sexta-feira, 2 de outubro de 2020

"Ciumeiras" e "trairagens" dão um tom de desgaste moral à candidatura a prefeito do PSDB

As rusgas surgiram a partir do momento que pré-candidata foi informada que não seria mais a opção do partido para concorrer nas eleições como vice prefeita ao lado do candidato do PSDB.

Mal começou a campanha eleitoral e antes mesmo de ser definido nome de quem seria candidato (a) o (a) vice-prefeito (a), ao lado do produtor rural Chico Gamba, já há trocas de acusações por parte da “ex-preterida” do PSC, Dayana Roberta Pereira de Oliveira, que teve por meio de áudios espalhados em grupos de Whatsapp, condenou duramente o comportamento da presidente do Partido Social Cristão – PSC, Roseli Rampázio (Rose do Tradição), acusando-a de ter literalmente “puxado seu tapete” na hora de ser aprovada como a vice escolhida pelo partido.

Nos áudios, a “ex-pré-candidata” do PSC, Dayana Oliveira, indicada e apresentada publicamente pela própria Rose do Tradição como sendo a melhor escolha para disputar a vaga do executivo municipal, critica abertamente as atitudes da presidente, que segundo ela, são “questionamentos” quanto as informações “compartilhadas” nos áudios.

Na narrativa da psicóloga, desde o início de 2019 foi aclamada unanimemente como a a pré-candidata a majoritária pelos membros do partido, que naquela época ainda era o PSL, partido pelo qual Rose do Tradição estava a frente por ter disputado campanha para deputada em 2018. No início de 2020, a própria Rose teria convidado a médica para se desfiliar do PSL e acompanha-la para seu novo partido o PSC, com a mesma expectativa de ser a pré-candidata oficial no novo partido onde também estaria assumindo a presidência a convite de um deputado estadual.

Nos áudios a psicóloga conta que a própria Rose do Tradição se dizia impedida pela família de participar como pré-candidata pelo fato de não concordarem com mais um desgaste político caso viesse a perder as eleições. A médica afirma que perguntou diversas vezes a Rose, se não havia interesse  na vaga ou se não viria a mudar de ideia quanto ao fato de ser pré-candidata oficial do partido, obtendo como resposta que a família não aceitava a sua candidatura, além disso, a mesma teria outros objetivos e estaria se dedicando exclusivamente a sua empresa.

 O fato é, que após acordo selado em reunião no último início de Setembro, com a presença do então pré-candidato ao senado por Mato Grosso, pelo PSDB, Nilson Leitão, cinco dos seis pretensos candidatos a prefeito no município, entre eles a psicóloga, Dayna Oliveira, Chico Gamba, Robertinho Motos, Vinícius Nazário e Edinho Paiva, concordaram em participar de uma pesquisa prévia que definiria os mais bem cotados entre os cinco para que assim fosse composto um arco de aliança definindo o primeiro colocado na pesquisa como pré-candidato a prefeito e o segundo como seu vice.

Porém, após o resultado, que ranqueou o produtor rural Chico Gamba como favorito seguido do delegado Vinícius Nazário, Robertinho Motos, Edinho Paiva e por último Dayana Oliveira, houve dissenções entre o grupo que se partiu em dois com a saída dos pré-candidatos Robertinho Motos e Vinícius Nazário.

Na época, conforme a linha sucessória do resultado, o candidato a vice acabaria caindo para o pré-candidato Edinho Paiva, mas, desacordos internos fizeram com que o PSDB não visse com bons olhos o nome do prefeitável do PL.

Ou seja, a próxima da lista obrigatoriamente deveria ser a pré-candidata do PSC, Dayana de Oliveira, porém, conforma a narrativa da mesma, foi surpreendida pela até então amiga inseparável e tutora política, com uma argumentação de que a melhor opção, e o “melhor nome” para a vice-prefeitura ao lado do pré-candidato do PSDB seria ninguém menos que a presidente do partido, a própria Rose Rampázio.

Após absorver com sabor amargo a sua desqualificação interna por meio de cisão unilateral da presidência, e mesma esclarece que decidiu vir a público explicar quais foram as reais razões de seu afastamento no cenário eleitoral que já estava composto.

A médica afirma também com a decepção sofrida, já não está mais atuando no partido e que vai pedir sua desfiliação do mesmo e que até presente momento não sabe se irá apoiar algum outro candidato a prefeito no município, e que se apoiar será com razões suficientemente plausíveis quanto à escolha de um nome bom de fato para Alta Floresta.

 

 

 O OUTRO LADO

Em conversa com a candidata oficial a vice prefeita, pelo PSC, Roseli Rampázio, a mesma disse que Dayana Oliveira faltou com a verdade e que não houve qualquer “puxada de tapete”, pois o processo de escolha foi transparente entre os membros do partido, tendo sido escolha pela maioria o seu nome, por ser mais conhecido e consagrado no meio político.

“Gosto muito dela e não tenho nada contra ela, fui fiel e amiga dela, mas o grupo decidiu que nesse momento o meu nome era mais conhecido e que nos trabalharia o nome dela para as próximas eleições…”

Segundo Rose Rampázio, só aceitou ir como candidata a vice a pedido de apoiadores e do grupo do PSC e que a verdade está acima de tudo.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: