sexta-feira, 16 de abril de 2021

Famílias de Alta Floresta que perderam entes em UTIs do Santa Rita movem Petição Virtual

UNIDOS PELA DOR – 

Com pelos menos dois grupos de Whatsapp lotados, parentes e simpatizantes da causa, montaram uma petição virtual exigindo que as autoridades busquem a verdade sobre as denúncias contra o hospital.

Encabeçados pelo advogado Jiuvani Leal, advogado criminal radicado em Sorriso, irmão e filho de duas pacientes (Jeni Leal e Liliane Leal), que morreram durante tratamento da Covid-19 nas dependências do Hospital Santa Rita, os grupos criados com cerca de quase 500 pessoas, que receberam o codinome de  – “Em busca da Verdade”, com o intuito de manter acesa a chama de justiça que se ascendeu após as declarações bombásticas emitidas pelo médico Wagner Jeferson Miranda Junior.

O grupo na sua maioria é formado por familiares e amigos das pessoas que morreram no interior do hospital, sendo esses tanto de Alta Floresta como dos município vizinhos aos quais o hospital também tem obrigação de atender por força do Consórcio montado juntamente com os municípios de Apiacás, Carlinda, Nova Monte Verde, Paranaíta e Nova Bandeirantes.

O grupo conta a ainda com a adesão de simpatizantes que voluntariamente estão dispostos a apoiar as famílias em busca da verdadeira realidade do que se passa no interior das UTIs, que segundo as denúncias do Dr Wagner Miranda, são escondidas e manipuladas pela administração do hospital que impõe a “lei do silêncio”, perante seus funcionários e equipe médica.

Após as denúncias apresentadas pelo Dr. Wagner J. Miranda Jr, os familiares começaram a concatenar suas experiências traumáticas de perdas e chegaram a conclusão de que havia um padrão comportamental por parte dos profissionais médicos, equipe de enfermagem e administração do hospital, que a todos passava as informações de forma desencontrada e confusa, até por fim confirmar o falecimento de seus entes de forma inusitada, pois que em alguns casos, informações internas de terceiros davam conta que os pacientes haviam melhorado, e derrepente, a administração informava no outro dia, o falecimento em desacordo com as informações de profissionais que estavam cuidando diretamente daquele caso.

Essas e outras estão sendo repassadas espontaneamente por familiares indignados que relatam seus momentos de agonia durante processo de atendimento, quase sempre em tom de indiferença e descaso da parte da administração e alguns profissionais da equipe médica, que se limitavam a fornecer informações dias após insistentes apelos, ainda assim, de forma evasiva e vaga por meio de pouca conversa e boletins confusos.

A reportagem do nosso portal ,  recebeu de algumas das famílias ainda no mês passado, com certas incongruências deixaram o parentes com diversas dúvidas, tais discrepâncias foram confirmadas pelo Dr. Wagner Miranda Jr. que ao analisar o documento assinado por outro colega médico, do Hospital Santa Rita, afirmou que não há como as duas informações constantes do documento serem compatíveis. Resta saber se o profissional que assinou o documento, assinou antes ou após a elaboração do mesmo.

Tal documento, recebido por nossa redação também foi formalmente cedido na forma original a Polícia Civil.

No boletim, aparece marcado em “X“, que o paciente estaria em “Ar ambiente“, porém, no texto do parecer médico, afirma que o mesmo paciente estaria “respirando com oxigênio suplementar … com  parâmetros respiratórios muito alto… próximo alta de realizar o processo de intubação orotraqueal”, o que segundo a opinião médica do Dr. Wagner Miranda, há discordâncias gritantes no documento que em seu texto afirma que “não tem como uma pessoa intubada ser dada ao mesmo tempo estar em ar ambiente, ainda mais com “parâmetros respiratórios muito alto”, ou ela está intubada ou extubada, não existe meio termo nesses casos.

O grupo do Whatsapp decidiu criar um abaixo assinado em forma de Petição Virtual que já está recebendo assinaturas, clamando que as denúncias apresentadas sejam investigadas com rigor e imparcialidade pelas autoridades, entre elas, Ministério Público, Polícia Judiciária Civil e demais órgãos públicos responsáveis, sendo acompanhados de perto pela imprensa estadual, para que as verdades dos fatos venha a tona e a justiça faça seu papel perante a sociedade.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: