segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Mesmo sob assédio institucional, servidor de Alta Floresta denuncia estado dos pneus da frota municipal

Em seu último dia de função no pátio da secretaria de Obras do município, o servidor conseguiu registrar o estado precário e deplorável dos pneus da frota de caminhões que circulam pelo município.

Chega a ser criminoso o estado em que se encontram alguns pneus dos veículos do município.

O servidor Anderson Ribeiro Rohling, lotado na secretaria de Infra-estrutura, na função de Serviços Gerais, que foi recentemente forçado a assumir o posto de “varredor de rua”, na equipe de limpeza do município, por ordem do secretário municipal de Obras, Eloi Luis de Almeida, que por meio de ofício determinou que o mesmo fosse transferido para o setor de gestão do município, não se deixou intimidar pela inesperada surpresa a que foi submetido quando em retorno de suas férias anuais, recebendo a notícia de que teria que prestar serviços em outra secretaria da qual nunca fez parte.

Em um novo “vídeo denúncia”, registrado pelo servidor dentro do pátio da Secretaria Municipal de Infra-estrutura de Alta Floresta, o mesmo conseguiu flagrar praticamente toda frota de caminhões que compõem o município com os pneus, em alguns casos, completamente “carecas”, sem qualquer condições de trafegabilidade e uso nas atividades diárias a que são expostos, pelas ruas e avenidas da cidade.

No vídeo, é possível perceber a fragilidade e os riscos de um estouro eminente dos pneus em uso pelos veículos de grande porte, que por natureza própria são de uso em cargas pesadas, elevando ainda mais o grau de periculosidade da utilização dos mesmo, colocando em risco de vida os funcionários e motoristas, quanto a população que pode ser envolvida a qualquer momento em acidente de trânsito, provocado pela precariedade dos já inutilizáveis pneus em uso.

Durante a gravação, o servidor cita a presença no pátio da secretaria de Obras, do caminhão Mercedez Benz, cor amarelo, placa JYX 1556, de propriedade do vereador presidente da Câmara Municipal, Emerson Sais Machado (MDB), partido do prefeito municipal, Asiel Bezerra de Araújo (MDB), que recebeu em Novembro de 2019, 7 (sete) pneus novinhos, ao custos de mais de R$ 8.000,00 (Oito mil reais), tendo sido repassados para secretaria de Obras por meio de dotação da secretaria de Educação, que segundo o secretário de obras foi gentilmente cedido pela secretária por questões de cordialidade institucional, pois nenhuma outra justificativa foi apresentada até a presente data, ou se quer a licitação oficial da secretaria para a destinação dos pneus novos no caminhão do presidente da Câmara de Alta Floresta.

Na época da “doação”, o vereador Emerson Machado, veio a público através da imprensa dizer que o caminhão ficaria a disposição da prefeitura até o final do ano (2019), mas, percebe-se que o mesmo continua no pátio da secretaria de Infra-estrutura até o dia de hoje, se está em uso pouco se sabe, só se sabe mesmo que é o único veículo dentro do pátio com pneus pagos com dinheiro do contribuinte alta-florestense em perfeito estado de conservação e usabilidade.

Em sua narrativa, no início do flagrante do estado deplorável dos pneus da secretaria de Obras, o servidor Anderson Rohling, chega a ser interpelado por outro servidor que não aparece nas imagens, mas, que o repreende para que deixe de filmar, o Anderson, tá filmando de novo? Deixa disso!!, numa clara demonstração de que certos servidores não se incomodam com a precariedade da coisa pública, quando estes deveriam ser os primeiros a fiscalizar o patrimônio municipal,  conforme rege o estatuto do servidor público de Alta Floresta.

ASSISTA O VÍDEO COM MAIS UM FLAGRANTE REGISTRADO PELO SERVIDOR:

DOCUMENTO ASSINADO PELO SECRETÁRIO DE OBRAS TRANSFERINDO O SERVIDOR:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: