segunda-feira, 8 de maio de 2023

Consórcio Alto Tapajós emite Nota após matéria veiculada sob suspeitas de vereadores quanto a exames duplicados

Em resposta a matérias publicada com exclusividade, pelo MatoGrossoAoVivo, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto Tapajós, declara que, ainda, não recebeu qualquer notificação criminal da justiça, PJC/MT ou MP/MT e classificou a matéria que trouxe a tona as suspeitas levantadas pela Câmara como injustas.

SEGUE NOTA DE ESCLARECIMENTO EMITIDA PELO CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DO ALTO TAPAJÓS:

NOTA DE ESCLARECIMENTO


RECAPITULANDO

Na Nota de Esclarecimento, que chegou ao nosso conhecimento por maios não oficiais, assinada pelo prefeito de Alta Floresta, Chico Gamba, que também é o presidente do Consórcio entre os municípios que o integram (Alta Floresta, Carlinda, Nova Bandeirantes, Apiacás, Paranaíta e Nova Monte Verde), a entidade tenta minimizar a repercussão do requerimento encaminhado pela Câmara dos vereadores de Alta Floresta, assinada pela vereadora Leonice Klaus (PDT), na sessão do último dia 02/05/2023, após a deflagração de investigação criminal gigantesca em todo Estado de Mato Grosso, denominada “Operação Espelho II”, conduzida pelo delegado Henrique Trevisan, da DECOR/MT – Delegacia de Especializada Combate a Corrupção, também acompanhado pelo GAECO/MTGrupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, força tarefa coordenada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.

A nota acusa ainda o nosso portal de produzir uma matéria “injusta” e divorciada da realidade por simplesmente não apontar que tais procedimentos são emitidos pela Centrais de Regulação e submetidas ao controle externo, como se isso fosse algum empecilho que tais procedimento fossem burlados, levando-se em conta as 3.178 páginas do processo da “Operação Espelho II” onde se encontram diversas vezes a atual do grupo criminoso investigado com rigor, os quais envolveram também alguns municípios pertencentes ao CIS do Alto do Tapajós quanto Cuiabá, Colíder, Sinop, Sorriso e Guarantã do Norte.

ENTRETANTO

Cabe lembrar que o processo da investigação cita a prática de cooptação de agentes públicos, políticos e até servidores do alto escalão das referidas prefeituras e até da SES/MT, citados fartamente nas páginas da investigação. Basta lembrar que, entre os principais investigados Gustavo Ivoglo, com o médico Renes Filho e empresas privadas estabelecidas tanto em Alta Floresta (3 empresas são citadas no processo), cria um link perigoso com as participações dessas empresas na atual gestão, por meio de mensagens interceptadas pela perícia em Março de 2021, da época do primeiro secretário da gestão Gamba, Laureano Barella (que atuou do início de Fevereiro até 25 de Maio de 2021), com as quais Renes diz ter mantido contato frequente e planejavam atendimento médico sem licitação no município de Alta Floresta.

Páginas 180, 181 e 363 do processo:

Apesar da Nota afirmar que o consórcio, ainda, não recebeu qualquer notificação ou intimação da justiça que justifique qualquer desconfiança por parte da investigação, na Nota “se esquece” de mencionar que todos os municípios envolvidos, além dos demais restantes no Estado, receberam ordem judicial, na pessoa do Juiz João Bosco Soares da Silva, titular da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, a pedido do MP/MT e da DECOR, por meio de ação cautelar, no sentido de determinar a proibição de novas contratações com as administração pública no Estado e nos municípios, nem permitir mais a participação em processos licitatórios das referidas empresas investigadas por “suposta ocorrência dos crimes de peculato, adulteração de documentos públicos e associação criminosa”, sob pena de desobediência de ordem judicial, o que implicitamente associa todos os municípios membros do consórcio ao processo.

Caso o prefeito de Alta Floresta e demais municípios do CIS do Alto Tapajós, estejam se sentindo constrangidos pela imprensa por divulgar os atos legítimos do legislativo de Alta Floresta, cabe aos mesmos enviarem “Nota” ao delegado titular do inquérito policial, Dr. Henrique Trevisan e ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, no sentido reclamar pelas suspeitas levantadas contra seus municípios, só que para isso terão que apresentar argumentos mais bem mais plausíveis de como médicos, empresas, servidores e agentes públicos, que tanto prestam serviços ao Estado como aos municípios, agiam criminosamente nas barbas de suas administrações sem que nunca soubessem de nada ou algo chegasse ao conhecimento de seus governos.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: