sábado, 21 de agosto de 2021

Mesmo com 5 milhões em caixa prefeitura de Alta Floresta deixa município na escuridão

CAMPANHAS

NAS TREVAS DO SILÊNCIO – 

Apesar da sonegação de informações da prefeitura aos insistentes pedidos da imprensa, um relatório foi emitido e assinado em resposta a requerimentos de dois vereadores.

Profissionais reclamam que trabalhavam em condições precárias de segurança.

O drama do município de Alta Floresta, no que diz respeito a iluminação pública deficiente, capenga e mal administrada, já é uma realidade há vários anos, porém, a continuidade do descaso dado aos inúmeros pedidos de solicitação por troca de lâmpadas e assistência de ruas e bairros inteiros, que vivem as escuras por meses chegou ao ápice na tarde desta Sexta feira (20/08), com a revelação de que a questão nunca foi falta de dinheiro, mas, falta de boa vontade e o mais puro desrespeito para com a população.

Documentos conseguidos com exclusividade, pelo portal MatoGrossoAoVivo, que foram enviados pela prefeitura em 01/07/21, assinados pelo prefeito Chico Gamba e o Chefe do setor de iluminação, Cícero Paulino dos Santos, por meio do ofício 0267/2021, Referente ao Ofício de Requerimento – 275/2021 e 291/2021, em resposta aos vereadores Luciano Silva (Podemos) e José Eskiva (PL), após mais de 2 meses de espera, o qual foi respondido ao presidente da Câmara de vereadores, Oslen Dias dos Santos (PSDB), apresenta dados assustadores de que forçam qualquer cidadão do município a se perguntar, o por que Alta Floresta tem um serviço de iluminação pública tão precário e nunca nada é feito para melhorar isso.

A princípio, qualquer pessoa logo imagina que se trata de algum problema financeiro, que pelo fato de uma nova gestão se iniciando, há que se ter um certo período de adaptação para que o caixa do setor seja reforçado, balela…

Dinheiro tem e de sobra, aliás dinheiro que daria para iluminar talvez uma Alta Floresta e meia, mas, a pergunta que nunca é respondida, mesmo por que em matéria de transparência, nesse assunto, nenhum cidadão conseguiu até hoje ter acesso a esses valores, sempre sonegados e mantidos a sete chaves pela prefeitura, beirando a desinformação voluntária, que não se sabe por que tanto espera para aplicar esse dinheiro aonde já deveria estar aplicado.

Por estar no caixa do setor de iluminação, após 8 meses de mandato, tais valores já poderia muito bem ter livrado a população, principalmente daqueles bairros mais carentes, mas que permanecem no mais absoluto esquecimento e desrespeito.

Apesar da sobra de dinheiro em caixa para atende a todas as demandas do município, reveladas pelo Relatório da prefeitura, o setor que administra a iluminação pública passa agora por desgaste interno no quadro de pessoal, que de tanto sofrerem, por ver que a cidade não precisava estar passando por tamanha escuridão, e serem explorados com salários miseráveis, acabaram abandonando seus cargos, que por óbvio são de perícia técnica exclusiva para o setor, muito bem valorizado no mercado de trabalho, desfalcando por completo a equipe de manutenção que neste momento se encontra com apenas um (1) funcionário para atender todo município.

No relatório enviado a Câmara Municipal de Alta Floresta, foram respondidas 5 perguntas pontuais, que há muito a própria imprensa fazia ao setor de comunicação e diretamente ao setor responsável mas, sempre obtinha respostas evasivas e obtusas de tais setores.

  1.  – Qual a quantidade de material de reposição disponível?
  2. – Quantos servidores atendem a demanda de iluminação pública do município?
  3. – Qual o valor de recursos disponíveis há no setor de iluminação pública? 
  4. – Quando foi realizada a última licitação para aquisição de material de iluminação pública?
  5. – Quantas compras foram feitas e quais materiais foram comprados nesse ano para atender a demanda do setor de iluminação?

O assombro maior se dá pela última informação obtida com exclusividade pela nosso setor de jornalismo investigativo que, descobriu que nesse exato momento o município conta com apenas um servidor, que é justamente o chefe do setor, Cícero Paulino dos Santos, que por conta do cargo de chefia recebe a mais que os outros, contudo está sozinho para atender a toda a demanda dos mais de 60 mil moradores de Alta Floresta. 

Tais funcionários, acabaram saindo de seus cargos após tantos anos sendo submetidos a períodos desgastantes e cansativos de sacrifícios diários, tendo como unica remuneração o valor de R$ 1.700,00, bem abaixo valor de mercado e do nível de atividades e capacidade técnica que tais profissionais ofertam ao município.

Após a saída, o município vendo que estaria em maus lençóis caso a população descobrisse que já não dispõe de profissionais para atuar no setor, o que acabaria sendo descoberto, mais cedo ou mais tarde, resolveram lançar convites a novos profissionais no município, oferecendo um aumento de mil e cem reais aos novos contratados, ou seja, os novos interessados passarão a receber R$ 2.800,00, porém, até o momento as vagas ainda não foram preenchidas.

As resposta da própria prefeitura dão o tom do modo como são administrados os recursos no que tange a iluminação que tanto causa revolta na população alta-florestense.

 

CAMPANHAS

 

RESUMO DO RELATÓRIO:

  1.  – Qual a quantidade de material de reposição disponível?

Segundo a resposta dada pela prefeitura, desde o mês passado (07), em poder da Chefia de iluminação do município, o setor não dispõe de nenhum  material sequer disponível para atender aos munícipes. Tendo sido feita uma última ata (089/2020) para aquisição de material que finalizou no mês de Fevereiro/2021.

Nesse intervalo, segundo o relatório, a prefeitura adquiriu 400 lâmpadas, sendo 300 de vapor metálico 70W E27, e 100 lâmpadas de vapor metálico 100W E27, além de 200 unidades de Reles Fotocelulares bivolt.

       2 – Quantos servidores atendem a demanda de iluminação pública do município?

O relatório revela que apenas 4 servidores é que atendiam, até 01 de Julho/21, toda demanda municipal, entre eles: Cícero Paulino dos Santos, Pedro Soares de Souza Neto, Uilson de Oliveira e Alan Chaves Bezerra.

       3 – Qual o valor de recursos disponíveis há no setor de iluminação pública? 

Neste ponto o relatório surpreende a todos com a revelação de que nos caixas da prefeitura a disposição do setor de iluminação, estão disponíveis cerca de R$ 5.346.896,88 (Cinco Milhões, trezentos e quarenta e seis mil, oitenta e nove reais e oitenta e oito centavos), apesar de as cifras estarem apresentadas de forma confusa, o extenso dá o valor exato do caixa .

Dos quais R$ 2. 017.187, 64 estão empenhados para pagamentos de compras anteriores, mas ainda assim, a disposição orçamentária do município seria de R$ 5.157.310,01, o que daria muito bem para ter deixado a cidade sem qualquer tipo de problema com relação a iluminação pública.

       4 – Quando foi realizada a última licitação para aquisição de material de iluminação pública?

Em resposta, o relatório da prefeitura afirma que a última licitação para aquisição de materiais para o setor de iluminação se deu em 17/02/2020, tendo como prazo o mês de Julho de 2021.

      5 – Quantas compras foram feitas e quais materiais foram comprados nesse ano para atender a demanda do setor de iluminação?

E por último, o relatório mostra a quantidade de material comprado este ano para suprir as necessidades do município, mesmo por que, já na primeira resposta a prefeitura respondeu que já não possuía nenhum material para atender a população, e é aí que qualquer cidadão de mediana estatura intelectual fica pasmo em saber que em 8 meses a frente da prefeitura, a atual administração investiu R$ 13.008,00 (Treze mil e oito reais), em forma de despesa autorizada, mesmo tendo em caixa cerca de mais de cinco milhões e cem mil reais.

Cabe lembrar que todos os meses, a prefeitura continua a receber das mãos da Energisa, após descontar seu consumo próprio, uma quantia exorbitante, a qual também nunca é revelada a população, que apesar de ter o direito de obter tais informações por conta do princípio da transparência e da lei de livre acesso a informação, tem tais direitos suprimidos pela falta de compromisso do executivo de mostrar o quanto e como está gastando e investindo o dinheiro arrecadado no município, o qual é arrancado dos bolso da população todos os meses e em troca recebe, da pior forma possível, uma assistência de péssima qualidade e com baixíssimos níveis de sustentabilidade operacional.

SEGUE ABAIXO O DOCUMENTO ENVIADO EM RESPOSTA A CÂMARA MUNICIPAL:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: