quinta-feira, 3 de março de 2022

Exames "delivery" são aplicados em Sec. de Educação e servidoras a beira da piscina em casa de vereador

ATENDIMENTO VIP AO “CLUBE DA LULUZINHA” 

A descontraída sessão de aplicação dos exames de PCR se deu no final do mês de Janeiro, quando havia alto índice de casos suspeitos em diversas secretarias do município.

Para a realização das aplicações dos testes em de apenas 3 servidoras, entre elas a secretária municipal de Educação, Lucinéia Martins de Matos, uma enfermeira da Central de Síndromes Gripais, Sheila da Silva, foi destacada e levada em veículo da secretaria de Saúde, pelo motorista que fica a serviço da SMS/AF,  até o endereço aonde estava reunidas as servidoras que receberiam o atendimento exclusivo e diferenciado, na residência do vereador Adelson da Silva Rezende (PDT), que fica no Setor das Araras.

Vale lembrar que no ano passado o vereador Adelson do Servidor, como é conhecido por seus eleitores, inflamado pelo espírito da moralidade, acusou a mesa diretora da Câmara Municipal de não praticar transparência em suas divulgações acusando tanto a presidência da Casa de Leis, quanto a presidência de não o colocar a par de assuntos internos, vindo inclusive a solicitar seus afastamento da atual mesa diretora da Câmara Municipal, por não concordar com os atos praticados.

Entre as servidoras atendidas pelo “exame delivery” está a esposa do vereador, Márcia Ferraz da Rosa, que recepcionou as amigas de trabalho em plena Segunda feira, no período da tarde, a beira da piscina com trajes bem caseiros para um dia de trabalho normal, a exemplo da secretária de Educação que estava vestida de “Mulher Maravilha”.

Os exames foram assinados pela enfermeira Rafaela dos Santos, que é uma das responsáveis pela coleta de testes na unidade de Síndromes Gripais, conforme consta assinado e carimbado no documento levado, que foi preenchido pela própria secretária municipal de Educação, durante a sessão particular de exames ao grupo seleto. Nas fotos também aparece o carro do vereador, o que sugere que o mesmo estava na residência no momentos das aplicações dos exames.

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO NÃO FALA SOBRE O CASO

Tentamos contato com a secretária municipal de Educação para saber por quais motivos os exames acabaram sendo executados de forma tão favorecida, mas, até o encerramento desta matéria não havíamos recebido retorno por parte da mesma.

SECRETARIA DE SAÚDE DIZ QUE TINHA CONHECIMENTO

Fomos recebidos pela secretaria municipal de Saúde, Sandra Correia de Mello, que confirmou o envio de uma profissional de saúde do município para atender o grupo de servidoras da educação na casa do vereador, naquela tarde do dia 24 de Janeiro, porém, explicou que se tratava de uma medida preventiva, já que as mesmas apresentavam suspeitas de estarem contaminadas pelo vírus, mas, apenas uma delas foi positivada para Covid-19.

Perguntada sobre a necessidade de fazer o atendimento na residência particular de uma das servidoras, esposa do vereador, a secretária afirmou que foi um caso isolado, aonde a secretária de Educação ficou incumbida de arranjar um local aonde seriam aplicados testes, e o local escolhido foi aquela residência.

A secretária afirmou ainda que foi surpreendida com a informação de que além das servidoras foram aplicados teste em outras duas pessoas da família do vereador, que não constam no quadro de servidores da educação, sendo estes o sogro e a sogra do vereador Adelson da Silva, pelo fato de serem já idosos.

Enquanto milhares de moradores de Alta Floresta padecem horas a fio nas filas da Central de Síndromes Gripais do município, mais uma vez a atual administração, que já não vem muito bem das pernas diante de tantos sucessivos escândalos provocados pela própria composição de secretários e demais chefes de setores fundamentais do município, somos levados a perguntar aonde vai dar esse desgoverno e total falta de providências por parte da administração Chico Gamba?

Nesta Quinta-feira (03/03), a secretária municipal de Educação estará prestando contas na Câmara Municipal de Alta Floresta, sobre sua gestão a frente da pasta, resta saber se a mesma saberá explicar aos demais vereadores e a toda população quanto a forma no mínimo favorecida com que foi atendida junto a sua equipe, além dos pais da esposa do vereador Adelson Silva.

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: