segunda-feira, 19 de abril de 2021

Médico que fez denúncias contra hospital particular de Alta Floresta sofre ameaças e sai do município

As ameças de agressão foram proferidas pelo pai do médico, que é advogado e irmão do proprietário do hospital Santa Rita.

Na última Sexta feira (16/04), enquanto uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde fazia inspeção e perícia em leitos clínicos e de UTIs, instalados no Hospital, o médico Wagner Jeferson Miranda Junior (Filho), recebeu um áudio aonde seu pai, Wagner Jeferson Miranda (Pai – advogado), fazia afirmações a esposa do filho, no sentido de que quando encontrasse o filho na rua iria dar-lhe uma lição por meio de uma surra “de cinta” no meio da rua, e se fosse possível iria na casa dele e chamaria a televisão pra vê-lo apanhar.

O áudio começou a circular como rastilho de pólvora, via Whatsapp, entre pessoas que passaram a fazer juízo de valor do médico que está no epicentro das denúncias contra o Hospital Santa Rita, que tem recebimento de recursos público da esfera estadual e federal, e é de propriedade do médico Marcelo Vinícius de Miranda.

Além das ameaças de agressão o médico proferiu uma série de insultos e injúrias contra o filho chamando-o de “drogado”, “moleque”, “ordinário”, “salafrário” e “bandido”, e no intuito de amedrontar a esposa do filho, que ela deveria se afastar dele pois “ele vai preso, ele vai se lascar… o que ele fez com o tio dele, ele vai sofrer consequências gravíssimas na vida dele, pra ele virar homem..”.

O pai do médico também insinuou que o filho já tivesse agredido a própria esposa, por duas vezes, o que foi desmentido pela companheira do médico a nossa redação.

O médico por sua vez, comunicou a todos no Sábado (17/04), sobre sua saída do município, temendo por sua integridade física comoda sua família, decidiu se ausentar do município, mas, fez um comunicado esclarecendo a todos os membros do grupo “Em Busca da Verdade”, criado para acompanhar as investigações inciadas pela Polícia Civil de Alta Floresta.

Em conversa com o delegado Vinícius Nazário, que preside o inquérito policial aberto, nesses casos há necessidade urgente de que seja oficializado um boletim de ocorrência, pois segundo o delegado, “qualquer ameaça ou intimidação no curso de uma investigação configura crime e pode ensejar um pedido de prisão”.

Diante de tamanha confusão, esperamos que não haja qualquer tentativa de remoção do Dr. Vinícius Nazário da delegacia municipal de Alta Floresta, pois é muito comum em alguns casos semelhantes ao que está acontecendo em Alta Floresta, alguns figurões do governo do Estado que sempre são “acionados” para tentar blindar as investigações de casos como esses na intenção de conseguir com que tudo acabe em pizza.

Se isso vier a acontecer, ai sim, ficaria escancarada a podridão que está por baixo dessas denúncias que são no mínimo, pra lá de criminosas e que precisam ser apuradas a fundo com todo rigor que a lei brasileira permite.

Além disso, na presente situação, não há ninguém melhor do que o Dr. Vinícius Nazário, para conduzir o caso, qualquer um estranho que venha de fora será um peixe fora do aquário que jamais terá a real clareza para investigar os fatos que já estão sendo acompanhados pelo Dr. Vinícius desde o ano passado. Um delegado que toda cidade confia e tem suas raízes plantadas no município, por ser um filho da terra, que com a mais absoluta certeza fará um trabalho isento de pressões externas, pois já detém todo conhecimento de causa pra encontrar a verdade por trás de tais denúncias que tiraram o sono da população de Alta Floresta e região norte de Mato Grosso.

E para aqueles que se acham no direito de condenar o médico denunciante, Wagner Miranda Junior, não há como não reconhecer que suas denúncias foram corajosas e robustas, porém, se vão lograr êxito perante a justiça só o futuro dirá, mas, de uma coisa eu sei, o mesmo relatou pra mim que diante de toda dor  que teria que enfrentar  e suportar  perante a família, sua consciência falou mais alto e preferiu, como médico e ser humano ficar em paz com sua consciência do que “vender sua alma ao Diabo”. Coisa que certamente muita gente prefere fazer hoje em dia, do que honrar os juramentos e votos que fizeram a Deus e aos homens.

OUÇA ABAIXO O ÁUDIO COM AS AMEAÇAS ENCAMINHADO PELO PAI DO MÉDICO A ESPOSA DESTE:

ASSISTA NOSSA COLUNA EM VÍDEO:

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: