segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Até quando as autoridades de Alta Floresta vão colocar a culpa de sua incompetência nas "forças da natureza"


COLUNA AF – ANÁLISE DOS FATOS (BY DANNY BUENO) – 07/01/2019

No último Sábado (05/01), como em várias outras ocasiões passadas, a cidade de Alta Floresta teve uma pequena amostra do caos que pode se tornar a vida da população caso as chuvas torrenciais continuem a cair nos próximos dias.

Sem nenhum “pingo de exagero”, mesmo por que temos imagens e vídeos para provar aos incrédulos, a cidade em dias de chuva forte e tempestades se alaga com uma facilidade impressionante, bastaram apenas alguns minutos para que todas as ruas e avenidas se transformem em verdadeiras corredeiras urbanas.

Diversos leitores do Mato Grosso Ao Vivo, que residem em Alta Floresta, fizeram questão de enviar imagens e vídeos de suas ruas e avenidas, alguns são empresários, outros apenas donas de casa inconformadas com a triste realidade que a falta de saneamento público eficiente provoca.

Em alguns casos, o próprios moradores, pasmados com o que estão filmando, narram com um ar de desespero a caótica visão de uma tragédia anunciada que nunca é tratada pelas autoridades competentes com a devida responsabilidade.

Enquanto isso, a Câmara de Vereadores “navega”em outras águas pelos durante 45 dias, pois o período de recesso parlamentar “obriga” nossos edis a saírem de férias e desfrutar de seus pompudos salários, começou desde o dia 15 de dezembro e retorna dia 1 de fevereiro, somados ao Verba indenizatória mensal (R$ 5.500,00), 13º salário (R$ 4.500,00 – apenas os vereadores Miquiel Zacarias e Eliza Gomes se recusam a receber), pagos rigorosamente em dia, para só então, após o período das águas, voltarem com seus velhos discursos ensaiados de que “a população já não aguenta mais todo ano esses alagamentos…’ . Só que na prática mesmo, nada de arregaçar as mangas e mostrar pro eleitores o que é que estão a fazer pelo município.

Já a prefeitura, com suas pífias soluções e inoperância absoluta,  empurradas com a barriga ano a ano, até que se aproxime o período eleitoral, quando então, miraculosamente surgem novas idéias e projetos que nunca foram pensados durante todo período anterior, enquanto a população amarga prejuízos e os que deveriam amenizar esse sofrimento dormem, de costas, em “berço esplêndido”, com os olhos cerrados para os principais problemas estruturais.

Basta dizer que o próprio secretário de obras, Elói Luiz de Almeida, que desde os primórdios da fundação da cidade sabe muito bem de todas as pequenas, médias e grandes mazelas existentes no município, desde o tempo jurássico em que foi prefeito, porém, insiste anualmente em resolver os problemas da malha viária sempre com a boa e velha “Operação Tapa Buraco”, indo sempre a televisão para justificar que, “devido ao período de chuvas”, não há tempo hábil para sanear as quilométricas ruas e avenidas esburacadas de Alta Floresta.

Não é nada raro ver sempre um ou outro comentário nas redes sociais associando as ruas esburacadas do município as crateras da Lua, pois de tanto engolir as esfarrapadas alegações do secretário Elói de Almeida e do prefeito Aziel Bezerra, que quando aparece todo mundo já sabe o que vai dizer, os moradores já levam a questão pro lado “piada pronta”, ai a “zoeira” corre solta no “Zap-Zap”, pois todos sabem muito bem que na zona de conforto e impunidade em que vivem os torna imunes a opinião pública em geral, e assim segue o cortejo municipal sem nunca apresentar novidades para a população.

Mas, é bom saber que, ao que parece, os dias de políticos incompetentes, inoperantes e obtusos, principalmente aqueles que enganam a boa fé do povo pra sustentar-se em seus cargos está acabando, pois uma nova onda de consciência polícia e social, surgida por meio das redes sociais está conseguindo, aos poucos, para desmascarar e punir aqueles que passam anos “brincando” com a cara do povo.

VÍDEO COM IMAGENS IMPRESSIONANTES FORNECIDAS POR MORADORES VIA REDES SOCIAIS:

(No vídeo acima, temos imagens fornecidas por nossos leitores das Rua F, Rua B, Rua D, Av. Ludovico da Riva e Av. Ariosto da Riva – Créditos das imagens: Lindaura do Carmo, Vilma Dresch, Mateus (Servfest), Maurício (Servfest) e moradores anônimos).

Não precisa ser nenhum Oscar Niemayer pra ver que há anos a falta de ampliação e limpeza apropriada das toscas e rasas galerias existentes na cidade, construídas em administrações passadas, igualmente incompetentes, provocam boa parte do transbordo que ocorre nas principais  ruas e avenidas.

Em seu “Plano Diretor” promulgado em 26 de dezembro de 2003, sob forma de Lei n.° 1272/2003, na gestão Romoaldo Junior, que está na Assembleia pelo seu sexto mandato consecutivo, e de lá pra cá nunca mandou uma “roela” pra sanear o escoamento no município,  que diz em sua  – Seção II “Do Saneamento”-Artigo 25, da Sub-Seção IV que:

“IV. reestruturar as redes existentes no caso das mesmas apresentarem-se saturadas, executando reforma desenvolver projetos visando ampliação do sistema de drenagem urbana;”. 

Mas, na prática todo mundo sabe que ninguém do legislativo e muito menos do executivo dá a mínima pra parte que diz: “reestruturar as redes existentes no caso das mesmas apresentarem-se saturadas, …desenvolver projetos visando ampliação do sistema de drenagem urbana“.

Já a Lei Orgânica do Município, parece que foi criada pra tratar o assunto de maneira bem genérica e vaga, mas, diz claramente, em seu Título IV – “Da ordem econômica e social” | Capítulo I/Seção III /Artigo 86/ Parágrafo G -VII diz que:

VII – adequação dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, notadamente quanto ao sistema viário, transporte, habitação e saneamento, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar social geral e a fluição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;

Ou seja, o assunto todo é muito sério e todo mundo faz ouvidos moucos quando vem a tona, a começar pelo prefeito que deveria correr atrás do Estado e dos deputados estaduais todo mês pra conseguir recursos, mas não o faz, ou se faz ninguém nunca fica sabendo.

Em segundo lugar, a maioria dos vereadores que usam suas vagas na Câmara Municipal para atuarem como meros “despachantes de luxo”, e vivem a distribuir monções de aplausos, congratulações e vez ou outra atendem algum pedido de associação de bairros pra trocar umas lâmpadas queimadas ou irrigar as ruas empoeiradas.

Isso sem falar quando não estão empenhados em aumentar os próprios salários (R$ 4.500,00), garantir o recebimento das verbas indenizatórias (R$ 5.500,00) e aprovar o próprio 13º salário para um final de ano bem gordo, além é claro de apoiar leis abusivas, extorsivas e desonestas enviadas pela prefeitura que só tendem a “assaltar” ainda mais a tão sofrida e abandonada  população que nunca vê em que são usados os impostos.

Depois vem o deputado estadual Romoaldo Junior (MDB), do partido do prefeito Aziel Bezerra, que foi reprovado nas urnas deste pleito, porém por ser aliado aliado do governador eleito Mauro Mendes (DEM), por meio de uma manobra política imoral caminha para seu 6º mandato na Assembleia, pra todo efeito só serve mesmo pra envergonhar a boa gente de Alta Floresta envolvido até a tampa em escândalos milionários de corrupção a nível estadual.

Pecam também por omissão outras esferas do poder público como o Ministério Público que observam no cotidiano as mazelas e os sofrimentos dos munícipes, conhecem a fundo as obrigações do poder executivo e ao que parecem moram em outra cidade, ou não saem as ruas em dias de chuvas, e não venham me dizer que o MP precisa ser “acionado” pra cobrar os demais poderes responsáveis pela sua inoperância.

Até onde se sabe, nunca se falou seriamente nos últimos 20 anos em um planejamento urbano de qualidade, reordenamento das redes de galerias fluviais, o Código de Postura do Município, que são normas rígidas de convívio e organização do meio urbano, que em Alta Floresta nunca foi elaborado, o que acaba se tornando outra piada pronta, pois se quer existe pra corrigir erros grotescos de comportamento urbano, em se falando de controle e fiscalização tudo corre frouxo no município, e os olhos das autoridades competentes que deveriam agir vivem fechados sabe-se lá por quais motivos.

Calçadas intransitáveis, bueiros entupidos a céu aberto, acostamentos irregulares e empresas que fazem o que querem nas calçadas do município como se fosse a extensão do seu quintal, excesso de placas e outdoors irregulares, estacionamentos indefinidos e delimitados por empresas e igrejas que provocam na mente dos pedestre e motoristas na mais completa confusão, sem qualquer manifestação contrária da Prefeitura ou da Câmara, que na maioria das vezes só usa de suas secretarias responsáveis para aplicar multa em terrenos baldios ou fiscalizar focos de queimadas residenciais.

Enquanto isso, as chuvas abençoadas do nosso verão amazônico continuam levando a culpa por tudo de ruim que acontece em Alta Floresta.

 

LEIAM ABAIXO O “PLANO DIRETOR” E A “LEI ORGÂNICA” DO MUNICÍPIO QUE DITA AS OBRIGAÇÕES QUE A PREFEITURA DEVERIA TER QUANTO AO ZELO DA INFRA-ESTRUTURA MUNICIPAL:

PLANO DIRETOR DE ALTA FLORESTA (2003):

Plano Diretor de AF_244

_________________________________________________

LEI ORGÂNICA DE ALTA FLORESTA (1990):

Lei organiza de AF_1438

 

FOTOS ENCAMINHADAS VIA REDES SOCIAIS:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: