segunda-feira, 11 de março de 2013

Crônicas de Rondônia (12/03) – “Segunda Sangrenta”, ninguém mais está seguro

Nem Promotor escapa

Dessa vez foi em Ariquemes, a casa do Promotor de Justiça Dr. Edilberto Tabalipa foi invadida e os assaltantes fizeram a mulher e filhos do Promotor de refém logo na chegada. Ao ouvir o tumulto o Promotor pegou o revolver e conseguiu render um dos assaltantes, baleando-o e depois dominando-o até a chegada da polícia.

Salvos pela arma

Além da coragem extrema do Promotor em defender  e salvar a sua família, boa parte da sua bem sucedida abordagem se deve ao fato de o mesmo poder portar arma de fogo e assim reagir de igual para igual diante de uma situação tão  crítica. Muitos vão dizer que o Promotor agiu errado, pois poderia ter colocado em risco a sua vida e de seus familiares, mas, ficou bem evidente neste episódio que se não fosse o risco assumido talvez nem mesmo a arma ficaria para contar a história dessa família. Ainda mais ao perceberem que estavam na casa de um Promotor de Justiça, com certeza, ladrão algum pensaria duas vezes antes de “queimar” qualquer tipo de arquivo que pudessem testemunhar ou mesmo indicar seus rastros.

Momentos de terror

Ao adentrar a sala aonde os bandidos estavam com sua família, o Promotor encontra o meliante com a arma apontada na cabeça de sua esposa, o Promotor ainda pediu que o mesmo se rendesse, mas, ao contrário esse ainda tentou alvejar o Promotor, que foi obrigado a atirar contra o bandido. Graças a Deus os tiros acertaram em cheio o assaltante que foi abandonado pelo comparsa após ver seu companheiro caído pelo duelo. Os demais componentes do bando que não tinham entrado na casa também fugiram ao escutar os disparos e debandada do colega, sendo mais tarde localizados rapidamente pela Polícia e pelo GOE. Na chegada a Polícia Militar a residência, teve pouco mais do que o trabalho de algemar e conduzir o assaltante baleado ao hospital para depois levá-lo à cadeia. A família emocionada pelo trauma sofrido agradeceu a ação rápida Polícia Militar e buscaram se refazer uns nos braços dos outros.

Empresário executado em casa

Diferente do Promotor que teve chances de se defender, um empresário foi violentamente assassinado em Porto Velho na manhã desta segunda feira (11/03). Três tiros atingiram e mataram o empresário Raimundo Aguiar, conhecido como “Nonato”, morto na manhã desta segunda-feira na Avenida Pinheiro Machado com México, no Bairro Embratel em Porto Velho. Ele vistoriava obras de um hotel, no mesmo local em que reside quando criminosos em um Pálio preto, de placas com final 5790 chegaram. Um deles desceu atirando. Dos cinco tiros disparados, três acertaram o homem que tinha 52 anos: um no ouvido esquerdo e dois no peito. A Polícia Civil já iniciou as investigações e disse que o empresário vinha recebendo ameaças de morte.

Até quando vamos aceitar isso

Está mais do que na hora das autoridades instituírem um choque de segurança, nem que fosse para promover um estado de Tolerância Zero em todo os Estado, não é possível aceitar mais essa escalada da violência sem limites, daqui a pouco vamos estar aceitando até mesmo que esses bandidos venham frequentar nossas casas e comércio como se fossem celebridades, pois a onda de criminalidade está dando um  verdadeiro show na Polícia e nas autoridades competentes.

Um mês sem Naiara Carine

Naiara CarineA família da estudante de jornalismo Naiara Carine ainda aguarda alguma solução do crime por parte da Polícia. No último dia 08 de Março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, completa-se um mês da morte brutal da estudante que levou 20 facadas após ser violentada. Nada do que a Polícia apresente de resultados pode satisfazer o vazio deixado pela perda da filha amada à família, mas, vai fazer uma grande diferença para a toda a sociedade perceber que aqueles que são pagos para nos proteger estão realmente cumprindo o seu papel, tanto de prevenir quanto de desvendar os crimes mais difíceis. Isso com certeza traria grande tranquilidade as milhares de famílias que ainda confiam na competência das autoridades.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: