terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Alerta para explosão de casos de Covid em Alta Floresta e região preocupa a saúde pública

SAÚDE A BEIRA DO COLAPSO

O vídeo com o primeiro pronunciamento do prefeito eleito de Paranaíta, retrata a gravidade que aquele município e principalmente Alta Floresta e demais cidades correm com o salto assombroso no número de casos nos últimos 15 dias.

O período chuvoso agrava ainda mais os casos de contaminação pela Covid-19.

Em recente vídeo enviado via página do Facebook da prefeitura de Paranaíta, o prefeito eleito, Osmar Mandacaru, a secretária de saúde, Andréia Fabiana dos Reis e o reitor  e diretor eleito do campus da IFMT de Alta Floresta, professor Júlio, ambos foram taxativos em afirmar que a situação é gravíssima e todos devem colaborar para evitar a falência do sistema público de saúde.

Para quem acompanha diariamente os boletins epidemiológicos emitidos pela secretaria municipal de saúde de Alta Floresta e demais municípios já tem uma noção assustadora do crescente aumento no número de contaminados com a Covid-19, que saltou de 20 a 25 casos ativos por dia na primeira quinzena de Dezembro, com um total de 26 óbitos desde o início dos registros, para a exorbitante marca de 101 casos ativos no boletim do ontem 04/01, e um novo óbito registrado nas últimas 48 horas em Alta Floresta.

O alerta emitido no vídeo, pela prefeitura de Paranaíta na tarde de ontem 04/01 (Terça), corrobora as impressionantes imagens de sobrecarga nas filas dos postos de saúde de Alta Floresta, em especial o Posto de Saúde Ana Neri, que neste início do mês de Janeiro praticamente triplicou o número de atendimentos, inspirante enorme preocupação na população em geral.

Em sua fala no vídeo, o reitor da IFMT, Professor Júlio, diz que a situação é seríssima, pois a entidade é principal responsável pelas análises das amostras dos casos suspeitos na região, e nos últimos dias cerca de mais de duzentas amostras e cerca de 50% dos casos testaram positivas com Covid-19.

Com essa projeção, o diretor da IFMT estima que para os próximos dias cerca de 50 novos casos de contaminação diária possam vir a surgir em Alta Floresta, já em Paranaíta a secretária de saúde estima que serão cerca de 20 novos casos diários, sendo que mais de 80% da capacidade dos leitos de UTIs e de atendimento emergencial já estão comprometidos tanto em Alta Floresta quanto em Paranaíta.

Segundo o Professor Júlio, esses casos são reflexos ainda das festividades do Natal, que ocorreu há cerca de 10 dias, e é apenas uma fração dos reflexos que virão com os novos contaminados nas festividades do ano novo, que serão constatados a partir do dia 10/01 e que poderão trazer números incontroláveis de novos casos. Ainda para essa semana, estão sendo aguardados cerca de 80 novos exames que ainda não devolvidos e certamente trarão números mais drásticos sobre a situação.

O prefeito e a de saúde de Paranaíta lembraram a todos que o setor público dos municípios são limitados e podem sofrer um verdadeiro colapso com o aumento nos números de casos, bem como os profissionais de saúde são seres humanos passivos de se contaminarem e que mesmo com a contratação de novos médicos e enfermeiros não há estrutura suficiente pra atender uma demanda explosiva.

Em Alta Floresta, tanto a secretaria municipal de saúde, que tem a frente da pasta o recém empossado, Lauriano Antônio Barella, quanto o prefeito municipal, Chico Gamba, não vieram a público ainda pra manifestar qualquer nota sobre o assunto, que já está tomando proporções de pânico generalizado nas redes sociais, mas, em contato com a assessoria de imprensa do município, recebemos a informação que o setor de saúde estará se manifestando a população nas próximas horas.

No mesmo compasso, o governo do Estado emitiu na última segunda feira um boletim minimizando e garantindo que não há, ainda, aumento de índices alarmantes de contaminação na maioria dos municípios de Mato Grosso, segue a prefeitura de Alta Floresta, que aliás prefere sempre aguardar posicionamento do Estado para se manifestar, contrariando em grande parte as diversas informações recebidas de outros municípios por meio de moradores que estão presenciando a mesma situação de Alta Floresta e região, como por exemplo em Chapada dos Guimarães, aonde recebemos notícias de a cidade está literalmente recolhida dentro de casa, pois um surto de pneumonia, dengue e corona vivo se alastrou pelo município.

ASSISTA O PRONUNCIAMENTO DO PREFEITO DE PARANAÍTA OSMAR MANDACARU:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: