segunda-feira, 22 de julho de 2019

Após demissões por retaliação, Hospital Regional de Alta Floresta fecha leitos por desfalque dos profissionais dispensados

A própria coordenadora assistencial do Hospital Regional de Alta Floresta, reconheceu que a população atendida pela unidade de saúde será a grande prejudicada pela ausência dos profissionais atuavam nos leitos da clínica médica masculina, que agora se encontram desativados.

A sala aonde antes funcionavam os leitos, se encontra vazia e sem utilidade pela falta dos profissionais demitidos

Em entrevista de capa concedida ao jornalista Bruno Felipe, Jornal O Diário desta segunda feira (22/07), a coordenadora assistencial do HRAS, Rosenilda Pereira, confirmou a reportagem que realmente procedem as denúncias de que haveriam sido fechadas algumas salas do pronto atendimento, em razão da dispensa dos profissionais contratados que tiveram seus contratos encerrados por conclusão do prazo de trabalho com aquela unidade de saúde do Estado de Mato Grosso.

A denúncia trazida ao jornal dava conta de que haviam sido fechadas cerca de 20 leitos, porém,a coordenadora assistencial disse que foram apenas 5 leitos, na clínica médica masculina, no intuito de prestar um melhor atendimento aos demais pacientes pela falta de pessoal disponível para o setor.

Quanto a demanda no atendimento, por razões óbvias, a própria coordenadora, aproveitou a reportagem para mandar um recado a população, para que não encaminhem casos de baixa complexidade para o Hospital Regional, pois o número reduzido de funcionários já compromete a qualidade do atendimento, pois houve necessidade de se “readequar” o quadro de funcionários, por conta disso pediu a colaboração da população dos moradores de Alta Floresta e municípios vizinhos a fim estarem encaminhando ao HRAS apenas casos que ela classificou como “emergenciais”.

“Não adianta a gente falar que tem leitos, mas, não tem pessoal para cuidar, daí o paciente ficará mal assistido, não terá medicamento na hora certa; então tivemos que fechar por que não temos funcionários para cuidar”, concluiu Rosenilda Pereira.

A sala desativada por falta de profissionais para atendimento, que aparece nas fotos dos denunciantes, aonde estavam os leitos, é aparelhada para leitos de alta complexidade, com ar condicionado novos e sistema de abastecimento e tratamento por oxigênio, mas, agora ao que parece, virou um depósito de cadeiras e lixo.

Até o presente momento, não há qualquer manifestação expressa do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, nem quanto as demissões arbitrárias e claramente de cunho retaliatório, nem quanto aos desfalques no atendimento clínico, pelo fechamento dos leitos imprescindíveis aos pacientes do Hospital Regional de Alta Floresta, que já sofre com a carência de novos leitos e UTIs que nunca foram entregues e que tem por responsabilidade atender cerca de sete municípios na região norte de Mato Grosso.

 Já os políticos da região, parece até piada poder contar com a ajuda dos mesmos, pois desde as primeiras denúncias de perseguição e assédio moral dos funcionários, quando ainda trabalhavam na unidade de saúde, nada aconteceu, e muito menos vai acontecer por agora que tanto a Assembleia Legislativa quanto a Câmara de Vereadores do município de Alta Floresta, sede do HRAS, e domicílio dos profissionais que atuam no Hospital Regional, estão em recesso parlamentar de 15 dias, ganhando as custas do povo, e só devem voltar a atender aos anseios da população após o dia 31 de Julho.

O governo do Estado, após perder em duas instâncias, para um grupo de funcionários que entrou na justiça para barrar a realização de uma Processo Seletivo que seria realizado no mês de Junho, abril novo edital e remarcou o concurso para o mês de Agosto, com aumento no número de vagas de 195 para 215.

Destes funcionários que entraram na justiça para impedir a realização do Processo Seletivo anterior, as principais lideranças da ação contra o Estado estão entre os 11 que foram demitidos sumariamente, coisa que poderia sim ter sido evitada com a renovação dos contratos temporários até o mês da realização do novo concurso, mas, por mero capricho e demonstração extremo descaso com a população, dos dirigentes do Hospital Regional de Alta Floresta com anuência do governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde, os mesmos ficaram sem seus empregos e a unidade de saúde estadual ficou sem condições, de funcionar com a capacidade já precária que dispunha para atender a demanda dos municípios.

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: