segunda-feira, 3 de junho de 2024

Vereador tem antecedentes, mas advogada volta atrás e emite Nota afirmando que não houve agressão

Ao final da noite desta Segunda-feira (3/6), o vereador Claudinei de Jesus e a advogada Simone Carol emitiram uma Nota de Esclarecimentos para desfazer o ocorrido registrado no Boletim de Ocorrência.

O assunto do dia em Alta Floresta-MT (800km de Cuiabá), foi a denúncia feita pela advogada criminalista Simone Carol Batista de Araújo, que chegou a registrar um Boletim de Ocorrência, por “Lesão Corporal“, neste Domingo (2/6), alegando que teria sido “enforcada” pelo seu convivente após uma discussão em sua residência.

No boletim, que circulou em grande parte da mídia local e até estadual, a mesma declarou a Polícia Militar que o vereador Claudinei de Jesus (MDB), vice-presidente da Câmara Municipal de Alta Floresta e líder do prefeito Chico Gamba (União Brasil), teria chegado embriagado em sua residência e após ser rejeitado pela mesma teve seu escritório residencial invadido e esse passou a “enforcá-la”, parando apenas após os gritos de sua irmã e da própria filha do vereador que se encontravam na casa.

Em contato com o vereador, no início da noite, o mesmo afirmou que iria emitir uma nota e que não teria havido agressão alguma.

Em conversa com a advogada, a mesma não quis dar declarações e ainda ameaçou a nossa reportagem de processo judicial caso houvesse alguma publicação sobre os fatos declarados por ela mesma na confecção do Boletim de Ocorrência policial.

A própria “Nota de Esclarecimentos” emitida pelo casal, em tom de censura, impõe que: “tomaremos as medidas cabíveis relacionadas a toda repercussão e exageros publicados nos meios de comunicação e nas redes sociais, que sem qualquer tipo de zelo e profissionalismo se basearem ilegalmente em um boletim de ocorrência que não foi fiel aos fatos e sequer lido e assinado pela comunicante“.

SEGUE ABAIXO A NOTA DE ESCLARECIMENTOS:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

CÓPIA REPROGRÁFICA DO BOLETIM DE OCORRÊNCIA: 

BOLETIM DE OCORRÊNCIA
POLICIA MILITAR – MT

9° COMANDO REGIONAL – 8° BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR

Natureza: * Lesão Corporal

Data: 02/06/2024

Narrativa:  ESTA GUPM FOI ACIONADO VIA COPOM, RELATANDO QUE NA RUA J1, SETOR J, A SOLICITANTE ACIONOU A POLICIA MILITAR, ATRAVÉS DE MENSAGEM DE TEXTO DE WATSAP NO TELEFONE FUNCIONAL, RELATANDO QUE SEU CONVIVENTE ESTARIA A AGREDINDO, QUANDO CHEGAMOS PELO LOCAL O SUSPEITO JÁ HAVIA SE EVADIDO DA RESIDÊNCIA TOMANDO RUMA IGNORADO, PASSOU A NARRAR A DOUTORA SIMONE CAROL, QUE NAMORA O SENHOR CLAUDINEI QUE É VEREADOR DO MUNICÍPIO A CERCA DE 03 (TRÊS) ANOS, QUE ELE TEM ACESSO PERMANENTE A SUA CASA, QUE APROXIMADAMENTE UMA SEMANA SEU NAMORADO TROUXE UMA FILHA MENOR DE 11(ONZE) ANOS DE IDADE FRUTO DE UM OUTRO RELACIONAMENTO, PARA MORAR COM A DECLARANTE A PEDIDO DA CRIANÇA, DEVIDO A MENOR TER PERDIDO (ÓBITO) SUA MÃE VÍTIMA DE UM CÂNCER, QUE A MENINA NÃO QUER MORAR COM O PAI E SEUS FAMILIARES, QUE A CRIANÇA PASSA POR UM TRATAMENTO COM PSICÓLOGO, QUE NESTA DATA, O CLAUDINEI CHEGOU EMBREAGADO, USANDO DE CHANTAGENS CONTRA A VÍTIMA, QUE A SENHORA SIMONE DISSE PARA ELE QUE ESTAVA CANSADA DE SUAS PRESSÕES PSICOLÓGICAS E CHANTAGENS E QUE QUERIA TERMINAR O RELACIONAMENTO (POIS SEGUNDO A VÍTIMA O SUSPEITO USAVA A FILHA PARA SENSIBILIZAR SUA COMPANHEIRA), MOMENTO QUE A SENHORA SIMONE ENTROU EM SEU ESCRITÓRIO PARA TRABALHAR E TENTOU FECHAR A PORTA, SENDO IMPEDIDA PELO ACUSADO, QUE MEDIANTE FORÇA CONSEGUIU ENTRAR NO ESCRITÓRIO E FOI PARA CIMA DA MULHER QUE ESTAVA SENTADA EM SUA CADEIRA DE TRABALHO, TENTANDO ENFORCÁ-LA, SÓ NÃO CONSEGUINDO DEVIDO AOS GRITOS DA TESTEMUNHA QUE É SUA IRMÃ E DE SUA FILHA; QUE A DECLARANTE MONSTROU PARA GUPM UMA LESÃO EM SEU ANTEBRAÇO ESQUERDO SENDO CAUSADO PELA FORÇA DO SUSPEITO TENTANDO AGREDI-LA; AINDA SEGUNDO A SOLICITANTE, NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE O SENHOR CLAUDINEI TOMA ESSAS ATITUDES LHE CAUSANDO MUITO MEDO E VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, POIS A VÍTIMA TEM MEDO DO AGRESSOR VOLTAR EM SUA CASA E LHE FAZER UM MAL MAIOR CONTRA SUA VIDA; QUE SEGUNDO A DECLARANTE A CRIANÇA FICOU EM SUA CASA COM O CONSENTIMENTO DO PAI E ESTÁ TRAUMATIZADA. DIANTE DOS FATOS ESTA GUPM CONFECCIONOU O B.O E REGISTROU PARA MEDIDAS NECESSÁRIAS QUE O CASO REQUEIRA.

Vereador tem antecedentes criminais

O Processo criminal nº 0002928-56.2019.8.11.0007, de 2019, movido pelo Ministério Público de Alta Floresta, julgado pelo juiz Alexandre Sócrates Mendes, onde figuram no polo ativo como vítimas, a ex-esposa do vereador (falecida recentemente) e um terceiro envolvido que acusaram formalmente o vereador Claudinei de Souza Jesus do mesmo crime de lesão corporal causado por agressão na época em que era casado, demonstrando que talvez o vereador seja reincidente na prática de violência doméstica.

Segundo relatos de fontes, na época o vereador invadiu a casa da mãe de sua ex-esposa, agredindo violentamente tanto ela quanto um outro rapaz que tentou impedir as agressões. O vereador chegou a ser conduzido a delegacia e foi liberado em seguida. O processo teve seu fim em 18/07/2023 (10 meses), e foi definitivamente arquivo após um acordo entre as partes.

Com a palavra, o Comando da Polícia Militar de Alta Floresta.

#altafloresta #matogrosso #cmaf #claudineidesouzajesus #pmmt #chicogamba #lesãocorporal #violênciadoméstica #tjmt

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: