terça-feira, 16 de junho de 2020

Em plena Pandemia, população de Alta Floresta há mais de um ano não tem medicamentos essenciais na única farmácia básica do município

Há mais de um ano a população sofre com a falta dos medicamentos mais necessários como uma simples dipirona, que em muitos casos não é encontrada após o cidadão percorrer quilômetros de distância dependendo do bairro que precisa se deslocar para chegar a única farmácia básica em funcionamento no município.

A única Farmácia Básica que existe praticamente só fica aberta pra iludir a população de que está atendendo normalmente.

Desde de Maio de 2019,a  vereadora Elisa Gomes (PDT), já havia notificado em forma de denúncia ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, na pessoa do Promotor Luciano Martins da Silva, da 1ª Promotoria de Justiça de Alta Floresta, sobre o fechamento da Farmácia Básica na rodoviária, o descaso com o sofrimento de moradores mais distantes do bairro Cidade Alta e as precariedades da lista de medicamentos oferecida na unidade Policlínica aonde funciona a única Farmácia Básica do município,  um setor de difícil acesso a maioria dos demais bairros no município.

Esta semana, recebemos a denúncia de moradores de Alta Floresta que de lá pra cá a situação só fica pior a cada dia que passa, ainda mais com a crise instalada da pandemia do Corona Vírus, que causa uma onda generalizada de pânico nas pessoas, que tem seu psicológico e seu emocional afetados pelas inúmeras informações, na maioria das vezes alarmantes, dos perigos e dos sintomas que a doença provoca.

Não é nenhum exagero dizer que em muitos casos pessoas acabam ficando desesperadas com a pressão psicológica da mídia e da montanha de informações impactantes que circulam nas redes sociais, e com isso, associado ao desemprego crescente e a crise no setor empresarial, venham a se influenciar negativamente e consequentemente adquirir quadros de doenças corriqueiras ou graves que em outras época acabariam sendo tratadas com uma aspirina comprada nas farmácias do comércio.

Mas, e quando até o dinheiro da aspirina já não se encontra mais na carteira?

A grande maioria da população que depende dos remédios da única farmácia básica existente no município, que hoje já contabiliza perto de 70 mil moradores, não tem se quer uma bicicleta para poder se locomover, milhares dependem de carona ou de transporte pago para conseguir chegar ao centro de distribuição, que em tese deveria concentrar todos os medicamentos suficientes para atender as prescrições médicas indicadas nos Posto de Saúde, mas, o que encontram é uma prateleira vazia dos mais básicos e essenciais aos mais complexos.

Há casos onde os de maior complexidade são encontrados facilmente, mas, isso é até certo ponto compreensivo, pois há um número reduzido de pacientes que tem necessidade desses medicamentos, pois são tratamentos pontuais de doenças não tão recorrentes na grande massa, mas igualmente essenciais para os casos em questão. 

MORADOR MOSTRA RECEITA QUE FOI BUSCAR PARA ESPOSA, MAS NÃO ENCONTROU:

Nossa reportagem esteve na tarde de hoje para constatar em imagens a ausências de medicamentos denunciados pelos moradores, e com uma simples olhada na prateleira da Farmácia Básica, é possível observar a ausência de uma série de medicamentos essenciais, em plena Segunda feira.

LISTA DOS MEDICAMENTOS FALTANDO NA FARMÁCIA BÁSICA:

  1. – DIPIRONA SÓDICA

  2. – ACICLOVIR 200

  3. – ALENDRONATO

  4. – ALOPURINOL 100

  5. – AMOXILINA 500

  6. – AMIODARONA 200

  7. – ANLODIPINO 10

  8. – ATENOLOL 50

  9. – CÁLCIO + VITAMINA D 500/200

  10. – CÁLCIO + VITAMINA D 500/400

  11. – CARBONATO DE CÁLCIO 125

  12. – CARVEDILOL 3,125

  13. – CARVEDILOL 6,125

  14. – CARVEDILOL 12,5

  15. – CARVEDILOL 25

  16. – DEXCLORFENERAMINA

  17. – DEXAMETAZONA

  18. – ENALAPRIL 5

  19. – ESPIRONOLACTONA 25

  20. – ESPIRONOLACTONA 100

  21. – FUROSEMIDA 40

  22. – FLUCONAZOL

  23. – ITRACONAZOL 100MG

  24. – LEVOTIROXINA 25

  25. – LEVOTIROXINA 50

  26. – LEVOTIROXINA 100

  27. – METILDOPA 250

  28. – METOPROLOL 100

  29. – METOCLOPRAMIDA

  30. – NITROFURANTOINA 100

  31. – MEBENDAZOL SUSPENSÃO

  32. – PREDNISONA 20

  33. – RANIDITINA 150

  34. – BECLOMETASONA

  35. – DEXAMETASONA COLÍRIO

  36. – METRONIDAZOL POMADA

  37. – CARBAMAZEPINA 200

  38. – HALDOL DECANOATO

  39. – CEFTREXONA

Além desta lista enorme de medicamentos essenciais ao atendimento da população, nossas fontes informaram que há a falta de medicamentos psicotrópicos como Ceftroxona (infecções), Levotiroxina (Tireóide) e Carbamazepina (Dores agudas), outros necessários também no auxílio ao combate da Covid-19, como no casos de pessoas diabéticas, além de crianças e adolescentes que dependem destas receitas para tratamentos específicos.

Em matéria divulgada essa semana pelo Jornal Mato Grosso do Norte, moradores da Pista do Cabeça reforçam a falta recorrente de medicamentos, até mesmo material para curativos de natureza leve.

Segundos os moradores, o atendimento e o acesso a qualquer tipo de remédios, que antes da entrada do secretário Marcelo Alécio Costa eram frequentes na unidade de saúde daquela zona rural, há mais de um ano se tornou um transtorno emocional, pois caso precisem de uma dipirona precisam se deslocar até o bairro Cidade Alta, na única unidade de Farmácia Básica mantida pela secretaria de saúde.

Os atendimentos médicos ocorrem uma vez por semana, geralmente as Terças, em horários agendados, nos demais dias da semana apenas uma atendente fica a disposição da localidade que engloba as comunidades de Ourolanda, Pista do Cabeça, São Mateus e Jacaminho, ainda assim, apenas para medir a temperatura e e aferir a pressão.

“o secretário de saúde “cortou” todos os medicamentos das unidades de saúde. No local não se faz nenhum curativo em casos de urgência, não tem remédio nenhum, não tem nem Dipirona”, relata o morador Reginaldo Luiz da Silva.

O morador pontuou ainda que remédios controlados receitados nas consultas médicas,  só podem ser obtidos na Farmácia Básica, porém, a maioria dos moradores não tem meio de se locomover, ficando na dependência de caronas, quando conseguem.

Além dessas comunidades rurais, outros bairros do município ficam extremamente prejudicados com a distância a ser percorrida para se conseguir os remédios da Farmácia Básica, entre estes, o bairro Universitário, Primavera, Jardim tropical, Jardim das Oliveiras, Renascer, Panorama, Jardim Araras, Centro e demais zonas rurais, que em muitos casos vinham a cidade apenas para descer na rodoviária buscar os remédios e retornar para suas comunidades.

Segundo a vereadora Elisa Gomes, até hoje o Ministério Público de Mato Grosso se quer deu respostas ao seu ofício com pedidos de providências no que tange ao fechamento da Farmácia Básica na rodoviária e os problemas causados a população pela dificuldade em percorrer distâncias tão extremas para se conseguir um simples analgésico, e que, na maioria das vezes não é encontrado no local que ficou designado para que se concentrasse a distribuição municipal.

É difícil acreditar que possa estar havendo omissão por parte do Ministério Público municipal, mas, passados mais de um ano, em que nada foi providenciado ou mesmo respondido a vereadora que insistentemente fala na tribuna da Câmara Municipal todas as semanas sobre o desleixo da secretaria de saúde quando se trata de fornecimento de remédios, seria de bom tom que o  promotor de justiça, Luciano Martins da Silva viesse a público esclarecer o por que de tanto silêncio diante de tanto clamor popular por uma situação tão dramática e prejudicante que já se tornou uma tragédia na vida de muitos cidadãos alta-florestenses.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: