quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Empresa que tenta "ganhar" terreno faz uso não autorizado de imagens de fábrica do Paraná para se promover

O mais interessante é ver que o primeiro a soltar as imagens nos grupos sociais na noite de ontem foi o presidente da Câmara de Vereadores, Emerson Machado, que segundo informações é o principal defensor do projeto da empresa na Casa de Leis.

Presidente da Câmara faz papel de promotor de marketing da empresa que ele vai votar.

Na tarde de ontem, por volta de 17:47hs, o presidente da Câmara de Alta Floresta, Emerson Sais Machado, soltou em grupos de Whatsapp imagens das páginas de um jornal local com um texto de esclarecimentos por parte do interessado no terreno, Leonardo Marcondes Rodrigues Farias, que se diz proprietário da empresa, aonde tenta convencer a todos que o local escolhido para a instalação da empresa é o ideal para a concretização do projeto, por não estar “dentro” do Jardim Europa, e sim a 300 metros da MT 208.

O vídeo da empresa também faz alusão ao recolhimento de impostos gerados ao município que passariam de cento e vinte mil ao ano para um milhão e quinhentos reais ao ano.

Além das matérias dos jornais, o presidente da Câmara soltou uma vídeo em forma de campanha publicitária de marketing, com imagens impactantes que dão ilusão de que a fábrica a ser montada será exatamente igual ao que aparece no vídeo.

Até aí tudo bem, se não fosse uma clara demonstração de má fé, tanto de quem produziu, quanto de quem publicou nas redes sociais, sendo que qualquer empresa pode produzir peças publicitárias para alcançar o maior número de clientes, desde que o faça com produção própria e ou com autorização dos autores e proprietários de imagens que circulam na internet, pois mesmo que estejam a disposição de qualquer pessoa, não significam que estejam liberadas para o uso em comum e pior ainda se for por interesses comerciais.

E foi exatamente o que empresa Decomar fez, e ainda contou com uma forcinha do presidente da Câmara, Emerson Machado, para propagar o erro em larga escala por meio dos grupos de Whatsapp, o que se sabe, no universo incalculável de pessoas que compartilham isso se torna uma verdadeira epidemia virtual, daí nascendo a expressão “viralizou”, até pouco tempo utilizada apenas no meio científico.

O fato é que, pra causar maior poder convencimento e impressionar até mesmo os mais céticos sobre o caso, a empresa meteu os pés pelas mãos e produziu um vídeo, de apenas 1:22″ (Um minuto e vinte e dois segundos), aonde mais da metade das imagens seriam de um gigante nacional do mercado de móveis, que é o Grupo Simonetto, fundada em 1987, em Ampere, no interior do Paraná, com 32 anos de mercado, usando ainda a marca e a imagens dos funcionários da empresa como fonte ilustrativa de suas boas intenções no município.

Pois bem, acontece que ao fazer isso, a Decomar, na pessoa de seus proprietários e de seus “aliados políticos”, incorreram em graves delitos que regem o princípio da propriedade intelectual e da ética no meio publicitário e jornalístico, que prima sempre pela preservação absoluta dos direitos autorais e das produções artísticas, tanto no campo audio-visual quanto da escrita.

Em contato com a direção da empresa Simonetto, tomamos conhecimento que a mesma já havia sido comunicada sobre a propaganda enganosa, sendo propagada com o uso indevido de suas imagens e já tomou todas as medidas judiciais e policiais para poder conter o uso das imagens que estão circulando em Alta Floresta, Carlinda, Paranaíta e toda região, conforme a própria empresa se declara alcançar.

Segundo o setor jurídico da Simonetto, na pessoa do Dr. Gabriel Vivian, representante Sr. Ivan Simonetto, presidente do grupo, com quem conversamos pessoalmente também, um boletim de ocorrência já foi registrado no Paraná, e será encaminhado para a Polícia Judiciária Civil de Alta Floresta, com recomendações ao Ministérios Público, para que sejam apurados os crimes constantes no vídeo produzido pela Decomar.

O presidente da empresa, afirmou que em nenhum espaço de tempo ou lugar, foi permitido ou autorizado o uso das imagens da empresa, por quem quer que seja, e se mostrou extremamente irritado com a ação, no mínimo desleal, da empresa que tenta atrair interesse para seus projetos se valendo de artifícios ilegais.

Diante dos fatos, algumas perguntas pontuais ficam martelando a cabeça dos cidadãos de Alta Floresta, tais como:

1 – Por que esse interesse tão grande do presidente da Câmara em querer que essa empresa tenha seu projeto aprovado da forma como foi concebido, sem alterar qualquer ponto, inclusive atuando de defensor do projeto?

2 – Por que o proprietário da empresa insiste tanto que a empresa só seja instalada no local residencial escolhido pela prefeitura, sem margens para se indicar um outro local mais condizente com plano diretor do município?

3 – Será que após todo esse envolvimento o presidente da Câmara vai ter coragem de colocar em votação o projeto antes do fim do ano que é o prazo permitido para doações antes do ano eleitoral?

4 – Com imóveis comprados tanto no Hamoa Resort, local mais valorizado da cidade e região, por que será que os proprietários da empresa acham tão caro a compra de lotes para a implantação da própria empresa, que segundo eles vai ter um faturamento milionário?

VEJA O VÍDEO ENVIADO PELO PRESIDENTE DA CÂMARA AOS GRUPOS DE WHATSAPP:

VEJA AGORA O VÍDEO ORIGINAL DA SIMONETTO DE ONDE AS IMAGENS FORAM EXTRAÍDAS SEM AUTORIZAÇÃO:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: