As duas denúncias distintas, foram apresentadas na tribuna da Câmara de Vereadores de Alta Floresta com ar de extrema desconfiança por parte do parlamentar.
Na manhã desta Terça-feira (23/05), o vereador Luciano Silva (Podemos), apresentou notas fiscais de valores expressivos repassados a uma empresa que firmou contrato de prestação de serviços na área de publicidade de peça de propaganda, com sede em Nova Mutum, e outra pelo fornecimento de alimentos para a rede escolar do município, emitidas por mercados de Alta Floresta.
CASO I – PUBLICIDADE MAL DIRIGIDA
No primeiro caso,a prefeitura municipal firmou contrato no valor de R$ 1.008,00, com a empresa “GRIFE SHMITT“, em nome de “Maisa Hammerschmitt”, conforme nota fiscal emitida pela própria empresa a partir da prefeitura municipal de Nova Mutum, com a seguinte justificativa:
“SERVIÇOS REFERENTE A PUBLICIDADE DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ALTA FLORESTA – MT, NO MÊS DE JANEIRO DE 2023, CONFORME P.I. 1364/2023 (CAMPANHA: COVID-19)”
Na nota da empresa a referida mídia teria circulado por apenas 7 dias (de 13 à 25 de Janeiro), porém, ao apresentar a denúncia na tribuna o vereador fez questão de mostrar a fachada da empresa, conforme o endereço na nota emitida pela empresa de Nova Mutum, e onde ficaria a sede do veículo de comunicação responsável pela divulgação da peça publicitária da prefeitura municipal de Alta Floresta.
Para surpresa de todos os presentes na sessão ordinária,a referida empresa na verdade é uma boutique de grife masculina (“SCHMITT FOR MENS“), conforme denominada na nota como “Grife Schmitt“, sem qualquer conotação de empresa jornalística ou qualquer outro tipo de veículo de comunicação e publicidade comercial que teria propriedade ou meios logísticos de estar publicitando peças de mídia a favor da prefeitura, apesar de a empresa em questão não passar de uma loja de roupas masculinas, consta atividades de publicidade em seu CNAE empresa junto a Receita Federal.
Mas, conforme falou o vereador, causa estranheza e suspeitas quanto a real necessidade da prefeitura municipal de Alta Floresta precisar divulgar campanhas de âmbito da saúde pública municipal em um outro município que fica a 552 km de distância e com quais propósitos.
Será que a prefeitura de Nova Mutum não teve condições financeiras de criar e distribuir suas próprias peças publicitárias durante o ciclo da pandemia de Covid-19?
Nas palavras do vereador, além de Nova Mutum, a prefeitura de Alta Floresta também estaria divulgando tais peças publicitárias nos municípios de Sinop e Cuiabá (capital – cerca de 800Km de distância.).
“Eu vou falar a verdade para vocês. Eu fiquei assustado. E assustado com o que eu encontrei no portal transparência. Muita coisa, muito conteúdo. Que levantam desconfianças, levantam suspeitas…
Eu fiquei assim impressionado … uma nota fiscal que eu encontrei ali de uma empresa de publicidade de Nova Mutum. Essa empresa de publicidade, vejam, senhores, é essa empresa aí, ó, essa é uma empresa de marketing de Nova Mutum, Schmitt for mens. É grife shmith essa aí… qual é o serviço que foi feito por essa empresa em Nova Mutum naquela descrição lá?
Lá diz o seguinte, serviços referentes à publicidade da prefeitura municipal de Alta Floresta no mês de janeiro de 2023, conforme PI tal. Campanha covid 2, em Nova Mutum. Perguntei hoje para um para um dono de uma, de um meio de comunicação aqui de Alta Floresta, de um jornal. Ele tem recebido publicidades de Nova Mutum, de sorriso de Lucas. Não, não recebe. Perguntei pra outro jornal se recebe, também não recebe, então já são 2 que não recebem. Que outros municípios?
Mas a data foi essa, está divulgando em Nova Mutum. Em Sinop, em Cuiabá, e as notas estão lá no portal transparência. Isso me causou estranheza, porque qual é o motivo? Qual é o fundamento de fazer uma divulgação nesse caso, dessa nota do COVID-19 em Nova Mutum? Será que a prefeitura de Nova Mutum, a Secretaria de saúde de estado não tem feito divulgações? Lá nós precisamos gastar o nosso dinheiro para fazer divulgação em Nova Mutum. E porque, tendo outras divulgações em Sinop e Cuiabá? São coisas que levantam sérias. Sérias suspeitas!!”
Nesse aspecto o vereador Luciano Silva tem toda razão em suspeitar, pois, caso o assunto de tais peças fossem para se divulgar a pujança ou atrativos turísticos, econômicos e culturais de Alta Floresta, talvez haveria real necessidade de se propagar publicidade para além dos limites do território municipal, mas, dar publicidade sobre saúde pública interna, que diz respeito apenas a orientar e informar a população alta-florestense, pode sim ser considerado no mínimo malversação do dinheiro público, e creio que muita gente a começar pelo prefeito Chico Gamba terá que dar boas explicações a população e ao Ministério Público de Alta Floresta aonde as denúncias já estão protocoladas.
O OUTRO LADO
Tentamos insistentemente contato com a empresa Schmitt For Mens, atravéz do telefone expresso na nota fiscal emitida para a prefeitura de Alta Floresta, que também é o mesmo telefone que consta no mecanismo de busca do Google, porém, até o fechamento desta matéria não obtivemos nenhuma forma de contato.
CASO II – ALIMENTOS DE MERENDA “SUPERFATURADOS”
Mais uma vez, parece que vamos assistir a reprise da trágica novela mexicana do superfaturamento na merenda escolar das crianças do município, pois o vereador Luciano apresentou, por meio de investigação e fiscalização parlamentar, juntamente com o primeiro caso, outra pesquisa junto ao Portal Transparência do Estado, onde um supermercado pertencente a ex-vice-prefeita, Roseli Rampazio, a empresa Rampazio e Rampazio LTDA (Mercado Tradição), estaria fornecendo ao município de Alta Floresta alimento solicitados pela prefeitura com valores de produtos específicos que superam a 100% do valor praticado na próprio gôndola do mesmo supermercado.
A mesma empresa já teria se envolvido no passado com outra denúncia da mesma natureza, porém, na época não tinha sido feita por um vereador do município, que desta vez trouxe elementos cabais que provam a disparidade dos preços. A causa anterior não prosperou, pois a empresa conseguiu vencer na justiça as acusações que tinha sido feitas por um cidadão comum.
Segundo o vereador Luciano, os valores das licitações e contratos denunciados somariam a monta de R$ 12.000,000, 00 (doze milhões de reais), para a aquisição de produtos alimentícios, ao longo de sua execução.
O OUTRO LADO
Tentamos insistentemente contato com a ex-vice-prefeita Roseli Rampazi, que a princípio nos atendeu, mas, depois silenciou-se e até o fechamento desta matéria não obtivemos o retorno solicitado.
VÍDEO DA FALA DO VEREADOR LUCIANO SILVA SOBRE SUPERFATURAMENTO DA MERENDA ESCOLAR:
DENÚNCIAS APRESENTADAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO DE ALTA FLORESTA:
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