
Tiago Cordeiro
O prefeito de Salvador, João Henrique, (PDT) conseguiu proibir judicialmente a rádio, site, blog e revista Metrópole de citar indevidamente seu nome. Caso desrespeite a decisão, a empresa deverá pagar R$ 200 mil de multa de acordo com decisão (disponível aqui, aqui e aqui) da 2ª Vara Cível, Silvia Lúcia Bonifácio Andrade Carvalho.
A decisão de João Henrique ocorre logo depois da publicação da primeira edição da Metrópole, distribuída gratuitamente, que usou uma caricatura sua na capa e abordou sua atuação na prefeitura. Tanto João Henrique quanto Mário Kertész, presidente da rede Metrópole e radialista, começaram na política através do senador Antônio Carlos Magalhães (Democratas).
Histórico
Porém, atualmente, Kertesz faz oposição à gestão de João Henrique. O radialista já foi prefeito da cidade de 1979 a 1981 (quando foi prefeito “biônico”, indicado pelo então governador ACM) e em 1986 a 1989 (derrotando em eleições diretas o candidato de ACM, Manoel Castro). O radialista não esconde que faz oposição à prefeitura, mas ressalta que sempre deu espaço para o prefeito participar do debate.
A decisão impede os veículos da rede de publicarem "quaisquer alusão e referências explícitas ou implícitas, depreciativas ao nome, a honra, ao caráter, a intimidade, a vida privada e a imagem do autor ou ao cargo que o mesmo ocupa na Administração Municipal, ainda que tais alusões, referência ou imagem venham dissimuladas em personagem caricaturas, participantes, afiliadas ouvintes e outros".
Atentado
“Entrar na justiça é um atentado à liberdade de imprensa. Estamos impedidos de falar o que ele considera ofensivo e a repercussão disso é a pior possível”, explica Kertész. Apesar da decisão judicial pedir o recolhimento dos 30 mil exemplares da revista, o presidente do grupo lembra que todos já foram distribuídos.
Em texto publicado no seu blog, Kertész se refere a João Henrique como “o inominável” ou “aquele-que-não-pode-ser-nomeado”. O prefeito foi procurado pela reportagem, mas seu secretário de comunicação explicou que ele não poderia ser encontrado hoje. Anteriormente, a prefeitura já havia mandado retirar outdoors sobre o lançamento da revista, mas negara ser responsável pelo recolhimento.
Na ocasião, a secretária municipal do Planejamento, Katia Carmelo, explicou à Folha de S. Paulo que havia um decreto que proibia anúncios com chacota "em relação à moral pública e com instituições". Na ocasião, Kertész comparou João Henrique ao presidente venezuelano Hugo Chávez e afirmou que ele desejava "acabar com a liberdade de expressão em Salvador".
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