sábado, 22 de junho de 2024

BOMBA | Ingerência política das Prefeituras de Alta Floresta e Paranaíta provoca paralisação e demissões na saúde regional

Em ano eleitoral, sempre surge o desespero por angariar novos holofotes e ludibriar a população fazendo parecer que algumas foram alcançadas por políticos oportunistas atrás de votos.

Em Alta Floresta, um escândalo que envolve uma tentativa frustrada dos prefeitos de Alta Floresta e Paranaíta acabou se tornando um pesadelo para milhares de eleitores que podem acabar ficando sem o atendimento médico hospitalar para casos de média e alta complexidade que já estava funcionamento, mas, foram prejudicados pela ingerência política de prefeitos da região norte.

Tudo por que, além de atrair a atenção do eleitorado para supostas conquistas,  o que de fato existe por trás dessa manobra política suja, é um orçamento de mais de 150 milhões de reais ao ano, com graves indícios de ganância, má-fé, interesses eleitorais e o velho jogo sujo da política. Além disso, decidiram “melar” a negociação do Estado com o Hospital particular, por mera vergonha de perder espaço político na saúde dos municípios, ao perceberem o sucesso dos atendimentos que vinham sendo realizados no setor privado.

Uma empresa contratada com o Estado de Mato Grosso, Instituto Fênix, esta semana deu um duro golpe no Governo do Estado e na saúde do povo de Alta Floresta e região (Alta Floresta, Paranaíta, Carlinda, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes e Apiacás), após ser aliciada diretamente nos últimos meses, mais especificamente, pelos prefeitos Chico Gamba e Ormar Mandacaru.

É importante frisar, que o Hospital apenas presta os serviços sem fins lucrativos e os atendimentos por meio de requisição fazem parte de “pactuação emergencial” para atender a demanda nos atendimentos de pacientes/usuários do SUS, que estão aguardando vagas na fila, principalmente nos casos de cirurgias eletivas e de urgência/emergência, haja visto que a saúde Alta Floresta anda a deriva por deficiência e ou insuficiência por parte da gestão, e para isso, o Estado providenciou esta saída em caráter de emergência.

O Instituto Fênix, na pessoa de seu presidente, Sr. Dalcio Augusto Pedreira Junqueira Franco, que atendia por meio de um convênio intermunicipal contratado pelo Estado, e abrange diversos municípios no Estado, após ter sido assediado e cooptado especificamente pelos prefeitos de Alta Floresta e Paranaíta, simplesmente reuniu os mais de 100 funcionários do Hospital Santa Rita, que atuam no programa estando já com seus salários atrasados há 3 meses, e disse que não vai honrar os compromissos salariais deixando subitamente de atender o convênio que é realizado no Hospital particular de Alta Floresta.

Com isso, uma crise sem precedentes se instalou na saúde pública de Alta Floresta devido a ingerência política dos prefeitos, comprometendo o atendimento médico no Hospital Santa Rita, o que provocou uma onda de protestos e até pedido de demissões de todo corpo clínico na tarde desta Quinta-feira (20/6).

Tal caso precisa urgentemente ser analisado com profundidade pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, pois envolve a saúde e a vida de milhares de pessoas na região norte de Mato Grosso.

O QUE É O INSTITUTO FÊNIX

O Instituto Fênix, empresa de São Paulo, que se apresenta como Associação Civil sem Fins Lucrativos, qualificação como Organização Social de Saúde (“OSS”), que tem como Presidente o Sr. Dalcio Augusto Pedreira Junqueira Franco, firmou um consórcio intermunicipal com o governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, na data do dia 25 de Março.

Com o objetivo de atender casos de média e alta complexidade dentro da estrutura do Hospital Santa Rita de Alta Floresta, uma cerimônia com direito a descerramento de fitas foi realizado nas dependências do Hospital na presença do secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo e uma comitiva de prefeitos, Chico Gamba (Alta Floresta), Osmar Moreira (Paranaíta), Pastor Fernando (Carlinda) e de Edmilson (Nova Monte Verde) no dia 10 de Março.

Na ocasião, todos festejaram a conquista para a região que seria igualmente atendida pelo Estado, ainda que em uma unidade privada. A contratação foi devidamente publicada no Diário Oficial do Estado, em 25 de Março e habilitada pelo Estado, no dia 28/3.

No objeto do convênio estão: “PRESTAÇÃO DE SERVIÇO HOSPITALAR PARA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E AMBULATORIAL DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE, INCLUINDO EXAMES E CONSULTA PARA AVALIAÇÃO CIRÚRGICA PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOS, PARA ATENDER OS USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/SUS, NO ÂMBITO DO ESTADO DE MATO GROSSO”.

ABANDONO DE CONTRATO

Na tarde desta Terça-feira (18/6), passados mais de 3 meses da cerimônia inaugural, o Instituto Fênix, em uma reunião relâmpago, comunicou sem maiores satisfações e esclarecimentos, aos funcionários, médicos, enfermeiros e a diretoria do hospital que não iria honrar os compromissos financeiros, se abstendo de continuar a parceria do convênio junto ao hospital

A notícia do não pagamento provocou uma paralisação imediata de todos os atendimentos e tornando a vida de uma centena de profissionais em um pesadelo pessoal, pois muitos estavam aguardando os repasses de salários que não recebem há quase 3 meses, impossibilitando a todos de honrar compromissos assumidos.

Com o rompimento do convênio, funcionários do Hospital Santa Rita que já estão sem recebimento desde o início do convênio promoveram um protesto na porta do hospital na tarde de ontem Quarta-feira (19/6) exigindo os pagamentos atrasados.

Para agravar ainda mais a crise provocada pela empresa conveniada, na tarde desta Quinta-feira (20/6) toda equipe médica, que havia sido contratada para atuar nos moldes do convênio pediu demissão e abandonaram seus postos de serviço deixando pacientes de Alta Floresta e região, na sua maioria de alta complexidade a mercê da sorte.

A ingerência política dos prefeitos foi tão forte que parte da imprensa local, que esteve presente no dia dos protestos gravando entrevistas, por ter contratos com a prefeitura de Alta Floresta acabou não publicando as matérias com medo de retaliações.

 A “TRAPAÇA”

Nos últimos meses, um esquema digno de roteiro hollywoodiano, como o do filme de “A Trapaça” (American Hustle – 2013), que envolve uma trama onde elementos claros de possíveis improbidades administrativas e sabotagens maquiavélicas começou a ser arquitetada pelos prefeitos citados acima.

Ao perceberem que o programa do Estado com o hospital privado estava sendo um sucesso, e que os mesmos não estavam capitalizando nenhuma vantagem política sobre os atendimentos médicos junto a população, passaram a se reunir sorrateiramente com o presidente do Instituto Fênix, para dar vida ao plano de sabotagem que iria culminar paralisação dos serviços.

Em recentes postagens nas redes sociais do município de Paranaíta, o prefeito Osmar Mandacarú mostrou abertamente suas intenções ao lado do prefeito Chico Gamba, quando divulgaram uma viagem a Cuiabá, e em reunião na SES/MT, com assessor do deputado estadual Nininho, as tratativas políticas que intentaram retirar do Hospital Santa Rita o convênio do Estado trazendo para unidades de saúde pública, na companhia do presidente do Instituto Fênix, Dalcio Augusto. A comitiva contou até com a presença do presidente da Câmara de Alta Floresta, Oslen Dias (Tutti), a tira colo dos prefeitos.

VÍDEO NA FRENTE DA SECRETARIA DE SAÚDE:

 

Mal sabem eles, que tal espécie de consórcio, realizado por meio de contratos de convênios entre o Estado e empresas privadas, é regido por uma lei federal específica e pelas Resoluções do CIBMT, nº 85/2024, 86/2024 e 87/2024, que só pode ser realizada com tais empresas nos moldes da: – (Lei Federal nº 14.133, Artigo 5º, §VIII – (Contratado: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pessoas jurídicas, signatária de contrato com a Administração),  deixando no ar pergunta que não quer calar:

Seria ausência de conhecimento do Edital, indução a erro ou pura má fé dos nossos gestores municipais?”

OFERTA DE PROPINA

Quando a gente pensa que o que já estava ruim não poderia piorar, no afã de tomar a gestão do Hospital e com isso manusear pessoalmente o dinheiro destinado sem prestar contas a diretoria da empresa privada, o Instituto Fênix na pessoa de seu presidente propôs ao diretor Dr. Marcelo Miranda uma oferta de R$ 200 mil reais por mês para que o mesmo deixasse a cargo do Instituto Fênix o controle total do hospital e suas dependências sem interferir nas decisões, contratações, compras e pagamentos.

De imediato o proprietário do hospital recusou a oferta e ameaçou denunciar o Instituto Fênix ao Estado, o que levou o Instituto a formular um contrato ilegal de sublocação do hospital e encaminha-lo ao setor da saúde do Estado, no intuito de evitar que a proposta fosse vista como de gaveta.

O contrato elaborado foi encaminha ao Estado, que de pronto rejeitou o contrato, ameaçando rescindir o convênio caso o Instituto insistisse na ideia, lembrado ao mesmo que: (Segue trechos do Ofício do Estado)

(“Tendo em vista, que “Memorando de Intenção” ou “Proposta de Locação”, perante os Princípios de Diretrizes da Administração Pública, não são considerados Instrumento Formal que justifiquem a contratualização e/ou credenciamento/habilitação de estrutura de Hospital Privado de natureza jurídica “ENTIDADES EMPRESARIAIS” por processo de INEXIGIBILIDADE e/ou DISPENSA DE LICITAÇÃO, a não ser que esteja gerido por uma OSS entidade sem fins lucrativos por meio de CONTRATO DE GESTÃO”).

(“Pois bem, REITERAMOS o nosso entendimento descrito no Ofício n. 012/2024, de 15/06/2024, de que o Contrato de Gestão NÃO é um instrumento exigido pelas Resoluções CIB n. 85, n. 86 e n.87, bem como, NÃO é uma exigência legal para o Credenciamento nº 006/2024 e futuro Contrato, conforme passamos a expor:

1. Analisando os textos das Resoluções CIB/MT nº 85, de 21/03/2024, nº 86, de 21/03/2024 e n° 87, de 09/05/2024, não encontramos nenhuma exigência de formalização de qualquer instrumento com a Empresa Gestão Hospitalar Santa Rita de Saúde Ltda, cujo CNPJ é n. 55.144.868/0001-57. O que é possível extrair dos textos dos documentos da CIB é que o vínculo do Instituto é com o Hospital e Maternidade Santa Rita, com CNES n. 3913899, vinculado ao CNPJ n. 24.953.416.0001-92. O texto nos deixa claro a ilegalidade e ausência de legitimidade do que está sendo exigido por Vossa Senhoria, o que nos traz a certeza de que nenhum dos Princípios e Diretrizes da Administração Pública é amparo legal para o que está sendo proposto”).

Se vendo encurralado pelas próprias tentativas de manobras e decidindo confiar na força política dos prefeitos a quem se aliou, o empresário e presidente do Instituo Fênix, Dálcio Augusto decidiu dar sua última cartada e juntar-se ao chefes do executivo de Paranaíta e Alta Floresta, numa tentativa inócua de fazer pressão política por meio do deputado Nininho, que é uma espécie de “Coringa” dos prefeitos para “assuntos impossíveis” de serem resolvidos.

Resta agora aguardar a manifestação do Ministério Público do Estado que segundo consta já tem pleno conhecimento sobre grande parte desses fatos e já está tomando suas providências. 

#AltaFloresta #Paranaíta #HospitalSantaRita #InstitutoFênix #SESMT #OsmarMandacarú #ChicoGamba #SUS #MatoGrossoAoVivo #DannyBueno

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: