quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Juiz eleitoral cassa "pesquisa fake" que aponta Chico Gamba em primeiro, feita por empresa de gaveta

A decisão judicial foi expedida pouco antes da meia noite desta Quarta feira (11/11), com determinação expressa  para que a divulgação da pesquisa seja proibida e impedida de veicular em qualquer canal de notícias e pelos membros coligação da campanha.

Apesar de proibir a imediatamente a divulgação da pequis por todos os meios o juiz Antônio Fábio Marquezini, da Justiça eleitoral de Alta Floresta, não incluiu  a Coligação “PRA FRENTE ALTA FLORESTA”, que tem a frente o candidato Chico Gamba, no polo passivo, por entender que não foram encontrados indícios de que o candidato ou a coligação tenham tido conluio ou concurso com a empresa que “fabricou” a pesquisa de forma irregular.

O pedido de anulação da pesquisa, via pedido de liminar, foi impetrado pela Coligação “Alta Floresta Rumo ao Futuro” no último dia 09/11 (Segunda), representada pelo advogado Dione Ramos, visava barrar, em caráter de urgência, a divulgação da pesquisa considerada duvidosa e a responsabilização dos autores.

A pesquisa sombria, teria sido contratada por interesse jornalístico do portal “NORTÃO ON LINE”, e  deverá ser excluída imediatamente de suas páginas de informação sob pena  multa diária de R$ 10 mil reais e de responder solidariamente por crime de desobediência a justiça eleitoral, mantendo-se a suspensão da divulgação até que sejam esclarecidas todas as questões da controversa pesquisa..

A empresa contratada, já havia sido desmascarada por nossa equipe de reportagem investigativa, também no último dia 09/11 (Segunda), que revelou a todo o Estado as condições em que eram contratadas a pesquisa caso alguma coligação ou candidato viesse a procurar os serviços prestados.

O próprio dono da empresa, “MGS Markting e Dados”, Mercio Gomes da Silva, é quem recepciona os interessados no município de Colíder, porém, o telefone da empresa, (66) 3541 1112, utilizado até na nota fiscal que foi expedida para justificar o pagamento de R$ 3 mil reais ao TRE, pertence ao gabinete do prefeito de Colíder, conforme consta na lista telefônica, e o “marketeiro” responsável legal da empresa, pertence ao quadro de servidores da prefeitura de Colíder, atuando no setor de comunicação.

A sede da empresa, que deveria funcionar como Matriz, na Rua Cuiabá, 645 no centro de Colíder, conforme a moradora do imóvel aonde deveria estar a empresa, há anos é uma bela clínica de estética.

 A DECISÃO JUDICIAL

Na decisão imposta pelo juiz Antônio Fábio Marquezini, a empresa tem que apresentar em 48 horas sua defesa, sob pena de correr a revelia, diante das evidências graves de fraudes constatadas  que permeiam a pesquisa, mostrando-se tendenciosa e incorreta.

Foram constatados também que a empresa incluiu pesquisa para os cargos de senador, mas, de forma confusa que pode induzir o eleitor a erros.

O juiz Antônio Fábio Marquezini, verificou que a empresa apresentou resultados confusos, que geram dúvidas e causam a descredibilidade nos resultados apresentados, ou seja, representando desvio de finalidade e causando impacto negativo perante o eleitorado e ainda  desfavorecendo o resultado das eleições em curso.

Para efeito de cessar a onda de divulgações incorretas o juiz determinou a imediata suspensão da pesquisa em qualquer veículo de comunicação ou canal da campanha sob pena de condenação e pagamento de multa.

O juiz eleitoral ressaltou ainda que foram identificadas “DUAS IMPROPRIEDADES GRAVES QUE COMPROMETEM VEEMENTEMENTE A CONFIANÇA DO ELEITORADO E A CREDIBILIDADE E LISURA DA PESQUISA”.

Não informando o por que o candidato Luiz Araújo, não estar presente nos resultados e o por que não foram informadas as razões da ausência de seu nome em toda pesquisa.

O juiz pontuou ainda que os percentuais de 92,71% calculados na pesquisa não são complementados a ponto de somar os 100% necessários das avaliações de intenções de votos do eleitorado entrevistados, ou seja, algo que por si só já levanta suspeitas graves sobre os resultados.

E por fim, o Juiz Antônio Fábio Marquezini, ordenou que “CESSE IMEDIATAMENTE A DIVULGAÇÃO DA PESQUISA  DE Nº 00284/2020, EM TODOS OS VEÍCULOS DE INFORMAÇÃO”, isso significa dizer que em qualquer formato e ou canal de publicidade, propaganda e notícias a mesma deverá ser interrompida até que sejam investigadas pela presente ação eleitoral resultando da mal fadada pesquisa que colocava o candidato Valdemar Gamba – Chico Gamba, da Coligação “Pra Frente Alta Floresta”, como o primeiro colocado nas intenções de votos dos eleitores do município de Alta Floresta.

Áudios e vídeos pré-produzidos pela campanha vinham sendo veiculados massivamente em redes sociais e programas eleitorais até a noite desta Quarta feira (11/11), porém, deverão parar de serem exibidos por determinação judicial, mesmo por que, com a exposição da suspensão da pesquisa na mídia, vai ficar bem pior para a imagem política do candidato insistir em divulgar um resultado que não corresponde a verdade, segundo a justiça eleitoral. 

Com essa intervenção judicial, provocada por exageros e estratégias mal elaboradas, sabe-se lá de quem, além de alguns outros embaraços criados em discussões acaloradas de grupos de Whatsapp, que explodiram nas últimas horas em comentários burlescos, que transformaram em piada quanto a forma que está sendo conduzida a campanha do candidato, coordenadores, familiares e até vereadores.

Com isso, naufragam os sonhos do mesmo em se ver eleito ao cargo de prefeito no município a cada minuto que se aproxima da abertura das urnas eleitorais.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: