quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Crise na Politec de Alta Floresta pode ser agravado com saída do único legista em atividade

Cansado de carregar nas costas a enorme demanda de casos da região de Alta Floresta, o atual legista do município não descarta a possibilidade de pedir exoneração por perceber o descaso do Estado para com o município.

Em entrevista concedida ao repórter Guilherme Paz, da TV Nativa (Record), de Alta Floresta, o médico legista Dr. Paulinelli F. Martins, que atua na Politec de Alta Floresta8 anos, pela primeira vez veio a público relatar as dificuldades que vem encontrando sozinho e acumulando sozinho cargas horárias ha mais de dois anos devido a saída de outro colega que deixou a unidade da Politec, sem que a vaga tivesse sido preenchida.

A situação precária de Alta Floresta que já se arrasta há quase mais de mais de 6 anos sem alteração no quadro de legistas que até o momento seria de no máximo dois, se agrava mais ainda com a deficiência a demora do Estado de Mato Grosso em resolver a questão, que ano após ano, só recebe promessas do governo e nunca vê a solução aplicada.

Ao todo, a Politec de Alta Floresta, que é uma unidade regional atende a mais 4 município, entre eles Paranaíta, Carlinda, Nova Bandeirantes, Apiacás e em alguns casos absorvendo até demandas do município de Colíder, causando uma sobrecarga desumana sobre o profissional médico que já não suporta mais ficar calado.

Conforme ele mesmo lembro, recentemente foram aprovados 16 médicos e convocados apenas 8 no último concurso público do Estado, porém, nenhum destes foram designados a município de Alta Floresta apesar de toda cobrança que vem sendo feita nos últimos 5 anos, pelo drama que a região tem atravessado com esta deficiência profissional.

Apesar da espera de quase 10 anos, chega a ser cruel para com Alta Floresta e região saber não há uma só resposta por parte do Estado de Mato Grosso, que literalmente abandonou a região e virou as costas para as inúmeras petições e apelos dos mais de 300 mil habitantes que compõem as cidades atendidas.

A única previsão recebida ainda no dia de ontem, devido a coincidente passagem do Diretor Geral da Politec no Estado, Rubens Okada, que esteve presente na unidade, na companhia do prefeito municipal, Chico Gamba e a direção da unidade, aonde veio trazer como resposta ao município que “talvez” nos próximos meses poderá haver a indicação de outro médico legista para atender a demanda regional, mas, nada de concreto foi firmado com os presentes na reunião.

O que mais pesa em toda essa situação é ver a humilhação e vergonha perante a sociedade estampada na cara dos agentes e profissional que constantemente tem que dar explicações vazias sem qualquer expectativa de ter os anseios atendidos pelo Estado que se omite sem qualquer respeito ao sofrimento das pessoas atingidas, enquanto isso a população segue refém desta explícita falta de competência e desdém por parte daqueles que tem o poder de resolver e não querem resolver.

ASSISTA A ENTREVISTA COM O MÉDICO LEGISTA DA POLITEC DE ALTA FLORESTA:

DANNY BUENO

@matogrossoaovivo

#AltaFloresta #MatoGrosso #descasopolítico #PolitecMT #MauroMendes #GovernodeMatoGrosso #médicolegista 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: