terça-feira, 3 de novembro de 2020

Em live, Delegado Vinícius é pressionado a responder sobre cargo, salário e assédio

A live foi realizada no último dia 24/10 e permitiu que a nossa reportagem esmiuçasse algumas questões que estavam incomodando com relação as condições em que o Delegado Vinícius Nazário chegou ao cargo e as situações de troca de acusações internas durante suas gestão na delegacia de Alta Floresta.

As três principais questões foram prontamente respondidas pelo candidato.

O convite, feito pela assessoria do candidato, na intenção de trazer um profissional da imprensa de fora da campanha para questionar pontualmente sobre assuntos que estavam sendo levantados em redes sociais quanto a legalidade e a moralidade de alguns atos cometidos ou vivenciados que permeiam a vida profissional do então delegado de polícia.

Além disso, pudemos entrar na questão salarial que tem sido alvo de críticas sobre a opção do delegado em ficar com um salário de maior valor, enquanto poderia até abrir mão, mas, obviamente não o fará.

Quando falamos obviamente, pois na minha opinião, entendemos que nenhum ser humano, com família constituída e em pleno gozo de suas faculdades mentais deixaria de receber um salário maior, que por direito conquistou profissionalmente, só para fazer bonito e tentar calar pessoas totalmente ignorantes de informações legais do programa salarial estadual e que se amparam na hipocrisia para guiar a população numa pífia e absurda retórica distorcida, na intenção de causar a impressão de má fé por parte do candidato.

Também entramos na questão dos assédios, dos quais foi acusado e teve defesa de ampla maioria da própria categoria, servidores locais, que em Nota de Apoio, rechaçaram a tentativa frustrada do sindicato, que emitiu uma Nota de Repúdio, que desaprovava a fala do candidato em uma live anterior, atingindo a imagem do candidato com publicações desprovidas da concordância daqueles que realmente conviveram no dia a dia com o então delegado de polícia.

E por fim, pudemos falar abertamente sobre a questão da obtenção do cargo por meio de liminar, que segundo o delgado Vinícius Nazário é uma constante no meio do serviço público, aonde além dele, dezenas de outros concursados ao cargo de delegado de polícia também entraram na justiça para assegurar o direito de permanecer no cargo que muitas vezes pode ser questionado pelo Estado, mas, não significa que invalide ou desqualifique o servidor de atuar a frente da função após sua nomeação.

RESERVAMOS OS PONTOS CRUCIAIS DA NOSSA ENTREVISTA COM A RESPOSTA DADA PELO CANDIDATO:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: