sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Passados 21 dias da "Nota de Esclarecimentos", licitação da prefeitura de Alta Floresta com "empresa de gaveta" continua em vigência

Na Nota de Esclarecimentos emitida pelo gabinete do próprio prefeito Asiel Bezerra (MDB), afirmava que a licitação estaria sendo suspensa e auditada pela Controladoria Geral de Alta Floresta.

Prazo de auditoria se esgotou e nenhuma resposta foi dada a sociedade

Ao que parece, na prefeitura de Alta Floresta existem duas administrações, pois nem tudo o que o prefeito Asiel Bezerra (MDB), fala se cumpre nos demais setores de sua administração, que deveriam obedecer rigidamente suas determinações executivas, mas…

No caso da licitação da limpeza e manutenção dos ar condicionados das secretarias e demais setores da prefeitura, que teve como ganhadora uma empresa que não possui qualquer estrutura física ou administrativa para desempenhar os serviços contratados, denunciados pelo nosso portal (MatoGrossoAoVivo), nada foi feito na página do Portal da Transparência do município, ou mesmo publicado qualquer documento da “suspensão” e auditoria, amplamente divulgado nos meios de comunicação no dia 26/07 (sexta feira), assinado pelo prefeito Asiel Bezerra e endereçado a imprensa e a sociedade alta-florestense.

Na Nota de Esclarecimentos, o prefeito Asiel Bezerra determinou que, no prazo de 15 dias, a Controladoria Geral do Município de Alta Floresta concluísse e apresentasse relatório “acerca da existência de possível irregularidade apontada na referida licitação”, mas até a presente data a Controladoria Geral permanece em silêncio sepulcral sobre o assunto.

Há pouco mais de uma semana, o site da prefeitura entrou em estado de hibernação, sob a alegação de que está sendo “reformulado”, para se tornar mais intuitivo e moderno, curiosamente após as denúncias sobre licitações milionárias suspeitas, sem nenhuma previsão para quando o portal retornará ao normal. Apesar de que, foi deixado um link para que a população continue tendo acesso ao Portal da Transparência do município.

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Pois bem, ao acessar a página em que consta a licitação da empresa CLIMATEC – CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO EIRELI, vencedora do certame de R$ 1.282,000,00, para manutenção e limpeza dos ar condicionados da prefeitura do município, no Portal da Transparência, apesar do prefeito ter vindo a público noticiar que a haveria uma auditoria no processo licitatório, o mesmo encontra-se em perfeito andamento, ou seja, sem nenhum documento oficial de que esteja em suspensão ou auditoria, nada foi adicionado a página do processo licitatório, que para efeitos legais, no Portal da Transparência pelo menos, continua em vigência, como se a palavra do prefeito não valesse nada no município.

Enquanto a Controladoria Geral do município não emite nenhum parecer e a apresentação do Portal da Transparência não constar a auditoria declarada pelo prefeito Asiel Bezerra, tudo o que se percebe por parte da administração municipal é que ou o prefeito só falou por falar, e não manda patavinas na prefeitura, ou tem gente que com muito poder de fogo segurando o processo para que este venha a ser mantido tão logo caia no esquecimento da população.

O que se sabe mesmo até o momento é que a empresa que venceu a licitação não fez qualquer declaração pública sobre o assunto, mesmo após ser bombardeada na imprensa, com livre acesso a direito de resposta, não se encontra mais o proprietário Victor Bobadilla Bazan Junior nem no Facebook e que a velha tática do “esperar a poeira baixar” tem sido a máxima de todo esse processo licitatório.

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Ministério Público de Alta Floresta abre investigação sobre “empresa de gaveta” e solicita cópias de áudios e vídeos a jornalista

ÁUDIOS E VÍDEOS DA DENÚNCIA ENTREGUES AO MP DE ALTA FLORESTA

No último dia 14/08 (Quarta), entregamos em mãos a 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Alta Floresta, comandada pela Promotora Carina Sfredo Dalmollin, que havia solicitado cópias dos originais das gravações de áudio e vídeo sobre nossa denúncia de que a empresa “CLIMATEC” não passa de fachada de um ardiloso esquema de terceirização de empresas mediante licitações mal concebidas.

A mesma empresa, CLIMATEC CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO EIRELI, já havia sido denunciada pela comissão de licitações da prefeitura de Nobres, por ter participado de um esquema de “Cartas Marcadas”, para favorecer que outra empresa vencesse uma licitação do mesmo gênero, porém, após constatar as irregularidades, os responsáveis pelo pregão fizeram a denúncia ao jurídico da prefeitura, que decidiu por anular a licitação em questão.

 

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: