quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Música "presente" de campanha é cópia autorizada de canção de cidade natal de candidato de Alta Floresta

Você votaria em candidato que não teve ética com a própria cidade em que nasceu?

O candidato nunca fez menção de que música era de sua cidade natal

Em tempos de “Fakenews”, é muito importante estarmos atentos para a manipulação de obras originais que muitas vezes tem por objetivo alcançar o bem, mas, nas mãos erradas podem induzir as pessoas a acreditarem que estão comprando gato por lebre.

Você já ouviu falar naquela expressão: “Fazer cortesia com o chapéu dos outros?” ou ainda “Fazer filho na mulher dos outros?”

Pois é, foi isso que o candidato do MDB de Alta Floresta, empresário Robson Silva, que é natural de Ubá-MG, fez já no lançamento oficial de sua campanha para conquistar a vaga da prefeitura municipal.

Em uma postagem de um vídeo clipe oficial da campanha, na página oficial de candidato, no último dia 07 de Outubro (Quarta), com ares de comemoração, o candidato apresentou a população uma canção, sem apresentar a fonte ou os autores, que segundo ele, se tratava de um “presente” para todos alta-florestenses, como forma de agradecimento para a cidade aonde escolheu “morar, educar os filhos e constituir família”.

E ainda pediu aos seus seguidores que comentassem o que acharam da canção, que veio timbrada com o número da CNPJ, o nome da coligação e o slogan da campanha, conforme ordena a legislação eleitoral.

No vídeo, são mostradas ainda, imagens dos principais pontos turísticos do município, escolas, universidades igrejas, bancos, prédios públicos e prédios e marcas de empresas privadas, (não se sabe se, com ou sem, autorização do uso das imagens).

Na letra, repleta de poesia e uma bela e harmoniosa melodia, a canção que diz: “Alta Floresta, Cidade Carinho”, uma expressão sem dúvida “fofa” para se agraciar um município de tantas riquezas e pessoas tão valorosas.

Porém, a questão é, que tudo isso seria uma memorável homenagem a nossa linda cidade e marcaria a história do município pelo resto da vida, se tudo não passasse de uma cópia fiel, porém inglória, de uma canção produzida em 2007, em parceria com a prefeitura do município de Ubá, a 280 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que teve por propósito comemorar os 150 anos de emancipação política e administrativa daquele município, em 2007, ou seja, há 13 anos atrás.

Na verdade, a cópia da canção, que foi devidamente autorizada pelos seus autores e compositores Bruno Rooke e Bráulio Hilário, segundo Bruno (Rooke) Barletta, e não se sabe a que custo, e teve pouquíssimas alterações estratégicas, aonde foram alterados o nome do município, o números de habitantes e algumas atividades comerciais e econômicas, para fazer casar com a nossa realidade local.

Em conversa com um dos autores, Bruno (Rooke) Barletta, o mesmo confirmou que a canção foi “cedida” ao candidato, após serem procurados por um dos irmãos do candidato, que solicitou a utilização da canção, que ficaria igualmente como tema da cidade de Alta Floresta.

O compositor, não quis esclarecer quanto as condições e se a canção foi negociada com o irmão do candidato, o qual ele disse não se lembrar do nome, mas, que após uma breve “conversação” tudo já estava devidamente autorizado para a utilização da música, segundo ele, sem qualquer critério de impedimento legal.

Pois bem, acontece que entramos em contato com a prefeitura de Ubá, por meio do Senhor Marcos Roberto, gerente de cultura da Secretaria Municipal de Cultura, que tem a frente da pasta o secretário Paulo Roberto de Faria Silva, que ficaram horrorizados com tamanha falta de ética por parte dos autores da música, pois a mesma foi encomendada e produzida em 2007, a pedido da prefeitura de Ubá, para servir de alusão aos 150 de história do município, além disso, mais de 45 músicos e profissionais, envolvidos em uma mega produção que contou até com um coral de cantores que foram contratados e pagos pela prefeitura de Ubá, para a produção de vídeo clipe e enredo comemorativo exclusivamente para essa finalidade.

Na verdade, segundo o departamento de cultura de Ubá, a canção, a partir da sua criação, passou a ser literalmente um patrimônio cultural da cidade Ubá, cantada diariamente por milhares de moradores, e não poderia jamais ser repassada para qualquer outra finalidade que não fosse a homenagem original para a qual foi criada.

Além da prefeitura, entramos em contato com a Associação Comercial e Industrial de Ubá – ACIUBÁ, para saber se os mesmos também tinham conhecimento dessa cessão de direitos do uso da canção do município mineiro, e a presidente da entidade, Senhora Izabel Vieira, ficou igualmente decepcionada com a “traição” dos músicos ubaenses que ao que tudo indicam terão muito que se explicar para toda população daquele município.

A situação por lá, certamente não vai ficar muito boa pro lado dos autores da obra, mas, por aqui, em Alta Floresta, devemos nos perguntar até onde vai a o respeito e a consideração de um candidato para com seus eleitores, que bem ou mal, foram enganados pela omissão proposital da verdadeira origem da canção que estavam recebendo de “presente de agradecimento”, provavelmente por que achou que ninguém jamais se importaria em descobrir e revelar a verdade.

Resta saber se, burlar os princípios da ética e da moralidade serão uma tônica do governo Robson Silva, caso venha a se eleger a prefeito do município de Alta Floresta, a resposta está nas mãos dos quase 40 mil eleitores do município que darão seu veredito no próximo dia 15 de Novembro nas urnas.

(( O QUE DIZ O CANDIDATO CITADO ))

Entramos em contato com a assessoria direta do candidato Robson Silba, porém, não obtivemos nenhuma resposta até o fechamento da matéria. 

PÁGINA DO CANDIDATO LANÇANDO A MÚSICA:

ASSISTA O VÍDEO ORIGINAL DA CANÇÃO PRODUZIDO EM 2007:

ASSISTA O VÍDEO DA CANÇÃO ALTERADA PARA A CAMPANHA DO CANDIDATO:

ENTREVISTA COM OS AUTORES DA CANÇÃO EM DEZEMBRO DE 2019:

VÍDEO COMEMORATIVO DE 163 ANOS DA CIDADE DE UBÁ, EXIBIDO EM 4 DE JULHO DE 2020:

ATUALIZAÇÃO DA MATÉRIA (11:42)

Após a publicação, a assessoria da campanha do candidato enviou um documento assinado por um dos autores da canção “Cidade Carinho”, como forma de comprovar a cessão do direito de utilização da música, porém, a autorização não visa atender a campanha do candidato, conforme está sendo utilizada, mas, sim de forma genérica, para ser exibida em rádios, tvs e internet.

DOCUMENTO ENVIADO PELA ASSESSORIA DO CANDIDATO ROBSON SILVA:

BRUNO DECLARAÇÃO

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: