segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Foto mostra servidores da Zona Eleitoral em Monte Verde apontando número de candidato

A foto intrigante, batida dentro do recinto do próprio cartório eleitoral do município de Nova Monte Verde, está dando o que falar e levantando dúvidas quanto a impessoalidade dos servidores que estavam justamente manuseando a urnas eletrônicas para as próximas eleições.

Na foto, um dos servidores fez questão de não participar do ato.

O fato ocorreu no último dia 11 de Outubro (Domingo), durante a revisão das urnas eletrônicas que foram enviadas para o município e serão utilizadas para o processo eleitoral do dia 15 de Novembro.

Na foto, aparecem a Coordenadora da 50ª Zona Eleitoral, e mais cinco homens com os dois dedos, um de cada mão, levantados na forma do número 11, que corresponde justamente ao número do candidato do Partido Progressista que concorrerá nas próximas eleições.

A foto, que já foi apontada pela própria assessoria de imprensa da justiça eleitoral, como “Fakenews”, antes mesma de ter sido publicada qualquer nota pela imprensa, foi tirada no interior do cartório eleitoral a portas fechadas e batida por alguém que tinha muita intimidade com o grupo em questão.

É possível ver ainda que os técnicos contratados pela Justiça Eleitoral e a servidora responsável estão com um dos computadores ligados com a logo da Justiça Eleitoral e cerca de mais de 20 urnas eletrônicas e ainda um cartaz da ouvidoria eleitoral ao fundo pendurado na parede.

Apenas uma das seis pessoas que aparecem na foto, de mãos abaixadas, não fez questão de participar da alusão ao número onze e não esboçava nenhuma alegria como os demais colegas pelo ato inusitado.

Candidato do Partido progressista – 11, a vice e candidatos a veredor fazendo o mesmo gesto dos servidores eleitorais.

(( O QUE DIZEM OS CITADOS ))

Segundo a servidora, que está coordenando os trabalhos da justiça eleitoral no município de Nova Monte Verde, a qual decidimos preservar o nome e a imagem, por questões conservação da honra pública, disse que a foto foi tirada como comemoração, do primeiro lugar alcançado junto aos demais cartórios eleitorais, por ser a primeira zona a concluir o sistema de apuração interna, porém não apresentou qualquer relatório oficial que comprove esta alegação.

Ao entrar em contato com a assessoria de imprensa da Justiça Eleitoral em Cuiabá, perguntamos se já foi enviada alguma outra foto comemorativa anteriormente, por outro grupo de trabalho em municípios do Estado, que tivessem tido a mesma ideia de levantar os dois dedos, lado a lado, em comemoração aos trabalhos concluídos, mas, a assessoria não soube dizer, mas, afirmou que a comemoração é pratica comum entre os grupos de trabalhos do TRE/MT, e que imagens destas manifestações são frequentes entre os grupos espalhados pelos municípios.

Solicitamos a assessoria de imprensa que nos fornecesse algum relatório interno que comprovasse a indicação de que aquela Zona Eleitoral realmente esteve rankeado em primeiro lugar no sistema do TRE, no dia e na hora em que a foto foi tirada, mas, segundo a assessoria, o sistema,que se chama Painel Judiciário RCAND, é inconstante e se atualiza de hora em hora, mas não guarda registro dos cartórios que chegaram a primeira colocação.

Segundo a assessoria de imprensa do TRE/MT, em conversa com a servidora a mesma afirmou que tudo não passou de uma brincadeira e que naquele momento teve a infeliz ideia de manifestar a vitória por meio do gesto, convidando os colegas a se manifestarem também.

A assessoria informou também que a foto teria sido postada em um rede social de um dos participantes da “brincadeira” e depois retirada, justamente por ter causado enorme polêmica entre os moradores do município.

Perguntado se a servidora que coordenado os trabalhos e os demais servidores votam no município, a assessoria de imprensa informou que não pertencem a aquele colégio eleitoral e também não teriam conhecimento dos nomes e dos números relativos aos candidatos que estão concorrendo as eleições, apenas estariam por um período de implantação do sistema naquela região para depois retornarem as suas bases.

Perguntado se a assessoria de imprensa tinha conhecimento que foi realizada uma reunião com os 3 candidatos dos partidos concorrentes nestas eleições, Progressista (11), cujo candidato é Edmilson Marino (Coligado ao partido da atual gestão municipal), o Partido Patriota (51), cujo candidato é Romilton Anacleto e o Partido Social Democrata – PSD (55), cuja candidata é Eliana Lauvers, e que esta reunião ocorreu antes da foto ser tirada nas dependências do cartório eleitoral, a assessoria de imprensa disse que não tinha conhecimento, mas, afirmou que decorar os nomes e números dos candidatos é um dilema para todos os servidores da justiça eleitoral, pois em meio a tantos candidatos isso acaba ficando “difícil”.

Nenhum comentário:

Pesquisar matérias no Blog

Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: