sexta-feira, 29 de maio de 2020

3ª morte em Alta Floresta, prefeito re-decreta restrições e Câmara de Vereadores se cala

ALTA FLORESTA NA BERLINDA

Com o novo Decreto, restaurantes, lanchonetes e empresas noturnas deverão funcionar só até as 21:00hs, após esse horário apenas sistema delivery e qualquer cidadão que for pego nas ruas vai precisar de “justificativa excepcional”.

Município se entrega ao medo de ter sua população completamente exposta ao fenômeno da contaminação pelo COVID-19.

Conforme Lei aprovada pela Câmara Municipal de Alta Floresta na forma do Projeto de Lei 003/2020, de autoria do vereador presidente Emerson Machado, no último dia 17/04 (Sexta) e sancionada pelo prefeito Asiel Bezerra, o toque de recolher anterior ordenava que as pessoas parassem as 23:00, porém não haviam registrado nenhum óbito antes.

Na tarde de ontem uma nova edição do Decreto Municipal alterou e antecipou o horário do toque de recolher para as 21:00hs, com a reedição do Decreto Municipal, de Nº 096/2020, no intuito de atender aos apelos de alguns setores da sociedade que passaram a se manifestar contra a permanência de alguns setores comerciais, que segundo eles, teriam uma parcela de “mea-culpa” no aumento das contaminações e consequentemente nos primeiros óbitos quer ocorreram a cerca de 10 dias, tendo a primeira morte ocorrida a cerca de 8 dias, quando um detento de 76 anos veio a falecer no Hospital Regional de Alta Floresta, porém a confirmação da sua morte em decorrência do Covid-19 só foi divulgada na última Quarta-feira (27/05).

Nas últimas 48 horas a tensão e o medo tomou conta das redes sociais e grande parte da população passou a ficar perplexa com a notícia de que em menos de 24hs, mais precisamente na manhã de ontem – 28/05 (Quinta-feira), uma segunda morte teria acontecido, desta vez uma senhora de 73 anos, que também estava internada no Hospital Regional de Alta Floresta e veio a falecer com pouco mais de uma semana de internação.

Na manhã de hoje, Sexta-feira (29/05), em nota enviada ao MatoGrossoAoVivo, a Secretaria Estadual de Saúde  – SES/MT, confirmou a morte pela doença, e a secretaria municipal de Saúde emitiu um comunicado em tom de pesar, relatando que outro detento, de 79 anos, que também estava na lista de contaminados da cadeia municipal, veio a falecer em decorrência do contágio com a doença.

Com o avanço das mortes, na tarde desta Sexta-feira, o prefeito Asiel Bezerra novamente reeditou e publicou o Decreto Municipal, desta vez de Nº 097/2020, estendendo para 31 de Julho de 2020, podendo o mesmo ser prorrogado caso haja necessidade e o aumento das contaminações e mortes.

CONTRA-PONTOS

Enquanto prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, está reabrindo os shoppings, bares, restaurantes e similares até as 22:00, no entanto a prefeitura de Alta Floresta, retrocede em suas medidas, e reedita o Decreto Municipal, que agora é de Nº 096/2020 e 097/2020,  com um novo horário no toque de recolher, o que vai refleti diretamente na forma de penalidade para o setor gastronômico a quem a prefeitura acaba prejudicando como esse fosse o principal responsável pelo aumento dos casos no município.

DADOS ATUALIZADOS HOJE

Apesar de ter havido duas mortes em Alta Floresta, dos 141 municípios mato-grossenses, os que registram os maiores índices da Covid-19, são: Cuiabá com 692 doentes, Várzea Grande tem 218, Rondonópolis está com 170, Tangará da Serra 98, Primavera do Leste 96, Sorriso 75, Lucas do Rio Verde registra 75 infectados, Barra do Garças são 72, Confresa tem 72, Rosário Oeste 42, Jaciara 37, e também Alta Floresta com 37 casos confirmados hoje, mantendo-se o número de ontem (Quinta-feira).

Mas, se compararmos, em uma análise rápida, a população de Cuiabá com 612 547 mil habitantes (655 casos e 8 óbitos), e de Alta Floresta com 51 782 habitantes (37 casos e 2 óbitos), de certa forma, qualquer um assusta-se com a proporção de mortos, mas, para grande parte da população e principalmente o setor produtivo e a classe empresarial, o que falta é a estratégias nos protocolos de segurança e um consenso maior na liberação e funcionamento do comércio, que deve e pode sim ser controlado com normas rígidas de atendimento, porém, não fechado completamente para não causar em crise generalizada na economia local, principalmente em município do interior do Estado.

No meio do tiroteio, com a reedição do Decreto Municipal, o prefeito Asiel Bezerra tenta apaziguar os ânimos atiçados de ambas as partes, de um lado estão as empresas, que estão envolvidas na manutenção da economia do município e do outro a classe trabalhadora, que tem opiniões contrárias sobre os riscos e o grau de perigo real que o município corre caso a normalização do comércio permaneça, mas, será muito difícil de manter essa ordem caso o número de óbitos venha a se elevar nos próximos dias.

REPERCUSSÃO POLÍTICA

Já uma parte da classe política, leia-se os vereadores do município, estão sendo procurados pela imprensa e duramente cobrados pela população, mas, de certa forma “tiraram o time de campo”, após as primeiras mortes em decorrência da doença, e se silenciaram numa espécie de aguardar o compasso das horas.

Já o presidente da Câmara, Emerson Machado, mais uma vez protagonizou um lamentável exemplo de descaso e omissão para com a imprensa, ao ser procurado e questionado pelo repórter Bruno Felipe, do jornal O Diário, além de não se achar na obrigação de dar satisfações a população sobre os último acontecimentos, fez questão de bloquear o repórter por meio do aplicativo whatsapp, provavelmente o vereador procura fugir da responsabilidade que tem de se posicionar contra ou a favor de maiores restrições em meio aos últimos acontecimentos.

E suas última aparição na Câmara Municipal, na sessão desta Terça-feira (26/05), o vereador deixou bem claro que não é a favor do fechamento do comércio em hipótese alguma, mesmo por que é o autor da lei que permitiu a reabertura e a prorrogação do horário para atender as empresas noturnas e aos bancos, de quem é um ferrenho defensor.

As mídias nacionais mandam ficar em casa, mas, não cumprem o que pregam. Não e um discurso verdadeiro, é hipócrita. Nosso comércio está aberto por que tem que trabalhar mesmo, mas, ao mesmo tempo obedecer às restrições.

90% do comércio fecha as 18:00′ , o restante está fechando as 23:30′, e eu acredito que não são esses comércios que estão provocando o aumento dos casos, por isso, não podemos jogar a culpa no comércio noturno.
E o município quem tem que dar um suporte, colocar tenda, cadeiras, álcool e gel e dois banheiros químicos, pois as pessoas estão ficando horas nas filas, pronunciou o vereador.

CLIQUE AQUI E OBTENHA O BOLETIM INFORMATIVO DETALHADO DO GOVERNO DO ESTADO, DE HOJE – 29/05.

 

Nenhum comentário:

Pesquisar matérias no Blog

Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: