sábado, 6 de julho de 2019

RETALIAÇÃO | Nova marca registrada do Governo Mauro Mendes, 25 funcionários do Hospital Regional demitidos por entrarem na justiça

Os funcionários que foram demitidos em massa, em sua maioria, são os mesmos que por não aceitarem a forma como seriam realizadas as provas do Processo Seletivo elaborado pelo governo estadual, acabaram entrando na justiça e ganhando a suspensão do processo por meio de decisão em primeira e segunda instância.

Funcionários que participaram da ação judicial foram demitidos mesmo com a necessidade urgente de novas contratações.

Na manhã desta sexta feira (05/07), 25 funcionários contratados pelo Hospital Regional Albert Sabin – HRAS foram sumariamente demitidos pela direção da unidade, que alegou apenas fim do período de contrato de trabalho, mesmo o Estado tendo necessidade de contratar cerca de 198 novos servidores por meio de Processo Seletivo.

Pelas regras de contratação, necessariamente o Hospital não teria nenhuma obrigação de demitir os funcionários com contratos já vencidos, ainda mais com a defasagem de contratados que obrigou ao Estado a realização do Processo Seletivo, ou seja, além de não ter previsão de quando o processo será realizado e quando os novos servidores começarão a trabalhar, agora o Hospital fica com 25 profissionais a menos para atender uma demanda regional acima da capacidade da unidade hospitalar.

Mesmo com os prazos de contratos vencidos pelo período estipulado, o Estado poderia permitir a direção do HRAS que fizesse a renovação por períodos menores para aguardar a definição da realização do Processo Seletivo, mas, preferiu simplesmente desligar os profissionais sem se preocupar com a queda de qualidade no atendimento da unidade de saúde, que já não é das melhores.

Além disso, há denúncias feitas pelos próprios funcionários demitidos, de que há várias pessoas contratadas por indicações políticas, nos mesmos moldes de contrato temporário, que poderiam ser dispensadas sem causar maiores danos operacionais ao hospital, mas, foram “poupadas” e caso a direção do Hospital viesse a seguir regularmente os prazos de contratos, teria que ter demitido mais de 100 funcionários, mas, apenas alguns “escolhidos” foram sacrificados pra mostrar o regime de “mordaça” que impera no setor administrativo do Hospital Regional de Alta Floresta.

Segundo os funcionários demitidos, que são os mesmo que impetraram uma ação contra o Estado para impedir a realização do Processo seletivo, o qual acabou sendo suspenso pelo Desembargador Juvenal Pereira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, no último dia 29 de junho, corroborando com a interpretação da juíza Janaína Rebucci, da 3ª Vara de Justiça de Alta Floresta, que entendeu que as provas acabariam por prejudicar aqueles funcionários que já trabalhar na unidade de saúde, mas, no dia do Processo Seletivo, não teriam condições de participar do horário das provas, pois estariam de plantão.

O Juiz considerou também o argumento de que o Processo Seletivo tinha que ter prazos mais alongados ou em duas etapas, e que oportunizassem a participação daqueles que já atuam no Hospital Regional e pretendiam realizar a prova do processo.

Após a suspensão do Processo Seletivo, alguns participantes que teriam vindo de outros municípios para fazer a prova chegaram até a registrar Boletins de Ocorrência contra a direção do Hospital Regional por não repassar qualquer tipo de informação que evitasse o desgaste da viagem e despesas de deslocamentos para Alta Floresta.

Os profissionais atingidos, afirmam estar sofrendo retaliação do Estado, por meio da direção do Hospital e pretendem entrar via Ministério Público com uma ação civil pública contra os desmandos e a falta de probidade nas demissões arbitrárias que sofreram, simplesmente por não aceitarem a forma com que o governo deseja realizar o Processo Seletivo.


Em resposta nossa matéria, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), emitiu uma nota desmentindo os funcionários quanto ao número de demissões e afirmou que apenas 11 foram “contemplados” com o cancelamento dos contratos e que todos os atuais funcionários com contrato vencidos no último dia 05 de Julho, terão suas renovações garantidas.

 O OUTRO LADO

NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE HOSPITAL REGIONAL DE ALTA FLORESTA
Nota enviada às 16:21

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclarece que é inverídica a informação de que houve a demissão de 25 funcionários do Hospital Regional de Alta Floresta.

De acordo com a secretaria adjunta de Administração, Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, apenas 11 profissionais – com perfis contemplados no processo seletivo a ser realizado pelo Estado – não obtiveram a renovação do contrato justamente pelo futuro preenchimento das vagas.

Entretanto, a área administrativa, que não integra o processo seletivo em questão, renovou o vínculo com todos os profissionais que tiveram os contratos vencidos no dia 5 de julho.

Diante do exposto, a SES-MT enfatiza que trabalha para a regularização legal e correta de todas contratações efetivadas pelas unidades estaduais de Saúde.

Ascom | SES-MT

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: