terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Polêmica sobre conserto de calçada divulgada por vereador pega fogo nas redes sociais

A CALÇADA DA DISCÓRDIA – 

Era pra ser apenas mais uma simples postagem de divulgação de atividades da página do vereador Oslen Dias Santos, (Vereador Tutti), mas, acabou se tornando num pandemônio por conta da críticas e cobranças que o povo passou a disparar pelo Facebook.

A obra executada pela prefeitura municipal, foi concluída em tempo record e nem as chuvas impediram ou atrapalharam sua execução.

A polêmica discussão passou a esquentar com a participação de juristas, “defensores apaixonados” do vereador e “especialistas” no assunto que sempre aparecem de última hora pra apimentar a conversa.

Já no caso do advogado Luis Cuissi, que decidiu entrar no embate contra a divulgação do vereador, o caso tem sim um viés no mínimo “irregular”, pela forma como foi feita, pois trata-se de um espaço que deve ser mantido e conservado pelo proprietário do terreno, por tanto, não pode ser consertada pelo poder público que tem a obrigação de notificar o proprietário para fazê-lo.

Ainda no calor da discussão, o advogado ameaça levar o assunto para “o grupo da OAB” e consequentemente ao Ministério Público, pois o vereador estaria “investindo dinheiro público em situação particular”.

Na verdade, o que o Dr. Luis Augusto Cuissi, quis acusar tanto a prefeitura, como o vereador é de estar praticando o bom e velho “Clientelismo na administração da coisa pública”.

Para quem não sabe vamos explicar, qual seria a melhor definição sobre o Clientelismo na administração Pública:

CLIENTELISMO: 

Clientelismo é a utilização dos órgãos da administração pública com a finalidade de prestar serviços para alguns privilegiados em detrimento da grande maioria da população, através de intermediários, que podem ser prefeitos, vereadores, servidores públicos, deputados, secretários, pessoas influentes, etc.

(Termo pesquisado: O que é Clientelismo na administração pública).

FONTE: DEFINIÇÃO / 

ESTUDO SOBRE O CLIENTELISMO

Com certeza se olharmos por esse prisma, o assunto pode sim render muito pano pra manga ainda, em desfavor, tanto da prefeitura, como do próprio vereador.

Mas, como aqui em Alta Floresta, ao que parece isso é uma prática constante e quase que cultural, pois nunca ouvi falar que o MP “enquadrasse” a prefeitura por consertar essa ou aquela calçada de terceiros por indicação ou a pedido particular de algum vereador, provavelmente a coisa permaneça como sempre foi, ou seja, ninguém vai responder por nada, e feliz daqueles que são “amigos do Rei”.

Voltando a questão do Clientelismo, só pra ficar bem esclarecido, outra forma de praticar o delito, seria mais ou menos assim: – (Se eu, enquanto cidadão, visse um profissional da limpeza pública (Gari), com fome e quisesse “patrocinar” uma marmita a este, teria que abrir junto a prefeitura um termo de doação ao município que tramitaria por alguns dias até receber a autorização para conceder o favor ao funcionário público, e assim por diante, pois na coisa pública nada pode ser dado ou tomado sem o devido controle econômico e patrimonial, é por isso que existe a tão temida Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que vira e mexe condena e até cassa alguns chefe do poder executivo por aí).

O próprio vereador fez questão de registrar com seu celular a comparação do benefício que a obra trouxe aos cidadãos – (FOTOS: Vereador Tutti)

Estilo PPP

Em outro trecho do debate com o advogado, o vereador afirma que a obra foi executada em um regime de colaboração, ao estilo das PPPs (Parceria Público e Privado), o que é totalmente previsto hoje em dia na legislação que rege a administração municipal e estadual, porém, tais parcerias tem que passar por um processo legal de licitação, aonde a empresa parceira é devidamente autorizada pra compor com o poder público, o que não foi feito no caso em questão.

Isso demonstra, infelizmente, que tanto a prefeitura como alguns vereadores desconhecem a legislação e a forma de proceder com a coisa pública.

Por outro lado

Na verdade, a raiz da discórdia toda, que fez alguns dos seguidores do vereador nas redes sociais abordarem o assunto de maneira polêmica, foi que o mesmo, como é de seu costume, tirou as fotos no “estilo selfie”, como sempre o faz em suas postagens e agradeceu a prefeitura, na pessoa do prefeito Aziel Bezerra, por tê-lo atendido no pedido de promover a obra de trecho de calçada ao lado da Caixa Econômica do município.

Ou seja, para alguns, o vereador estava “claramente” se aproveitando da situação ao mostrar uma obra com fins de auto promoção, pois conforme disse um dos  seus “inquisitores”: Voces ja tam começando a campanha”…

Para o bem ou para o mal, o fato é que o vereador acabou por se complicar ao explicar repetidas vezes aos seus seguidores do Facebook, que a obra tinha sido sim executada com mão de obra da prefeitura, porém, todo o material teria sido doado por um empresário, o qual não citou o nome, é bem provável que seja o próprio dono do terreno.

Caso não seja o proprietário do terreno, tal alma caridosa, também terá que dar explicações as autoridades e dizer por qual razão ou interesse decidiu tomar tal iniciativa.

Excesso de zelo

Para quem conhece pessoalmente o vereador Tutti, figura carismática, amiga e batalhadora sabe muito bem que ele não teve a menor intenção de prejudicar-se a si mesmo com a postagem, pois em sua concepção, estava apenas prestando contas de suas atividades parlamentares, coisa que faz cotidianamente, por meio de fotos e ações que pratica em suas andanças pelo município, com uma taxa de produtividade bem mais elevada do que alguns outros vereadores por aí.

Além do mais, ser político no interior do Estado no Brasil, ainda mais no poder legislativo, beira a quase ser um zero a esquerda, caso você não esteja alinhado com o poder executivo, então, quando há a possibilidade de ajudar uma parcela da comunidade com uma outra obra há sim uma grande necessidade de se cantar vitória.

No caso do nobre edil, que virou o centro das atenções por esta postagem, talvez por puro excesso de zelo com seus eleitores ou até mesmo por ingenuidade administrativa, resta agora mostrar a toda população o que já fez  e que fará muito mais para colaborar no desenvolvimento e na execução de inúmeras outras obras na cidade, sem esquecer é lógico que em tempos de redes sociais implacáveis, o que antes era uma coisa “banal”, hoje em dia pode virar de uma hora pra outra, uma bela dor de cabeça em sua promissora carreira política.

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: