Antonio Ermírio de Moraes

Ricardo Allan - Correio
O Brasil tem 18 bilionários, segundo a revista Forbes, que divulgou quinta-feira sua lista completa dos mais ricos do mundo.
Além do crescimento da economia e do dinamismo dos negócios, os brasileiros foram beneficiados por um fator meramente contábil: a desvalorização do dólar frente ao real, que foi de 22,2% no ano passado, inflou os valores dos empresários (o ranking é feito com base na moeda norte-americana).
O patrimônio do primeiro brasileiro na lista, Antonio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, cresceu de US$ 3,9 bilhões para US$ 10 bilhões. Ele ocupa a 77ªposição (veja quadro abaixo).
A fortuna da família Steinbruch, dona do grupo têxtil Vicunha e do Banco Fibra, também cresceu.
A matriarca Dorothea Steinbruch, 160ªno ranking, teve o patrimônio triplicado em um ano, passando de US$ 1,8 bilhão para US$ 6,1 bilhões.
As principais inclusões neste ano foram do presidente da EBX, Eike Batista (142º lugar, com patrimônio de US$ 6,6 bilhões), e do vice-presidente executivo da Porto Seguro Seguradora, a maior empresa do setor no país, Jayme Garfinkel (843 lugar, com bens no valor de US$ 1,4 bilhão).
A lista também contou com a saída dos membros da família Constantino, dona da companhia aérea Gol.
Cada um dos quatro irmãos tinha no ano passado uma fortuna de US$ 1,1 bilhão, mas saíram devido aos resultados da empresa e a desvaloriação de 48,02% das ações do grupo.
MAGO
O multibilionário norte-americano Warren Buffett, mago dos investimentos, desbancou Bill Gates no topo da lista.
Dono de uma carreira singular, sua voz é respeitada nas rodas políticas e econômicas.
Os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, aguçaram os ouvidos quando Buffett garantiu, nesta semana, que o país já está em recessão.
Até gigantes das finanças, como George Soros, prestam atenção nos movimentos de Buffett, um norte-americano com cara de vovô apelidado de ‘‘oráculo de Omaha’’, cidade do estado de Nebraska onde nasceu há 77 anos.
A estratégia de aplicações montada por Buffet para a Berkshire Hathaway, companhia de investimentos que preside, valorizou a carteira da empresa.
O patrimônio de Buffett cresceu US$ 10 bilhões em um ano, atingindo US$ 62 bilhões, o que o alçou do número 3 à primeira posição do ranking das grandes fortunas.
O dono da Microsoft, Bill Gates, que ostentava o título havia 13 anos, caiu para o terceiro lugar (US$ 58 bilhões).
Ele foi ultrapassado pelo mexicano Carlos Slim, presidente do conglomerado de comunicações Telmex, cujo patrimônio aumentou em US$ 11 bilhões em um ano e chegou a US$ 60 bilhões.
Buffett é um nome conhecido entre os homens de negócio, mas que ainda passa relativamente incógnito entre o grande público.
Tem comportamento discreto e foge dos holofotes da vida do jet set internacional.
Ele fez fortuna comprando empresas do ramo produtivo ou financeiro. Sua estratégia é um misto de ousadia e conservadorismo bastante pessoal.
Ao mesmo tempo em que foge das ofertas iniciais de ações, evitando aplicar dinheiro em empresas que estão abrindo o capital, afirma que colocar todos os ovos numa única cesta pode não ser um mau negócio.
O executivo virou guru dos seus pares e um deus para os estudantes de administração mundo afora.
Seus conselhos estão espalhados em vários livros, sendo O Tao de Warren Buffet o mais recente.
Publicado no Brasil no início do ano, o livro traz 125 máximas aplicadas aos negócios. A maior parte delas mostra bom humor e pensamento incisivo:
‘‘Você deve investir seu dinheiro numa empresa que até um idiota consiga administrar, porque um dia um idiota o fará’’, ‘‘Eu seria um mendigo nas ruas com uma caneca de lata se os mercados fossem eficientes’’ e ‘‘Uma diversificação ampla só é requerida quando os investidores não entendem o que estão fazendo’’.
Segundo dos três filhos de um político que chegou ao Congresso, Buffett mostrou facilidade com os cálculos e tino para os negócios desde a infância.
Algumas histórias sobre ele chegam a ter conotação de lenda, como a vez em que comprou seis refrigerantes na mercearia do tio e os revendeu no mesmo dia com lucro de 20%.
Aos 11 anos, estreou no universo das companhias comprando três ações de uma companhia por US$ 38, que logo depois caíram para US$ 27.
Paciente, só as vendeu quando elas chegaram a US$ 40. Mas se arrependeu, pois elas subiram até US$ 200.
‘‘Fiz meu primeiro investimento aos 11 anos. Eu vinha desperdiçando a minha vida até então’’, disse.