quinta-feira, 15 de agosto de 2024

O que está por trás da Agenda 2030, que o vice de Chico Gamba "aplicou" no município

O que é a agenda 2030 da ONU e os riscos que ela representa?

Em Alta Floresta o programa foi inserido sem a consulta ou audiência pública, pelo então ambientalista e secretário de gestão Robson Quintino, que induziu várias empresas e a Câmara municipal a acreditarem e participarem do “canto da sereia”, num total de 16 áreas “reservadas” e mais de 50 hectares no perímetro urbano inseridos no projeto de apropriação de áreas municipais, tendo como justificativa a “salvação  e preservação das áreas e reservas municipais”, por meio de “padrinhos” locais e  internacionais, tendo a marca da Agenda 2030 exibida em várias placas de projetos ambientais espalhados pelo município administrada pelo prefeito ruralista e empresário do agro, Valdemar Gamba (Chico Gamba).

Em todo Brasil, apenas nove cidades adotaram esse programa ambiental alemão, entre elas Alta Floresta, que é regido por uma Fundação Alemã (ONG), sediada em Eschweiler, que tem a finalidade de tornar-se detentora dos espaços ambientais, apropriando-se das reservas por meio de acordos “para-diplomáticos” em um “Acordo de Intervenção do Território de Alta Floresta” com o município.

VÍDEO DA AGENDA 2030 SENDO IMPLANTADA NO MUNICÍPIO EM 2022: 

 

 

VÍDEO MOSTRA ADMINISTRAÇÃO DA AGENDA 2030 NO MUNICÍPIO:


 

Em Dezembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) vetou a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ao aprovar o Plano Plurianual da União (PPA), que compreende os anos de 2020 a 2023. Na época, o Bolsonaro escreveu em suas redes que “dentre as ‘metas’ da agenda 2030, estão a nefasta ideologia de gênero e o aborto, sob o disfarce de ‘direitos sexuais e reprodutivos'”.

Três anos depois, em meio às discussões acerca das medidas sanitárias internacionais tomadas por causa da pandemia da Covid-19, os debates acerca do papel da comunidade internacional na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, entre outros, o “burburinho” em torno do assunto está de volta.

Mas do que se trata, afinal, a agenda 2030 da ONU?

Chancelada em 2015, a Agenda 2030 apresenta uma lista de metas para que o mundo chegue ao ano de 2030 “mais próspero e menos desigual”, segundo o documento divulgado pela organização. Trata-se de 17 objetivos gerais subdivididos em 169 metas a serem alcançadas pelos países signatários até 2030. Na ocasião, 193 líderes mundiais se comprometeram a implementar a lista, assinando a Resolução 70/1. No caso do Brasil, foi referendado pela gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Não se trata, contudo, de uma iniciativa completamente nova: a Agenda 2030 da ONU remonta às discussões da Conferência de Estocolmo, em 1972, quando se ouviu pela primeira vez o termo desenvolvimento ecológico sustentável, que seria formalizado na década de 1980.

Vinte anos depois, a Assembleia da ONU em Nova York define os “objetivos do milênio”, para serem alcançados até o ano de 2015. Composto por 8 metas com 15 “submetas”, o cumprimento destas pautas seria avaliado considerando toda a década de 1990.

Finalmente, em 2015, uma nova Assembleia Geral das Nações Unidas deliberou pela criação de uma lista mais abrangente. Diferente do primeiro acordo, a Agenda 2030 é um tratado multilateral que envolveu todos os países integrantes.

Armadilhas e pautas ocultas 
A lista reúne objetivos louváveis, embora um tanto genéricos, como “erradicar a pobreza e a fome”, “educação e saúde de qualidade”, “crescimento econômico”, e outros bastante controversos, que geralmente escondem “armadilhas”, como “igualdade de gênero” e “ação climática”. Mesmo entre as metas que teoricamente deveriam ser unânimes, várias são passíveis de múltiplas interpretações e de diferentes vias de ação para alcançá-las.

Entre as novidades que o documento apresenta menções à proteção à água, aos oceanos e ecossistemas, além do item responsável pelas discussões mais aguerridas a respeito da pauta: a igualdade de gênero. Sem nenhuma menção, por exemplo, à causa LGBT, e versa principalmente sobre o combate à exploração sexual e o acesso de meninas e mulheres ao estudo e a melhores condições de trabalho.

O documento também menciona explicitamente a aplicação do acesso das mulheres à educação sexual e a métodos de proteção contra DSTs e gestações indesejadas, dentro do que se entende por saúde sexual e direitos reprodutivos. Ainda que não haja menção explícita ao aborto, sabe-se que a prática é considerada um destes “direitos” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos braços da ONU.

No encontro anual da Comissão da Condição da Mulher, da ONU, a Organização Mundial de Saúde publicou suas novas diretrizes sobre o aborto, pedindo “total descriminalização” do aborto; que o aborto esteja disponível conforme “a solicitação da mulher, menina ou outra pessoa grávida”; e o uso de telemedicina para “fornecer serviços médicos de aborto integrais ou parciais.”

STF quer implantar a Agenda 2030 
Ainda que os países tenham liberdade para aplicá-la como quiserem, não se pode negar, entretanto, que a Agenda 2030 exerça influência sobre as nações, inclusive em instâncias além dos poderes legislativo e judiciário. No Brasil, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF) tenta aderir à Agenda 2030 desde 2020, sob a presidência do ministro Luiz Fux. “A indexação do selo de ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) tem sido interpretada por esta presidência como critério preferencial para a inclusão de ações em pauta”, disse ele, na ocasião.

A Gazeta do Povo mostrou como o STF está fazendo avançar pautas da Agenda 2030 sem o aval do congresso. No início de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou uma parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para, entre outras coisas, acelerar a identificação de ações que tenham relação com um dos 17 itens da Agenda, como Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas e Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos.

O problema, assim, se torna claro. A Agenda 2030 só tem legitimidade se for adotada por um desejo legítimo do eleitorado brasileiro, o que não parece ser o caso, afinal de contas, nenhum parlamentar foi eleito prometendo defender as metas da ONU.

Quando o STF implementa essa Agenda sem discussão, acaba assumindo para si uma tarefa que não é sua, impondo pautas progressistas à revelia do desejo da população brasileira.

MATÉRIA COMPLEMENTAR PUBLICADA NA: GAZETA DO POVO – LINK



 

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: