costas à população que se revoltou com atitude dos edis.

Membros do movimento, que preferem não se identificar, falaram a redação do Painel Político e alegam que no entendimento deles: "ser vereador não é profissão, e ainda que fosse, se formos comparar ao salário de um professor que trabalha por 40 horas semanais na sala de aula e recebe menos de dois mil reais, qual é a justificativa de um político eleito para zelar pelo dinheiro público ganhar R$ 6.250,00 pra ficar pouco mais de duas horas em uma sessão por semana na Câmara, não existe isso", declarou uma moradora.

A proposta do movimento que já tomou corpo na cidade é a de que os vereadores baixem os valores dos salários recebidos, que segundo eles está muito acima do suportável pelo município e dos padrões éticos de convívio com a classe trabalhadora.

Na atual legislatura, os vereadores da cidade recebiam um salário de pouco mais de R$ 4.200,00, e no último dia 28 de setembro, o que já era considerado alto pela população, e votaram por um aumento de 33%, elevando os próprios salários à R$ 6.000,00, a população indignada com essa quantia, saiu de casa exigir que os 11 vereadores revejam seus custos, que para um município de apenas 35 mil habitantes, provoca um prejuízo considerável ao erário público já tão defasado e sem orçamento para atender as necessidades básicas do município.

A proposta do movimento é que os vereadores façam uma diminuição substancial de seus salários em pelo menos 70%, o que deixaria o valor de R$ 1.970,00, pouco mais de dois salários mínimos, que pelos padrões dos serviços prestados como vereadores estaria muito bem pagos.

A sessão foi interrompida pelo presidente da Câmara, Valmir dos Santos (PT), que convidou os demais vereadores a abandonarem o plenário deixando o povo sem respostas sobre os motivos do aumento.

Além dos salários dos vereadores, em R$ 6.000,00, o salário do presidente foi para R$ 8.000, e dos vice presidente e primeiro secretário para R$ 6.250,00, sem contar o aumento dos demais benefícios, como diárias, combustível e alimentação.

Além da classe empresarial, há aposentados, prestadores de serviços,professores, estudantes e até funcionários públicos engrossam o coro na campanha de diminuição dos salários e estão dispostos a assistir quantas sessões forem necessárias até que a Câmara volte atrás no aumento em questão.

Nesta segunda (17/10), outra sessão está marcada para às 19:00hs, e vão discutir o assunto, um convite popular foi criado e enviado à vários vários moradores da cidade via Whatsapp, e a promessa de grande público para acompanhar o posicionamento de seus representantes no parlamento mirim parece ser bem perturbadora esta noite na Câmara de São Miguel do Guaporé que terá que encarar seus eleitores e prestar as
devidas explicações sobre os aumentos aplicados.

Tentamos contato com a presidência da Câmara através de um celular fornecido por funcionários da casa, mas, não fomos atendidos após insistentes ligações.




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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: