Em sua primeira fala, após ocorrer o acidente com a sua filha a mãe de Cristal, disse que se sentia "um lixo", a menina que foi retirada do fundo do Rio Morto, no Estado de Rio de Janeiro, após sofrer um violento acidente na companhia de um cidadão visivelmente alcolizado que dirigia em alta velocidade na contra mão.
Moacir, o motorista irresponsável fez de tudo após o acidente para se passar de vítima como se merecesse ser tratado como um inocente, além de gritar e esbravejar contra os policiais, bombeiros e a imprensa que conseguiu registrar todos os fatos.
A pequena e indefesa Cristal, que por ironia do destino recebeu o nome de uma das cervejas mais vendidas do país, não resistiu as sequelas dos vinte e poucos minutos submersa em águas profundas e escuras de um rio que para dramatizar ainda mais a história trás o nome da morte.
O pai da menina que até um mês atrás não a aceitava como filha, pois recusou-se a registrá-la e foi obrigado a se submeter à um exame de DNA para que a menina tivesse o direito ao recebimento de uma mísera pensão alimentícia.
Se ficarmos por aqui, e deixarmos de fora os tios, avós, amigos e conhecidos que assistiram as últimas vinte e quatro horas de vida da pequena Cristal, já teriamos elementos suficientes para elencar pelo menos três responsáveis diretos pela morte de mais um menor de idade, como muitos que vem morrendo dia após dia, como ovelhas para um matadouro imoladas pela degradante cultura de associar o alcoolismo a um estado de êxtase, felicidade e prosperidade social.
Nas novelas das quatro grande emissoras de televisão, nas revistas, nos jornais, na internet e nas rádios o que se prega é a vida irresponsável e promíscua que qualquer um pode obter ao abrir um pequena latinha de cerveja, a falsa impressão de que a indústria do alcoolismo tenta passar de que se preocupa ou a população ou que concorda com que a mesma deva ser conscientizada é visível nos espaços de tempo dedicados ao comercial e ao inexpressível alerta ao final de uma propaganda que tem fortes fatores hipnóticos.
Por fim, temos que nos questionar do por que nos calamos e fingimos não ver o tamanho do mal que estamos submetendo diariamente as nossas crianças ao concordar com essa política eonômica que condiciona subliminarmente a opinião pública através da massacrante poder da mídia.
Sinceramente, acho que não temos direito algum de ficarmos indignados com a mãe, o motorista ou o pai da desprotegida Cristal, pois ao longo da sua curta vida, nenhum de nós fizemos qualquer coisa para evitar ou impedir que ela fosse jogada no mais negro e profundo oceano da nossa inconsequente e incoveniente cumplicidade.
Quem são os verdadeiros responsáveis por essas mortes?
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