terça-feira, 13 de julho de 2021

Filha da Superintendente de Saúde Alta Floresta tira férias na Bahia 3 meses após ser contratada

A viagem de 15 dias, com direito a companhia da prima e do cunhado, que também trabalha na saúde, recém contratado e igualmente chefiado por Maria Sirleide Gonçalves, número um abaixo da Secretária Municipal de Saúde.

Quando pensamos que o simples fato de sermos surpreendidos pela explícita pratica de nepotismo em primeiro grau, já é o suficiente para caracterizar o pior tipo de desrespeito a população alta-florestense, os personagens centrais dessa história conseguem ir além e inovar na pior forma de escarnecer em todos os padrões e princípios da moralidade.

Como já havíamos noticiado com exclusividade, no último dia 07 de Julho (Quarta), denuncias levaram nosso departamento de jornalismo investigativo a descobrir um entroncado esquema de nepotismo estabelecido nas barbas da população alta-florestense, dentro da Secretaria Municipal de Saúde de Alta Floresta, atualmente conduzida pela advogada Sandra Corrêa de Mello, justamente no primeiro escalão da pasta.

A servidora concursada desde 1999, Maria Sirleide Gonçalves da Silva (salário de R$ 5.116,95), nomeada em Fevereiro deste ano, para assumir a função de Superintendente Geral da Saúde, mesmo sabendo que teria sua filha, Carolina Gonçalves Rezende como subordinada direta, pois a mesma já havia sido contratada com 30 dias de antecedência, para atuar no Centro de Atenção Psicosocial – CAPS, e estaria condicionada sob sua chefia direta na cadeia de comando da secretaria de Saúde.

Indiferente as consequências assumidas, as duas, mãe e filha, mantiveram a promíscua relação funcional, diante dos olhares dos demais servidores municipais, como se nada de mais estivesse acontecendo e como se o princípio da impessoalidade não constasse mais nos anais da legalidade pública.

Como se já não bastasse a prática escancarada do nepotismo, faltava ainda ultrapassar a barreira da igualdade, que é um outro princípio, não menos subjetivamente precioso que os demais, e foi exatamente o que fizeram.

Enquanto todos os demais servidores contratados por esta administração, a partir do primeiro dia de mandato faziam cumprir seus horários conforme reza o contrato de trabalho estabelecido e assinado, em que pesa uma carga horária de 40 horas mínimas semanais, para a filha da Superintendente, Maria Sirleide Gonçalves, Carolina Rezende, e o esposo de sua prima (Eluana Gonçalves), o servidor Eliel Valois Costa (Trabalha no administrativo da Policlínica, com salário de R$ 1.676,95), foi concedido, em menos de 3 meses de serviços prestados, 15 dias de descanso prazeirosos (14/04 à 29/04), em praias Bahianas, com um roteiro de viagens de dar inveja a estrelas internacionais.

Eliel Valois, assim como a prima (Carolina Rezende), de sua esposa, também foi contratado com antecedência em Janeiro, antes da Superintendente assumir o posto de chefia na SMS/AF, caracterizando também a mesma situação de impedimento a qual a mesma deveria ter se submetido, pela pratica duplo de nepotismo, mas preferiu ignorar.

O percurso dos dois servidores recém contratados, teve desembarque no Orquídeas Praia Hotel, em Porto Seguro/BA, com passagem pelas praias de “Arraial D`Ajuda”, praia da “Coroa Vermelha”, em Santa Cruz de Cabrália e finalizando com as paradisíacas areias energizantes da “Praia do Espelho” em Trancoso/BA, conhecida rota turística da Bahia

Tudo isso, concedido sob a supervisão direta da superintendente, que na condição de sub-comandante da pasta da Saúde, teve que assinar as liberações juntamente com o Secretário Municipal de Saúde, que na época era o senhor Lauriano Barella, permitindo que os dois parentes desfrutassem de suas inafastáveis regalias, sob o pretexto de que não receberiam pelos dias de ausência no serviço público.

A despeito daquilo que qualquer outro servidor contratado no município de Alta Floresta possa pensar, caso venha a solicitar afastamentos por razões diversas, é difícil de imaginar que, em pleno exercício das funções contratuais, estando a menos de 30% do contrato cumprido (12 meses), consiga receber com tanta liberalidade permissão para gozar de férias e aventuras inesquecíveis que só aqueles que detém a mais íntima relação com os superiores podem merecer.

Enquanto a Secretaria Municipal de Saúde de Alta Floresta, aguarda o parecer da Controladoria Municipal, o desfrute das benesses, favores e concessões recebidas e praticadas pela superintendente Maria Sirleide e sua família soam como um tapa na cara da população que espera no mínimo o mais alto compromisso  e seriedade com a coisa pública, porém o que recebe é o mais absoluto escárnio e deboche com a confiança que a população de Alta Floresta depositou em suas mãos.

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FOTOS COM COMENTÁRIOS DOS SERVIDORES DURANTES AS FÉRIAS NA BAHIA:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: