quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Servidores de escola rural de Alta Floresta transformam pátio escolar em "chácara particular" e criam até galinhas

CAMPANHAS CAMPANHAS

 

O caso se dá na Escola Municipal Castelo Branco, na vicinal Quinta Oeste, zona rural de Alta Floresta e há décadas é suportado por pais de alunos que resolveram denunciar a ocupação.

As denúncias de um situação no mínimo inusitada, que já vem se arrastando há mais de 10 anos, segundo informações de moradores da região, que tem seus filhos estudando na escola, tomou corpo no último mês de Agosto, com a notícia de que as aulas recomeçariam a partir de Setembro.

Diversas imagens de ocupação do espaço público, de forma indevida e irregular chegaram até nossa reportagem, retratando uma situação que poderia sim ser considerada no mínimo abusiva, trata-se da presença de três servidores municipais, um guarda de nome Florêncio, e um casal de professores (Renata e João Paulo), que não se sabe por quais razões, vieram a residir em uma casa construída dentro do pátio da escola rural, que na teoria deveria ser apenas utilizada para acolher os alunos e profissionais da educação em período de atividade escolar.

O fato é que, dentro do terreno da escola, além da residência, aonde mora o vigia e aos fundos o casal de professores, que segundo a comunidade é protegido da diretoria da escola e tem “costas quentes” com um certo vereador na cidade.

O espaço aonde deveria estar funcionando exclusivamente como pátio da escola foi totalmente cercado, e transformado em quintal particular dos “residentes”, sem qualquer autorização expressa ou documentada pela prefeitura, porém, nunca foram incomodados, pelo menos em gestões anteriores.

Um das maiores reclamações dos moradores que percebem os abusos cometidos pelos servidores “protegidos” da escola, é que em época de aula, os professores produzem alimentos, que são assados por conta própria e vendidos as crianças que frequentam as aulas, como se tivessem alguma autorização nutricional para fazê-lo.

Em muitos casos, a maioria das crianças que não tem condições de pagar pelos salgados vendidos , no horário da merenda das crianças, acabam passando vontade enquanto os coleguinhas comem os quitutes produzidos pelos servidores ‘agraciados”com a moradia gratuita.

Além de residirem e ocuparem o espaço que lhes aprouver, os mesmos usufruem confortavelmente sem pagar aluguel, do telefone, da internet, da energia elétrica e água potável da escola, para lavar e passar suas roupas, limpar casa, lavar o veículo particular, retirar a água pela bomba elétrica sem falar no consumo incessante de energia 24 horas por dia, que em alguns casos são chamados a atenção por deixarem as luzes acesas, mas, como não eles quem pagam as contas, dão de ombros para quem reclama.

A boa vida desfrutada pelos 3 servidores, já é coisa tão escrachada perante a comunidade, que os mesmo nem disfarçam mais suas pretensões de continuarem morando no espaço público enquanto a “sorte” lhes sorrir, pois para não deixar que o veículo venha a tomar sol ou chuva, um espaçoso “puxadinho” de lona foi feito a partir das salas de aulas de informática, na forma de garagem privada dos morados oficiais da unidade de ensino municipal.

Segundo os denunciantes, o servidor que deveria fazer o papel de vigia da escola (Florêncio), praticamente só vem pra dormir, pois além de receber mensalmente seu salário do município, ele utiliza seu período diurno para trabalhar em diárias, em período de serviço público, aonde retira um extra para complementar sua renda.

Pra completar, em tempos de pandemia, apesar de estarem com os salários em dia, os empoderados casal de servidores (Renata e João Paulo), decidiram formar um pequeno galinheiro em seu quintal reservado, para suprir algumas necessidades em tempos de paralisação das atividades escolares, ou seja, o pátio da escola tornou-se um pequeno empreendimento privado de agricultura familiar.

Em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Alta Floresta SME/AF, para conversarmos com a Secretária Lucineia Martins de Matos, não conseguimos obter respostas sobre as liberalidades concedidas aos servidores daquela unidade municipal de ensino, antes do fechamento desta matéria, mas, continuamos aguardando quanto aos esclarecimento de por que tamanho benefício a alguns poucos servidores, enquanto 99,9% dos demais servidores municipais precisam ralar todos os dias e bancar suas contas por meio de seus salários sem nunca terem sidos contemplados com tanta generosidade do município?

E ainda, quem seriam os tais “padrinhos” que tem permitido há tanto tempo que as costas quentes destes servidores abençoados pela sorte nunca fossem “esfriadas”?

FOTOS DO LOCAL ONDE DEVERIA FUNCIONAR APENAS A ESCOLA TRANSFORMADO EM MORADIA:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: