segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Vereadores de Alta Floresta recuam e obrigam líder do prefeito a retirar projeto de doação de terreno a empresa

O proprietário da empresa tentou dar a última cartada com reunião a portas fechadas com os 13 vereadores do município.

Para evitar a derrota no placar de votação o projeto retornou a prefeitura que apresentará em momento mais “oportuno”.

Marcada para começar às 9:00hs da manhã, os vereadores estiveram reunidos com o proprietário da empresa, Leonardo Marcondes, na sala de reuniões da Câmara Municipal por cerca de mais de uma hora, na tentativa de convencer os votos contrários sobre a viabilidade de seu projeto. A demora causou um enorme desconforto e demonstrou extremo desrespeito ao público presente que compareceu no horário marcado pela presidência da casa.

Após longa espera do público, que compareceu em bom número, por se tratar de uma Segunda feira pela manhã, quando muitos tem dificuldades de comparecer devido as obrigações diárias comerciais e profissionais, a “sessão extraordinária” começou e logo foi interrompida por um intervalo regimental, que teve sua retomada apenas às 10:30 da manhã.

Com um clima tenso de cobranças no ar, a líder do prefeito Asiel Bezerra, vereadora Aparecida Sicuto (PSDB), cumpriu o que já havia ventilado nos bastidores para imprensa presente, ou seja, retirou o projeto da ordem do dia devido a enorme repercussão popular e com isso livrando os vereadores favoráveis do linchamento moral perante a população em plena véspera de ano eleitoral.

Na verdade, o que aconteceu foi nada mais, nada menos que um adiamento temporário, com riscos de voltar o projeto a qualquer momento para a pauta de votação na ordem do dia dos vereadores, tudo a depender da vontade do presidente da Câmara, que pode assim que receber novo pedido de apreciação da prefeitura reconvocar os vereadores para outra sessão extraordinária, ainda este ano, após o recesso até o dia 31 de Dezembro dentro de seus prerrogativas legislativas legais.

Resta agora, aguardar os próximos movimentos da prefeitura que optou por uma recolhida estratégica para não acabar o ano com a fama mais desgastada do que já está, mas, a população precisa estar de “orelha em pé” para não ser pega de surpresa, na surdina, como alguns outros projetos já foram manipulados no passado por essa atual administração, sem 0800 é lógico, pois, como já dizia Maquiavel antes mesmo de todos nós nascermos:

– “Os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha”. – “Toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir”.

OU

– “A ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela”.

LÍDER DO PREFEITO RETIRA PROJETO APÓS ORIENTAÇÃO DO PRESIDENTE DA CÂMARA:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: