quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Feridas abertas


Livro resgata Carta aos Brasileiros e reescreve a história


por Márcio Chaer

Um livro escrito para celebrar a participação dos advogados paulistas na resistência ao regime militar brasileiro de 1964 acaba de ser lançado. A publicação relata que, até 1977, a maioria dos professores da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco trabalhou ativamente a favor do golpe.

Centrado na célebre Carta aos Brasileiros, que completa 30 anos neste setembro, o livro revela que o então presidente do Conselho Federal da OAB, Raimundo Faoro, não quis subscrever o documento. Nem ele, nem qualquer presidente das seccionais da entidade. Anos antes, aliás, quando os militares derrubaram João Goulart, tanto a OAB nacional quanto a paulista manifestaram seu regozijo com o fato.

O livro Estado de Direito Já! — Os trinta anos da Carta aos Brasileiros (Editora Lettera.doc, 272 páginas) foi produzido por Cássio Schubsky para celebrar um dos mais extraordinários discursos da vida política do país, feito em 1977, com o objetivo de encurtar o regime militar vivido entre 1964 e 1984.

Mas o que era para ser uma evocação ao desassombro e à coragem da Academia do Largo São Francisco, a Escola de Direito da USP, tornou-se também o leito para desenterrar rusgas, divergências e a revelação da existência de muitos heróis retroativos — personagens que faturaram depois a glória de integrar uma “resistência” da qual não participaram.

A revisita aos chamados anos de chumbo traz 23 depoimentos interessantes e documentos da época dos quais pouco se conhecia até agora — como os relatórios do serviço secreto do Dops (Departamento da Ordem Política e Social) da polícia paulista e atas da Congregação, o órgão de cúpula da faculdade.

Uma das boas histórias é trazida pelo professor Dalmo Dallari. Ele dava aulas no curso noturno e, quando os militares, com amplo apoio civil, tomaram o poder, teria esclarecido os alunos que, em face de qualquer teoria, o movimento configurava um golpe e não uma revolução. Em decorrência disso, teria sido afastado das aulas.

Mas conseguiu tomá-las de volta com um artifício: ameaçou formalizar contra seu principal algoz, o catedrático Ataliba Nogueira, a acusação de que ele recebia, ilegalmente, cinco vencimentos.

E enumerou quatro: como promotor, como professor do curso diurno, do bacharelado noturno e da pós-graduação. A ameaça surtiu efeito e ele voltou às classes. Ele só não conseguiu, como lamenta, dar aulas aos alunos do diurno “que seriam os futuros governantes do país”. Como quem sofreu uma condenação, Dallari diz que só lhe foi permitido lecionar aos alunos do noturno que “não tinham importância, eram alunos pobres” e para eles sua pregação não teria maior repercussão.

A valentia e a coragem de Dallari, em sua versão própria, pode ser assistida no YouTube, em entrevista ao ator Antonio Abujamra, no programa Provocações, da TV Cultura.

Nessa gravação, o professor narra também seu suposto seqüestro em que teria sido espancado por um grupo, quando estava a caminho da missa. Esse episódio persegue o professor até hoje por suas controvérsias.

Outra preciosidade do livro é o manifesto de júbilo pela “restauração da ordem democrática no País” (ou seja, a tomada do poder pelos militares), assinado por professores da São Francisco. O documento foi publicado na Folha de S.Paulo e em O Estado de S.Paulo.

Nele, os professores “se congratulam com o eminente chefe do Poder Executivo do Estado e com as Forças Armadas (...) pela atitude que assumiram no movimento ora vitorioso, em que se propugnava unicamente pelo respeito às normas constitucionais que nos regem”. Entre os signatários do documento estão o professor Dalmo de Abreu Dallari e o então presidente da OAB paulista, Noé Azevedo.

Um dos participantes da obra é Celso Antônio Bandeira Mello. Seu depoimento é vigoroso. Em dado momento, depois de esclarecer sua posição contra a pena capital, ele a defende: “Acho que para torturadores deveria haver pena de morte, porque torturador é que pode existir de pior na espécie humana”.

Essas passagens servem apenas para mostrar a complexidade da política brasileira e, em especial, daquele período. As contradições, antes de evidenciar eventuais falhas de caráter, desvelam a maravilhosa riqueza da vida política do país. Nem Goffredo topou a empreitada por ser de esquerda, nem Faoro deixou de apoiá-la por algum tipo de medo ou por afinidade com o regime.

Sua decisão atendeu a razões de ordem tática. Ele tramava com a ala civil do governo do general Geisel a chamada “distensão gradual e segura” e temia que o “Já!” defendido por Goffredo fizesse tudo desandar.

A Carta aos Brasileiros desponta como uma das manobras mais inteligentes no embate que prosseguiu. A escolha do mais admirado professor da escola, Goffredo Carlos da Silva Telles Jr., foi estratégica.

Uma das principais lideranças da Ação Integralista Brasileira, eleito constituinte na década de 40 e deputado federal em seguida, não tinha a mais remota suspeita de ligações com a esquerda e sempre repudiou o marxismo. Não havia ninguém melhor.

Qualquer inimigo da ditadura que ousasse protagonizar o famoso evento seria impedido e preso — como tantos o foram. Goffredo conseguiu, a um só tempo, dotar a esquerda de argumentos técnicos e poderosos para sua luta; e persuadir os que ainda acreditavam que os militares eram a única alternativa para o país. Ele convenceu exatamente os que ainda precisavam ser convencidos.

No ano seguinte, o Ato Institucional nº 5 foi revogado e no posterior veio a anistia. Ainda seriam necessários sete anos para se ter um civil no poder e outros tantos para as “Diretas Já!”. Mas ninguém negará que a magnífica Carta aos Brasileiros teve papel verdadeiramente histórico no aperfeiçoamento político brasileiro.

O livro Estado de Direito Já! é uma espécie de colagem de recortes. Ora é redundante e repetitivo, ora é contraditório. O todo e as partes caminham às vezes em direções opostas. Mas acaba que essas falhas de edição é que ajudam a mostrar algo incomum para uma celebração do gênero.

Ainda que sem esse propósito, a publicação evidencia que a história nem é linear, nem é coerente. Os fatos se encadeiam de forma complexa, permeados de irracionalidades. Jornalistas e escritores, em geral, para desvendar a lógica de grupos ou pessoas, simplificam a narrativa para apontar mocinhos e bandidos. E ao apagar nuances e contradições, acabam por falsear ou errar. Estado de Direito Já! mostra a política brasileira como ela é: uma confusão danada.

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Leia a Carta aos Brasileiros

Das Arcadas do Largo de São Francisco, do “Território Livre” da Academia de Direito de São Paulo, dirigimos, a todos os brasileiros esta Mensagem de Aniversário, que é a Proclamaçõo de Princípios de nossas convicções políticas.

Na qualidade de herdeiros do patrimônio recebido de nossos maiores, ao ensejo do Sesquicentenário dos Cursos Jurídicos no Brasil, queremos dar o testemunho, para as gerações futuras, de que os ideais do Estado de Direito, apesar da conjuntura da hora presente, vivem e atuam, hoje como ontem, no espírito vigilante da nacionalidade.

Queremos dizer, sobretudo aos moços, que nós aqui estamos e aqui permanecemos, decididos, como sempre, a lutar pelos Direitos Humanos, contra a opressão de todas as ditaduras.

Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre existiu à sombra das Arcadas: fidelidade indefectível e operante, que escreveu as Páginas da Liberdade, na História do Brasil.

Estamos certos de que esta Carta exprime o pensamento comum de nossa imensa e poderosa Família – da Família formada, durante um século e meio, na Academia do Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito de Olinda e Recife, e nas outras grandes Faculdades de Direito do Brasil – Família indestrutível, espalhada por todos os rincões da Pátria, e da qual já saíram, na vigência de Constituições democráticas, dezessete Presidentes da República.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sindicato lança blog para denunciar o abuso patronal




O Sindicato dos Jornalistas do Paraná lançou um blog para denunciar o abuso patronal aos direitos dos jornalistas. "O endereço http://sindijorpr.blogspot.com servirá como um canal para o jornalista denunciar situações de abuso e desrespeito que os patrões transformaram em rotina nas redações", afirma a entidade sindical.

O fórum de denúncias e discussões vai dispensar identificação, para evitar a pressão velada e o assédio moral. "A idéia é mostrar os desmandos patronais; as violações dos direitos dos trabalhadores jornalistas; os casos de constrangimento e conduta antiética por parte do patronato", garantiu o Sindicato.

Fonte: Sindicato do Paraná

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Ciência prova: eles buscam belas; elas, ricos



Pesquisa mostra que discurso e ação são muito diferentes na hora de escolher parceiro.

Embora digam buscar outras coisas, na prática, eles querem beleza e elas, estabilidade.

O que você procura em um parceiro amoroso? Inteligência, simpatia, educação? Nada disso. Pode aposentar esse papo. Um estudo revela que apesar de nos acharmos muito evoluídos, os seres humanos se comportam exatamente como o estereótipo na hora de escolher um companheiro. Para os homens, o que importa, no fundo, é mesmo a beleza. Para as mulheres, o compromisso.

A pesquisa revela que nosso discurso é bem diferente da prática. Embora afirmemos procurar certas características em um parceiro, na verdade, as decisões são tomadas por outros parâmetros. O rapaz pode falar que escolheu a namorada pela personalidade e inteligência, mas é mais provável que ele simplesmente a tenha achado bonita. Já a moça, encontrou no companheiro alguém em que ela pudesse confiar e com quem pudesse se comprometer.

As mulheres são, de longe, mais seletivas e seus padrões de escolha são observados na evolução da maioria dos mamíferos. Ao longo da história, machos procuram fêmeas belas que os aceitem; enquanto fêmeas estão dispostas a deixar a beleza de lado para encontrar um bom pai para seus filhotes.

A equipe liderada por Peter Todd, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, analisou 26 homens e 21 mulheres durante encontros amorosos rápidos (de três a cinco minutos) oferecidos por uma empresa alemã. Antes de ver seus pares, os participantes responderam questionários onde fizeram uma auto-avaliação e contaram como seria o parceiro ideal. Depois, os cientistas compararam essas respostas com os casais que se formaram.

Antes do encontro, a maioria afirmou que procurava um parceiro semelhante a si mesmo, em termos de beleza, compromisso e status financeiro. Na hora dos encontros, no entanto, todos seguiram o previsto. Homens manifestaram interesse nas mais belas e mulheres, nos mais estáveis financeiramente. Não é politicamente correto, mas é a verdade. Além disso, em média, eles se diziam interessados em metade das mulheres do grupo, enquanto elas só gostaram de um terço deles –- o que, mais uma vez, mostra que elas são mais rigorosas na seleção.

O estudo foi publicado na edição desta semana da revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a “PNAS”.

Grazi estampa capa da 'Rolling Stone' Brasil




Atriz paranaense recebeu pintura corporal para fotos.
Em entrevista, ela conta como foi a sua escalada para a fama.


A atriz Grazielli Massafera está na capa e é tema da reportagem principal da edição de setembro da revista "Rolling Stone" Brasil. Ela recebeu uma pintura corporal com o símbolo da banda Rolling Stones.

Na entrevista, Grazi conta de sua escalada para o sucesso e fala das condições econômicas modestas que tinha antes de participar do programa "Big Brother Brasil". “Ganhava R$ 300 e comprava uma blusinha em seis vezes de R$ 10”, afirma. Até esta semana, a mãe da atriz recebia auxílio para comprar gás de cozinha.

Sobre os narizes torcidos quando fez sua primeira participação em novelas, ela diz que foi uma questão de chance. “Não tenho culpa se existem bons atores no teatro que não tiveram oportunidade na TV e eu, sendo ninguém, cheguei lá”, afirmou a atriz à publicação.

Fenaj e Sindicatos prometem questionar concursos na Justiça






A Federação Nacional dos Jornalistas anunciou que pretende questionar na Justiça os concursos cujos editais contiverem erros e desrespeitem a regulamentação da profissão de jornalista. "O lançamento de editais de concursos públicos com vagas para atividades de comunicação social, mas com requisitos que permitem a inscrição de profissionais de outras áreas vem provocando constantes manifestações de descontentamento entre os jornalistas", afirmou a Federação.

Dois concursos como o do Tribunal de Contas da União e da Gasmig, em Minas Gerais serão alvos de questionamentos judiciais, informou a FENAJ, que em conjunto com os Sindicatos dos Jornalistas do Distrito Federal e de Minas Gerais preparam ações judiciais para reversão da situação.

Novo concurso com problemas foi lançado pela Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), permissionária do Governo Federal na exploração de gás natural, no dia 27 de agosto. O concurso, a ser realizado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), abriu duas vagas para a área de comunicação social. Mas o pré-requisito é ter "Curso superior completo em Comunicação Social (habilitação em Relações Públicas, Imprensa ou Publicidade/Propaganda), Programação Visual, Produção Editorial, Psicologia ou Pedagogia e registro profissional".

Neste caso, além das articulações com o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, a FENAJ também está dialogando com o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp).

Desrespeito

Infelizmente, não são raros os equívocos nos editais de concursos públicos para a área de comunicação. A jornada de trabalho de cinco horas, por exemplo, é constantemente atropelada e ignorada.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: