segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Abuso de poder econômico e promoção pessoal nas barbas da justiça.



Ontem pela manhã a equipe do deputado Alex Testoni resolveu nos presentear gratuítamente com um exemplar quentinho da Folha de Rondônia para o deleite dos cupinxas e puxas sacos de plantão.

Não fosse a matéria de uma página e mais um pouquinho na sessão política, com certeza o comércio de Ouro Preto do Oeste não teria essa grata surpresa em outros dias de seus afazeres, pois bem, em se tratando de domingo, o que acabou pegando mal foi o fato de que o jornal trouxe tanto decepção a população que se indigna cada dia mais pela inoperância dos deputados eleitos pelo município, que além de estarem se tornando mais uma frustrante confirmação de que "político é tudo igual mesmo", ainda vem querer convercer o povo que o fato de estarem desfilando com os seus carrões e helicóptero pelo Estado já é o suficiente para atender as necessidades do povo.

Talvez certos deputados desconheçam que manipulação de massas através da mídia é crime político previsto em lei e que se ainda não conseguiram se sobresair, arrumando algo melhor do que o saudoso Jornal Rondônia, o nosso jornal lembra?

O jeito vai ser esses deputados contratar logo a Rede Globo pra dar a devida assistência e tentar salvar as suas imagens que estão cada dia mais desbotada e bem distante daqueles 13.667 votos que o senhor obteve através de promessas de geração de emprego que até agora não passaram dos 31 paraquedistas que se coçam entre o Gabinete Central e o de Porto Velho.

Enquanto isso, os verdadeiros eleitores e pessoas de bem do município que acreditaram nas suas ilusões de palanque estão se evadindo da cidade aos bandos para procurar outros horizontes em cidades mais promissoras como Machadinho do Oeste, lá pelo menos não existe nenhuma sombra da sua manipuladora organização que possa impedir a outros de se desenvolverem o município sem dar de cara nas suas porteiras.

Quem me dera meu amigo Maycon Tadeu da "Galetos", que está indo embora do município depois de tantos anos de inesquecíveis de luta e esperança ao lado do pai (Celson Tadeu - In Memorian), que eu pudesse lhe dizer que ainda há alguma chance de as coisas mudarem, mas como sou novato e já sofri muito mais que dez de vocês pioneiros juntos nas garras da dominação econômica desse maquiavel, devo apenas lhe dar um grande abraço e desejar que dias melhores sorriam para sua família, pois infelizmente Ouro Preto pode acabar se tornando, após essas eleições vindouras, uma verdadeira fazenda comprada de porteira fechada.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: