domingo, 13 de maio de 2007

AI pede proteção para jornalistas

Da Redação



A Anistia Internacional, a mais importante ONG para promoção dos direitos humanos no mundo, aproveitou o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – quarta-feira (03/05) – para pedir um esforço global para proteção de jornalistas.

“2006 foi o pior ano já registrado para jornalistas – um ano de continuada impunidade para assassinados de jornalistas”, apontou Aidan White, secretário geral da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), que assessorou a Anistia no apelo.

Segundo as instituições, 155 profissionais de imprensa foram mortos em 2006. “O trabalho de um jornalista, de reportar um acontecimento, freqüentemente o coloca em perigo.

É fácil de esquecer que jornalistas são civis, e estão protegidos pelas mesmas leis internacionais como qualquer outro civil”, informa a Anistia.

“Liberdade de expressão está assegurada no artigo 19 da Declaração Internacional dos Direitos Humanos. Uma imprensa livre é um componente essencial da liberdade de expressão e igualmente um elemento chave na promoção dos direitos humanos”, declara a ONG.

Fiscal de governos
A Anistia Internacional listou os piores abusos contra jornalistas em 2006, começando pelo Iraque, onde 64 deles foram assassinados – elevando a contagem de mortes para 139 desde o início do atual conflito, em março de 2003.

Deu especial atenção para os seqüestro de profissionais de imprensa no Afeganistão e a escalada de violência no México, com pelo menos 11 mortes confirmadas no ano passado.

O trabalho da mídia fiscalizando governos também foi abordado pela Anistia: “Jornalistas são vistos como uma ‘irritação’ – publicam informações que constrangem os governantes, encorajam a oposição e expõe abuso de poder.

Jornalistas podem não ser dissidentes, mas as informações por eles divulgadas fazem com que alguns governos possam suprimi-los como dissidentes”.

Para exemplificar, a ONG cita os governos da China, Cuba e Rússia, em especial o caso Anna Politikovskaya.

Por fim, a Anistia pede a libertação do repórter Alan Johnston, correspondente da BBC seqüestrado na Faixa de Gaza.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: