quinta-feira, 22 de junho de 2023

Após 122 dias de humilhação pública diretora Cléia é reintegrada sem conclusão do PAD

PUNIÇÃO INJUSTIFICADA – 

A ordem de reintegração só aconteceu coincidentemente dia 19/6, após a diretora conceder entrevista e expor as injustiças a que foi exposta.

Em clima de festa, com direito a bolo e refrigerantes, os alunos e pais da escola municipal Laura Vicunã, recepcionaram a diretora Cléia Rodrigues Gottert, que ficou afastada por meio de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), a pedido da Secretaria Municipal de Educação – , onde foi acusada e responsabilizada pelo curto circuito ocorrido na rede elétrica da escola.

No último dia 19/6 (Segunda), a diretora concedeu uma entrevista bombástica revelando que em nenhum momento, durante todo os 122 dias, ficou foi procurada pela equipe da Comissão processante que conduz o processo para  maiores esclarecimento do por de seu afastamento e que jamais foi notificada ou assinou qualquer documento reconhecendo que descumpriu ordem administrativa de não instalar qualquer equipamento elétrico ou aparelho de ar condicionado no prédio da escola, desmentindo assim as alegações que eram dadas pela prefeitura como sendo a justificativa do afastamento.

DESMENTINDO A COMISSÃO

Além disso, a diretora deixou claro que não era atributo dela realizar compra ou instalação de equipamentos no prédio, e tão somente a prefeitura, por meio do setor de engenharia poderiam ser responsabilizados por tais ordens, sendo de exclusividade deles a questão estrutural da escola, esclarecendo que todos os aparelhos pertencentes ao prédio foram adquiridos pela Secretaria de Educação e consequentemente instalados por eles durante o período de reforma que a estrutural passou.

OUÇA O ÁUDIO DA ENTREVISTA:

REINTEGRAÇÃO TARDIA

Na tarde de ontem (21/06), por meio divulgações em grupos de Whatsapp, a própria diretora Cléia Rodrigues apresentou uma portaria recém publicada e encaminhada a ela onde a prefeitura solicitava a sua reapresentação junto a escola para reassumir as funções na diretoria, porém, informando que o seu processo administrativo ainda não estava concluído, sendo necessários ainda mais 60 dias de apuração.

QUAL O PROPÓSITO?

Perguntada na entrevista sobre qual pergunta faria frente a frente da Secretaria de Educação e ao prefeito municipal o por quê foi submetida a tamanha punição, a mesma perguntaria apenas: “Por que tudo isso? Qual é o objetivo?” 

A diretora Cléia Rodrigues encerrou a entrevista agradecendo o apoio de pais e alunos, além de toda sociedade que está recebendo e que já tem uma representação legal e o acompanhamento do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (SINTEP/MT), que também estão perplexos com o caso atípico nunca antes registrado na história da categoria em todo Estado.

PREFEITO SEM PULSO

Mais uma vez o prefeito de Alta Floresta, Chico Gamba (PSD), acaba absorvendo da pior maneira possível os erros e imperícias de seus comandados que acabam atropelando a imagem política do chefe do executivo com situações vexatórias que o expõem cada vez mais perda de capital político.

Quando muitos pensam que a maior vítima desse episódio surreal de afastamento indevido da professora Cléia Rodrigues, seja a apenas a diretora afastada, eu diria que na verdade existem duas vítimas centrais nesta história, e acrescentaria a figura do prefeito Chico Gamba junto ao lado da professora, pois não se sabe por que, mais parece que a alguns setores e secretarias (neste caso a Secretaria de Educação e o setor de engenharia), trabalham em conjunto para prejudicar a administração Chico Gamba, colocando reiterada vezes em “saia justa”  e “maus lençóis” perante a população.

Na maioria das vezes o próprio prefeito não tem noção do tamanho do estrago que estão provocando em sua gestão e quando percebe resta ao mesmo ter que tomar decisões tardias que poderiam muito bem ter sido evitadas caso tivesse uma equipe de mais comprometida com a sua gestão.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: