sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Jornalista Danny Bueno é violentamente agredido por seguranças do deputado candidato a prefeito Alex Testoni.


O jornalista Danny Bueno, presidente do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral - MCCE de Ouro Preto do Oeste, foi violentamente agredido por covardes seguranças do candidato a prefeito pelo PTN, Alex Testoni durante a tentativa de obter fotos de uma reunião realizada nas dependências do Restaurante Ranchão, anexo ao Posto Dom Bosco, de propriedade do deputado e candidato, a qual estava sendo regada com muita comida e bebida a vontade para os presentes.

O fato se deu sem que o profissional tivesse sequer adentrado o recinto, pois a reunião estava sendo fotografada pela rua lateral, pela qual toda a movimentação dos convidados podia ser percebida, porém, mesmo antes de iniciar o trabalho, o jornalista se cercado de seguranças armados, membros da Polícia Militar do Estado de Rondônia que prestam o serviço de segurança 24 horas para o deputado candidato.

Entre os agressores destacam-se o Sargento PM Paulo Sérgio, o Soldado J. Agnaldo e a nova aquisição para o esquadrão de choque, o soldado Dias, conhecido como "Lobó".

Tanto um quanto outro começaram a desferir golpes de ponta pés e socos nas costas da vítimas, enquanto esta ainda se encontrava na garupa da moto em que estava, juntamente com seu ajudante, sem qualquer chances de defesa, pois a mesma tentava proteger a câmera fotográfica que havia registrado as irregularidades e também gravava o que estava se passando.

Tamanha foi a violência das agressões que o repórter teve que ser atendido pelo legista de plantão Dr. Ricardo, para o exame de corpo de delito enquanto prestava a ocorrência ainda nas dependências da delegacia.

Apesar de ter solicitado insistentemente a presença da Polícia Militar através do 190, da Polícia Federal, pela superintedência de Porto Velho e feito uma denúncia através do 148, que informou que estaria repassando a ocorrência para o Cartório Eleitoral do Município, em nenhum momento foi correspondido pelas autoridades competentes para ser devidamente lavrado o flagrante e as agressões.

Logo após se deparar uma intensa dor resultante das agressões, ao tentar se dirigir para sua residência o jornalista foi perseguido por um veículo com dois policiais, que sem qualquer identificação abordaram com extrema hostilidade o ajudante do repórter, sendo posteriormente os mesmo identificado como membros da P2, serviço reservado da PM, identificação que só foi possível por informações de terceiros, na tentativa de obter a máquina fotográfica sem lograr êxito, pois o mesmo conseguiu adentrar os portões de sua casa antes que os policiais pudessem alcançá-lo, mesmo assim, não se dando por satisfeitos fizeram questão de revistar e interrogar e intimidar em plena avenida Daniel Comboni, o assistente de trabalho que acompanhava o profissional, que é pai de família e morador antigo do município, como se este fosse um delinquente qualquer.
Não conformados ainda, ao perceberem a chegada do advogado do jornalista que pediu esclarecimentos sobre a ação irregular dos policiais, os mesmo alegaram que estavam na captura de "dois elementos" que haviam tirado fotos da reunião do deputado.

Um dos agentes identificados por nossa reportagem e filmado em ação durante esdrúxula abordagem, foi reconhecido como sendo Sérgio Belchior e seu companheiro, ainda desconhecido, deverá ser ainda identificado pela filmagem do ocorrido, pelos próprios superiores da corporação.

Na semana passada, os mesmo agressores, que hoje chegaram as vias de fato, protagonizaram uma cena dantesca de abuso de autoridade, quando a mando do mesmo candidato expulsaram aos empurrões o repórter de mais uma de suas reuniões secretas que cocrriam nas dependência da Associação Comercial e Industrial de Ouro Preto do Oeste - ACIOP, fato este também registrado pelo repórter e já denunciado junto ao Tribunal Eleitoral e Ministèrio Público, pois a intenção do profissional era obter uma declaração oficial do candidato quanto a uma mudança que estava sendo realizada naquela mesma hora para um família de eleitores, por um dos caminhões pertencentes a empresa de materias de construção Dom Bosco, que tam´bém é de propriedade do candidato, porém, a mesma arbitrariedade do cerceamento de liberdade de imprensa foram deplorávelmente esboçado hoje pelos mesmo protagonistas das agressões sofridas pelo profissional.

Em dias de uma decisão tão absurda tomada pelo supremo de se preservar a impunidade daqueles que insistentemente se valem do poder para cometer todos os graus de ilicitudes, acho que o que levou os profissionais da segurança pública, que deveriam dar a mais completa proteção ao cidadão, a desvirtuar o seu papel, deva ser a sensação de vitória manifestada por seu "Patrão" que obviamente será imensurávelmente beneficiado com a impunidade por seus atos já denunciados e pelos futuramente a serem praticados, mesmo tendo este jurado honrar o seu mandato a serviço do povo que o elegeu.

Sem dúvidas essas manifestações de violência autorizada contra profissionais da comunicação e cidadãos de nossa cidade não corresponde aquilo que o povo espera de um candidato apto a ocupar o comando do destino do município.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: