sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Associados ao CDL de Alta Floresta colocam intervenção do FCDL sob suspeita e ameaçam acionar a Justiça

A entidade comercial está sob intervenção da FCDL desde o dia 1º de janeiro de 2024, que na tarde de ontem, lançou um “Comunicado Oficial” em tom de esclarecimentos.

Os membros filiados da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Alta Floresta estão preparando uma ação judicial para exigir mais transparência nas informações e a realização de eleições para a diretoria da organização. Um documento está sendo elaborado e já foi assinado por mais de 60 empresários.

ENTENDA O CASO

O empresário Alex Fabiano Cavalheiro, um dos principais coordenadores do grupo de empresários, afirmou a nossa reportagem que, desde a primeira convocação para a assembleia pelos ex-diretores em 2023, houve uma tentativa de evitar a realização das eleições e prorrogar os mandatos. A intervenção ocorreu quando 95% dos associados presentes na assembleia rejeitaram a prorrogação dos mandatos.

Estes empresários, que se opõem à prorrogação de mandatos dos mesmos nomes com alternâncias de cargos, agora observam que os antigos diretores continuam influenciando nas decisões da entidade de forma sub-reptícia (ainda conduzindo assuntos administrativos no interior da entidade), os quais foram denominados de “junta-governativa”, em desacordo com o estabelecido e em assembleia pela FCDL, que assumiu compromissos com o grupo, bem como um processo de afastamento total da gestão passada e a manutenção da lisura por meio de uma intervenção eleitoral justa em Alta Floresta.

Porém, segundo o grupo de empresários, a entidade federativa (FCDL), não cumpriu com a palavra e estaria “sonegando informações preciosas”, solicitadas pelo grupo, como por exemplo, o nome de todos os nomeados no processo de intervenção. Se sabe apenas é que, Odair Nunes Bezerra, ex-presidente da FCDL, que reside em Cuiabá, foi o nomeado como interventor titular, sem que fosse divulgado os nomes dos demais envolvidos na intervenção, que necessariamente precisam ser de foram do âmbito empresarial no município.

Para Alex Fabiano, como resultado dessa confusão administrativa a entidade acaba promovendo a si mesma uma quebra de confiança institucional, além de afirmar que a CDL de Alta Floresta se encontra praticamente “abandonada” pelos responsáveis pela intervenção.

Desta forma, de acordo com ele, está evidente que a FCDL não tem interesse em resolver a situação, e grupo de associados tomou a decisão de entrar na justiça.

“Vamos acionar juridicamente a CDL e a FCDL. Queremos que eles apresentem os documentos da intervenção, que são os interventores e quando vai ser a eleição, que deve ser realizada o mais breve possível para deixar a CDL nas mãos dos alta-florestenses”, afirma.

Para ele, “a eleição tem que ser realizada porque a intervenção não está fazendo a investigação prometida, para apurar as questões levantadas pelos empresários que apontam uma perpetuação de poder nas mãos de um grupo seleto de algumas pessoas, que “sequestraram” a diretoria para si, e se mantém a frente da entidade há mais de 20 anos”, a exemplo da atual da 1ª Secretária, Elza Maria Lopes, que reveza-se na presidência há pelo menos 10 anos”.

 

Após a intervenção, esperava-se que houvesse eleições limpas e democráticas, mas isso não aconteceu. Mesmo após diálogos com a FCDL, nenhuma das informações expressamente solicitadas foi fornecida aos empresários, sobre os nomes dos interventores, ou sobre a documentação da intervenção. “Isso nos leva a decidir por buscar a justiça para exigir transparência e a realização de eleições o mais rápido possível”.

“Não existe prestação de contas do Mérito Lojista para os associados e nenhuma outra, mas o erro que resultou na intervenção é não ter feito a eleição. Então, a intervenção deveria vir para organizar e fazer a eleição. O que não pode é a FCDL vir para Alta Floresta assumir de qualquer forma, ficar em Cuiabá e a CDL estar abandonada. Os associados de Alta Floresta precisam da CDL funcionando, mas não respondem nem e-mail e apenas cobram a mensalidade”, rechaça (Em entrevista concedida ao Jornal Mato Grosso do Norte).

Segundo Alex, a falta de eleições não é justificativa suficiente para a intervenção, como  a FCDL quer aparentar ser o problema, em vez de focar especialmente, na falta de transparência na prestação de contas aos associados nos últimos anos e priorizar a organização de processo eleitoral isento de contaminações internas, em vez disso, deixa a entidade, já há mais de 40 dias, praticamente “abandonada”, sem definir quem assumirá o comando da entidade.

Conforme Alex, a CDL não é mais uma entidade representativa de classe há muitos anos, e se a justiça não tomar uma decisão favorável ao consenso da maioria dos empresários, fazendo a FCDL não cumprir a promessa de realizar eleições, os associados consideram buscar alternativas, como abrir um novo canal de pesquisa de clientes ou se filiar à antiga Associação Comercial de Alta Floresta, mantendo apenas a taxa mínima de associação à CDL, até que a entidade tenha novamente sua imagem e confiança restaurada.

COMUNICADO DA FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE DIRIGENTES LOJISTAS DE MATO GROSSO:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: