quarta-feira, 16 de outubro de 2019

PRAÇA DO PEDÁGIO | Vereadores de Alta Floresta se dizem "enganados" por deputados, Governo do Estado e SINFRA

Para os vereadores, audiência pública realizada na Câmara Municipal pelo vice governador e deputados da Assembleia não passou de um “circo armado” para enrolar a população.

Deputados, secretário de Estado e vice-Governador, prometeram e nada fizeram diante do apelo maciço da população em Setembro deste ano

Em recente audiência pública que aconteceu no mês de Setembro, com a presença do vice-Governador do estado, Otaviano Pivetta (PDT),  o secretário de Infraestrutura de Mato Grosso, juntamente com os deputados Romoaldo Junior (MDB), Ondanir Bortolini (PSD – “Nininho”) e Dilmar Dal Bosco (DEM), que sentaram-se na mesa diretora da Câmara Municipal e exigiram, apesar de ser apresentado evento como audiência pública, que a ninguém fosse dada a palavra, e que apenas os componentes da mesa é que poderiam exercer o direito de falar.

 Na ocasião, alguns vereadores, entre eles Dida Pires (PPS), Eliza Gomes(PDT) e Mequiel Zacarias (PT), conseguiram fazer uso da palavra em nome dos anseios do público presente e colocaram todos os pontos pertinentes para a implantação da Praça de Pedágio, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) a uma distância que não prejudique os moradores do município e a zona rural produtiva.

Passados os prazos para que as mudanças acontecessem e com o início das obras por parte da empresa a 13 quilômetros do local acordado e discutido na audiência pública, os vereadores de Alta Floresta perceberam que a audiência em si não passou de uma “bravata política”, dos deputados que aqui vieram e do próprio vice-Governador, que ao ser abordado pela imprensa saiu correndo dos microfones e não sabia nem o que é que estava fazendo por aqui, ou seja, uma “encenação circense” para ludibriar tanto a classe política local como a população, e ganhar tempo para que a empresa pudesse iniciar os trabalhos da forma que bem desejasse.

Com a crescente manifestação dos produtores da zona rural, empresarial, através da própria Câmara dos Dirigentes Logistas – CDL, que serão os maiores afetados pela construção de um pedágio dentro dos limites de circulação interna do município, os vereadores resolveram entrar com uma pedido de embargo das obras, que já foram iniciadas, por meio da Prefeitura municipal, que seria a única com autoridade para paralisar judicialmente a construção e chamar os responsáveis e o governo estadual para esclarecer sobre os acordos anteriores que foram apresentados na época em que foi liberada a concessão da construção da Praça de Pedágio.

ENTENDA O CASO

Em uma audiência de apresentação, realizada no dia 26 de outubro de 2017, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL, de Alta Floresta, registrado em Ata, de nº 001/2017 da audiência pública que tratou do processo 448361/2017 cujo objeto tratava-se do Programa de concessão da prestação dos serviços públicos de conservação, recuperação, manutenção, implantação de melhorias e operação rodoviária do trecho de Alta Floresta, a praça de pedágio deverá ser instalada a 23 quilômetros de Alta Floresta justamente para não penalizar os moradores que residem próximo ao município.

Participaram daquela audiência 72 pessoas, entre prefeitos, secretários, vereadores e lideranças dos municípios de Alta Floresta, Carlinda e região, aonde na ocasião o representante da empresa, Camilo Fraga, representante do SINFRA, na presença de todos, garantiu ,com todas as palavras, que a construção da Praça de pedágio se daria a 23 quilômetros da entrada de Alta Floresta, afastada da área de expansão urbana, que vai até a 3ª leste, e ainda argumentou, em palavras que essa distância seria necessária: “justamente para não penalizar os produtores”.

ASSISTA AO VÍDEO DE 2017 COM O COMPROMISSO DA SINFRA E DO GOVERNO COM A LOCALIZAÇÃO DA PRAÇA:

Já na tarde do dia 16/09/2019 (Segunda), na Câmara Municipal de Vereadores, a comitiva relâmpago do vice- governador, Otaviano Pivetta, que não deixou ninguém falar nada foi cobrada novamente pelos produtores rurais, liderados pelo Sindicato Rural, com apoio dos vereadores municipais, Prefeitura e Câmara de Dirigentes Lojistas de Alta Floresta (CDL).

E ouviram do vice-Governador e dos deputados que a construção da praça de pedágio seria na distância estabelecida em audiência pública que Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística realizou em 2017 em Alta Floresta, mas, como ninguém assinou nada até hoje pra garantir isso, a praça está sendo construída pelo Consórcio Via Brasil a 13 quilômetros de Alta Floresta e não a 23 quilômetros conforme havia sido definido na consulta pública, e mesmos políticos que aqui estiveram, segundo o vereador Cidão, nem atender o telefone mais atendem.

“Vamos sair daqui com esse compromisso, eu e o Marcelo, de analisar os projetos existentes da MT-206, MT-208, MT-160, a MT-419, a MT-325, e nós vamos dentro de muitos poucos dias fazer um cronograma de chamamento público, para começar a provocar os atores locais com as suas associações, suas organizações, municípios, prefeitos, para serem parceiros do Estado para nós construirmos essa saída que vai libertar toda essa região para o desenvolvimento. Vocês podem sonhar sim, porque esta região tem todos os fatores, o que está faltando aqui é a infraestrutura mínima necessária e esse governo junto com vocês vai trabalhar para viabilizar esse eixo de integração Oeste/Leste”, afirmou o vice-Governador.

A reunião contou ainda com a presença maciça de produtores, empresários, dos vereadores de Alta Floresta, Apiacás, Carlinda, Nova Monte Verde e Paranaíta, além do prefeito Asiel Bezerra de Alta Floresta, Adalto Zago de Apiacás, Carmelinda Leal Martines de Carlinda e Beatriz de Fátima Sueck Lemes de Nova Monte Verde.

Caso venha a ser instalada a 13 quilômetros de Alta Floresta, a Praça de pedágio causará enorme prejuízos a um grande números de moradores da zona rural, das vicinais 3ª Leste, 4ª Leste e Ramal do Mogno, que ficariam separados pela cobrança da travessia diária pelo pedágio, mesmo sendo moradores no município e com propriedades que ficariam em desigualdade no trânsito interno dos limites do município.

CAIU A FICHA

Revoltados, com as atitudes “enganosas” do vice-Governador, secretários e deputados do Estado, bem como cansados de esperar pelo que sabe-se que não vai acontecer, o vereadores do município de Alta Floresta apresentaram nesta terça (15/10), na sessão ordinária da Câmara Municipal, um Requerimento, de número 070/2019, em regime de “urgência especial”, que solicita ao prefeito Asiel Bezerra que promova imediato embargo administrativo determinando a paralisação da obra da Praça de pedágio na MT 208.

Além disso os vereadores pedem que o prefeito tome as medidas judiciais cabíveis e urgentes para que sejam honrados o compromisso original para com a sociedade de Alta Floresta, considerando as inúmeras discussões e a preocupação latente dos moradores da zona rural do setor leste, que serão o principais afetados pela obra que a princípio não apresentava prejuízos moradores em trânsito nos limites do município.

Para se ter noção dos valores, segundo o vereador Marcos Menin (DEM), o valor inicial de cada veículo pequeno será de R$ 7,90 por travessia, sendo que além dos produtores, alunos, professores e funcionários de empresas e fazendas necessitam voltar para suas casa na cidade todos os dias.

Sem citar o nome,  alguns vereadores deixaram claro mandaram um recado alto e claro ao deputado estadual Romoaldo Junior (MDB), que segundo o vereador Cidão do Boa Nova, virou as costas para o município na hora que mais precisa, por ter levado uma “lição de moral” nas urnas, por suas atitudes de abandono e a descaso para com o município.

OUÇA OS DISCURSOS REVOLTOSOS DOS VEREADORES SOBRE A NOVELA DA PRAÇA DE PEDÁGIO:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: