sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

VITÓRIA DO POVO | Projeto de aumento do IPTU feito "nas coxas" não passa na votação da Câmara Municipal

O projeto original da prefeitura para a alteração e adequação da Planta Genérica do município, que inseria aumentos de mais de 400% nos valores do IPTU dos imóveis, foi unanimimente rejeitado por todos os vereadores presentes na sessão extraordinária desta sexta feira, após audiência pública vazia realizada na noite de quinta feira.

FOTO: LINDOMAR LEAL
Assessoria de Imprensa

REVIRAVOLTA

Para surpresa de todos, até mesmo o voto do vereador presidente, Emerson Machado (MDB), que vinha defendendo o Projeto nº 1962, na forma como estava apresentado, votou contrário a proposta da prefeitura e com isso enterrou de vez as chances do processo ser apreciado para este ano de 2018 e ter validade a partir de 2019.

O projeto foi reprovado com os votos contrários dos vereadores José Eloi Crestani (MDB), José Aparecido dos Santos (MDB), Luiz Carlos de Queiroz (MDB), Mequiel Zacarias Ferreira (PT), Demilson Nunes Siqueira (PSDB), Oslen Dias dos Santos “Tuti” (PSDB), Silvino Carlos Pires Pereira “Dida” (PPS), Emerson Machado (MDB) e Valdecir José dos Santos “Mendonça” (PSC), e das vereadoras Aparecida Scatambuli Sicuto (PSDB) e Elisa Gomes Machado (PDT). Os vereadores Charles Miranda Medeiros (PSD) e Marcos Roberto Menin (DEM) não participaram da sessão.

Antes, porém, os vereadores rejeitaram a Emenda nº 050/2018, de autoria do presidente da Casa de Leis, Emerson Sais Machado, que reduzia 50% do valor reajustado no projeto e estendia para 7 anos ao invés de 5 anos o prazo de progressão.

Pois bem, o vereador presidente, Emerson Machado poderia em tempo certo ter evitado um grande desgaste que essa demanda a favor da prefeitura lhe causou perante a população, mas, preferiu pagar pra ver e perdeu a batalha para a vontade popular, coisa que não faz bem a saúde política de nenhum aspirante a uma carreira política duradoura.

Ao final das discussões ele próprio fez questão de reconhecer que faltou muito elementos técnicos que suportariam a aprovação do projeto como foi apresentado, e com isso, encerrou a discussão com seu voto em desfavor da Planta Genérica proposta pelo prefeito Aziel Bezerra e sua equipe técnica, que certamente também saiu desgastado deste episódio infeliz.

Restou provado sim, mais uma vez, que sempre que os políticos tentam se valer da suas artimanhas para empurrar “goela  abaixo” aquilo que o povo jamais aprovaria, vão dar de porta na cara junto a população.

ASSISTA O VÍDEO COM A VOTAÇÃO E AS FALAS DOS VEREADORES:

Público baixíssimo compareceu ao plenário da Câmara Municipal para acompanhar a votação – FOTOS: FÁBIO BRICATTE
Público baixíssimo compareceu ao plenário da Câmara Municipal para acompanhar a votação – FOTOS: FÁBIO BRICATTE
Público baixíssimo compareceu ao plenário da Câmara Municipal para acompanhar a votação – FOTOS: FÁBIO BRICATTE
Público baixíssimo compareceu ao plenário da Câmara Municipal para acompanhar a votação – FOTOS: FÁBIO BRICATTE
Público baixíssimo compareceu ao plenário da Câmara Municipal para acompanhar a votação – FOTOS: FÁBIO BRICATTE

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: