quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Esquema de direcionamento valores a empresa de sonorização de Alta Floresta levanta suspeitas lavagem de dinheiro

CAMPANHAS

 

O produtor autônomo nos últimos 5 meses foi o único “vencedor” de orçamentos pagos em despesas diretas, pagas pelo município no total de R$ 23.550,00, com valores superfaturados e serviços mal executados.

 

A suspeita de favorecimento surgiu através de uma simples conversa em um conhecido grupo e Whatsapp de Alta Floresta, quando um dos membros se dirigiu ao empresário Zamar Junior, proprietário da E. B. ZAMAR JUNIOR ME, questionando sobre a realização do evento que recepcionou o governador Mauro Mendes, a convite da prefeitura, no último dia 13 de Agosto, durante sua vinda a Alta Floresta para anunciar investimentos da ordem de R$ 31.341.966,64, em pavimentação asfáltica, bem como a assinatura do convênio de 213 casas populares a serem construídas a famílias carentes do município de Alta Floresta, no último dia 13 de Agosto (Sexta).

Após ser indagado por dois membros no grupo, sobre o fato de ter executado, pela sua empresa, o serviço de sonorização da vinda do governador , mas que porém, que estaria fixado no Portal da Transparência do município, com data do dia 13/8 (Sexta), que o mesmo serviço teria sido executado pelo autônomo Wagner Santos Silva, e o mesmo estaria autorizado a receber o valor de R$ 5.500,00,  por cerca de 4 horas de serviços prestados na manhã daquela Sexta, empresário simplesmente calou-se e desconversou do assunto tentando não entrar no mérito do pagamento.

Procuramos o empresário para entender o porquê sua empresa prestaria serviços, com sua própria equipe, equipamentos e logística de montagem e transporte “de mão beijada”, sendo que o recebimento pelo serviço prestado estaria caindo na conta de seu maior concorrente direto dentro do município, o qual nem no município se encontrava na data do evento?

Para nossa surpresa, o empresário se disse tão confuso quanto nossa reportagem, pois segundo ele, a prefeitura contratou diretamente com ele o serviço, ao custo de 7 mil reais, o que incluiria além da sonorização, um palco montado e um painel de LED, porém, em cima da hora, a equipe do governador dispensou o palco e o painel, obrigando a prefeitura a renegociar os valores com o empresário e assim foi acordado que o serviço sairia por metade do preço original.

LIVE AONDE APARECE O EMPRESÁRIO FAZENDO A SONORIZAÇÃO:

Ao tomar conhecimento do pagamento ao concorrente, por meio da conversa no grupo do Whatsapp, o empresário disse que buscou saber na mesma hora junto ao seu concorrente, Wagner Santos Silva, por que ele estaria listado no Portal da Transparência para receber por um serviço para o qual a prefeitura tinha contratado a sua empresa, e ainda que tivesse alterado a contratação nem antes, nem durante e nem depois do serviço executado na cerimônia do governador ele se quer foi comunicado sobre qualquer alteração no contrato original.

Em resposta, segundo ele, obteve do próprio Wagner Santos Silva, uma afirmação de que sabia de sua participação e titularidade no contrato de prestação de serviço para a prefeitura, porém, que houve “mudança com o pessoal” e ele teria que receber o valor contratado pelas mãos dele.

Indagamos ao empresário Zamar Junior se em algum momento houve algum acordo prévio entre eles de terceirizar ou substabelecer os serviços antes do evento, e o mesmo foi enfático em afirmar que foi pego de surpresa ao tomar conhecimento de que o serviço prestado por sua empresa devidamente discriminado no Portal da Transparência, seria pago ao seu concorrente, ainda mais com valor acima do acordado após a retirada do painel de LED e o palco.

De Maio a Agosto deste ano (2021), o produtor autônomo WAGNER SANTOS SILVA, também conhecido no meio artístico como WSOM – EVENTOS E PRODUÇÕES, foi o único a contemplado pela prefeitura municipal de Alta Floresta, por meio de seu CPF, para executar cerca de 8 serviços de sonorização que fracionados acabaram saindo ao custo de R$ 2.943,75 (Dois mil novecentos e quarenta e três reais e setenta e cinco reais), cada evento, sendo a média de dois a cada mês.

Em valores de mercado, uma aparelhagem de médio porte para atender a um evento de pouco mais de 4 a 5 horas, não custa mais do que R$ 1.500,00 sendo estes muito bem pagos pelo tomador do serviço, de âmbito público ou privado.

No entanto, Wagner Santos Silva, que atuou arduamente na campanha do então candidato Chico Gamba, como produtor direto de todos os eventos, reuniões  internas de equipe e comícios, aonde estabeleceu laços fortes com toda equipe que atualmente ocupa o primeiro escalão do governo municipal, passou a ser contemplado para todas as mais importantes ocasiões e eventos promovidos pelo município, aparentemente como se o fiel aliado de campanha continuasse a merecer pelos dias de sacrifício junto ao candidato.

O engraçado é observar que nos R$ 298.913,57, gastos e declarados na campanha do então candidato a prefeito Chico Gamba, o produtor Wagner Santos Silva não aparece sendo pago por seus intensos dias de campanha em nenhum dos documentos da prestação de contas do candidato, no entanto após a eleição sua rendas não pararam de aumentar ao lado de seu candidato eleito.

O QUE DIZEM O CITADOS

Procuramos o produtor autônomo para ouvir sua versão sobre o ocorrido do direcionamento do pagamento, sendo que o mesmo não executou o serviço no dia do evento e nem no município se encontrava.

Wagner Santos Silva, afirmou que havia um acordo com o empresário Zamar Junior no qual o mesmo assumiria a execução do evento sabedor de que estaria sob a coordenação de sua pessoa.

Ao ser confrontado por nossa reportagem quanto a existência de algum documento existente que pudesse comprovar essa negociação prévia entre as partes, Wagner Santos disse que precisava consulta seu contador, mas, ao informarmos que o empresário Zamar Junior negava a existência de qualquer documento que lhe excluía da contratação da prefeitura, o produtor encerrou a conversa, desligando o telefone, mas antes e disse que só conversaria se fosse nas dependências de “sua empresa”, uma emissora recém inaugurada em Alta Floresta.

Entramos em contato também com o Chefe do cerimonial municipal, Severino Junior, que aparece em imagens de uma live exibida no dia do evento, ao lado do empresário Zamar Junior, acompanhando a sonorização bem como fazendo papel de mestre de cerimônias dos convidados.

Ao ser perguntado via Whatsapp sobre a atípica situação onde um executa e outro recebe, o Sr. Severino Junior respondeu que “as informações não procedem”,  e que “amanhã te procuro para esclarecer”… porém, também não confirmou haver algum contrato ou documento de terceirização entre o empresário Zamar e o Produtor autônomo Wagner Santos Silva.

SERVIÇOS RECEBIDOS E NÃO EXECUTADOS

No mês de Maio, o produtor que também se auto intitula “Wsom – A Máquina Sonora”, recebeu a bagatela de R$ 16.100,00 (Dezesseis mil e cem reais) limpinhos da prefeitura, sem pagar ISSQN ou qualquer outra taxa ao município, no propósito de executar 10 eventos de sonorização e produção em uma campanha intitulada “PREVINA-SE”, de distribuição de remédios a pessoas de bairros carentes, oferecidos e doados por empresários da cidade que se uniram e compraram os medicamentos de prevenção contra a Covid-19, porém, passados 5 eventos, os remédios acabaram e a prefeitura interrompeu os eventos sem data para realização dos restantes, arcando assim com o desfalque de R$ 8.000,00 repassados a “Máquina Sonora”, que ficou com o suado dinheiro dos impostos pagos pela população em seu bolso como se não tivesse nenhum valor a reembolsar, tudo isso passou batido e obviamente, nem prefeitura e muito menos o produtor fizeram questão de lembrar, afinal, o que passou, passou…

NOTA FISCAL DO PAGAMENTO DO EVENTOS “PREVINA-SE” (MAIO DE 2021):

NFSE_63_12694918000167

CLIENTELISMO EM SÉRIE

É importante salientar que além das constantes contratações do mesmo CPF, a prefeitura de Alta Floresta se serve agora de um espaço dedicado dentro de uma emissora de TV, cujo produtor autônomo Wagner Santos Silva apresenta-se como um de seus sócios proprietário, para exibir lives de campanhas sociais, como se fosse uma extensão da cozinha do executivo municipal.

Durante o mês de Agosto, pelo menos duas lives, e agora, uma a cada semana, em estúdios de alto padrão tecnológico em horário nobre foram exibidas e retransmitidas pela emissora, com entrevistas que contaram com a presença dos delegados Dr. Vinícius Nazário (municipal) e Dra. Ana Paula Reveles (Regional), além do promotor de Justiça, Dr. Daniel Luiz dos Santos, além de vereadores e a própria secretária municipal de Cultura, Elisa Gomes no comando do programa televisionado e amplamente divulgado nas redes sociais de setores da prefeitura, como a Conselho Municipal da Mulher.

Nada se sabe ainda qual a vantagem obtida pela emissora, cujo o produtor autônomo é sócio, para dedicar tamanha audiência a eventos de iniciativa de membros de autarquias, secretarias do executivo municipal, com exclusiva participação convidados que debatem sobre temas de programas sociais promovidos pela própria prefeitura.

SUSPEITAS CRIMINAIS

Em se tratando de um ente receber em nome de outro, e com isso auferir divisão de valores por interesses promíscuos, as autoridades podem muito bem começar a prestar atenção no que vem acontecendo junto aos personagens envolvidos nessa pornográfica história de sucessão de serviços, o que poderá muito bem ficar claramente caracterizado como lavagem de dinheiro, e por isso tanto o Ministério Público estadual quanto a Controladoria Geral do município deveria estar atentas aos contornos que este caso inspira.

Agora, caso fique constatado que tanto um, quanto outro ente envolvido, que no caso tenham combinado valores e negociado a forma e a porcentagem de lucro para cada parte, a possível prática de Cartel não poderá ser descartada, até mesmo pelas autoridades policiais que também podem se sentir provocadas a desvendar os por quês de tanta amistosidade entre a concorrência do setor de produção audiovisual em Alta Floresta.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: