terça-feira, 21 de maio de 2019

Prefeito de Alta Floresta veta revogação que destituía teto de um salário mínimo para servidores e projeto volta para votação na Câmara

Alegando invasão de competência, o prefeito de Alta Floresta não sancionou a revogação votada na Câmara que traria de volta a estabilidade salarial ao quadro funcional de servidores da administração pública municipal.

Com o veto a revogação aprovada o prefeito racha sua base aliada e agrava mais ainda a desarmonia com a Câmara Municipal.

Mesmo após a revogação ter sido votada por unanimidade pelos 13 vereadores, bastava apenas que o prefeito sancionasse o projeto para trazer de volta a contratação de servidores por salários mais justos e compatíveis com as categorias, e assim, tentar harmonizar os setores basilares da prefeitura que são os maiores responsáveis pelo bom funcionamento operacional da máquina pública, que são o setor de obras, saúde e educação.

Mas, contrariando as expectativas dos servidores mais otimistas, Aziel Bezerra não só vetou a revogação aprovada pela Câmara, como ainda acusou os vereadores de estarem querendo fazer o serviço do executivo, ou seja, alegou a “invasão de competência”, que estabelece os limites que cada poder tem para desempenhar seu papel na ordem administrativa do município.

Com isso, além de não mexer um milímetro nos valores dos salários de contratação de servidores, aqueles que detém qualificações que possibilitam ganhos mais dignos, o prefeito de Alta Floresta dá um duro golpe na relação de harmonia com a Câmara de Vereadores, coisa que já não estava lá aquelas coisas.

O projeto que revogava os valores dos salários, de autoria do vereador Dida Pires (PPS), crítico ferrenho da cambaleante administração Aziel Bezerra (MDB), volta agora para a Câmara Municipal, aonde será novamente votado para a quebra do veto do prefeito ou a continuidade dos valores de um salário mínimo, como teto para a contratação de servidores com salários de mercado profissional bem acima de R$ 998,00.

Sem dúvidas alguma a administração Aziel Bezerra ficará marcada como a mais controversa e impopular de todas, superando até mesmo a sua administração anterior que já vinha marcada por dissabores com a maioria dos servidores, que não conseguiram a realização de um segundo concurso público prometido desde a primeira gestão.

Bastasse agora que o prefeito Aziel Bezerra acatasse a revogação da Câmara e desse uma enxugada nos cargos comissionados de alguns apadrinhados pela classe política, com salários exorbitantes em funções que pouco fazem além esperar cumprir o horário de ir pra casa, e não adianta ratear comigo que se bobear acabo colocando aqui na coluna uma lista de nomes de pessoas que ganham por 5 servidores de um salário mínimo e servem pra praticamente nada no quadro administrativo da prefeitura, além de não possuírem a qualificação necessária para o posto que ocupam.

Se fizessem isso, sobraria sim um bom dinheiro para contratar pessoas que realmente servirão com esteio para o município, mas, se não fez agora é ver aonde fica o “bril” dos vereadores que foram afrontados com o “passa moleque” do chefe do executivo, que os acusou de estarem metendo o nariz na roça dele.

 Na verdade, o blefe do prefeito só serve mesmo de pura cortina de fumaça, pois ele bem sabe que, legislativamente, os vereadores tem sim todo o poder de desfazer aquilo que eles mesmo criaram, apenas pretende ganhar tempo para chegar perto do prazo, em que obrigatoriamente, já assumiu junto ao TCE e Ministério Público a realização de um novo concurso público nos próximos 90 dias, e com isso dar uma aparência de que ainda tem fôlego administrativo pra cantar de galo em sua cozinha.

Como sempre, o povo e a classe trabalhadora do município que deveria ser a mais respeitada e valorizada fica no meio da queda de braços e astúcias dos políticos que guiados por delinquentes cegos, caminham em direção ao abismo da ignorância e concordância de que de tanto mentir a si mesmos acabam por acreditar que estão fazendo o bem, quando na verdade estão fazendo o mal.

OUÇA O ÁUDIO DA SESSÃO ORDINÁRIA DESTA TERÇA (21/05/2019):

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: