sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Ministério Público de Alta Floresta abre investigação sobre "empresa de gaveta" e solicita cópias de áudios e vídeos a jornalista

O pedido foi encaminhado ontem, (Quinta – dia 30/07), pouco antes do jornalista publicar novas imagens onde mostra que os estado de abandono do imóvel aonde seria a sede da empresa que ganhou a licitação milionária, continuava  15 dias após a denúncia.

A solicitação foi encaminhada ao site dia 31/07

A pedido da Promotora de Justiça do estado de Mato Grosso, Dra, Carina Sfredo Dalmolin, um ofício foi encaminhado a redação do site MatoGrossoAoVivo solicitando todas as gravações e áudios registradas pelo jornalista Danny Bueno, que publicou os fatos em sua coluna de opinião (Coluna AF – Análise dos Fatos), no último dia 24/07 (Quarta), após receber informações e que havia uma empresa vencedora de uma licitação milionária que não possuía em seu endereço a empresa que dizia em documentos funcionar ativamente.

Após processo investigativo jornalístico, foi constatado que realmente a sede da empresa que se apresenta como em condições de atender, em caráter técnico e logístico, toda a demanda da licitação ganha no município de Alta Floresta, no valor de R$ 1.282 milhão de reais, não passava de uma casa abandonada em um bairro sem qualquer referência de atividades comerciais.

Após a denúncia, o proprietário da empresa, um rapaz de 20 anos, que em conversa gravada revelou a forma como atua diante das licitações que vence em prefeituras dentro do Estado de Mato Grosso, segundo ele mesmo, “de porta em porta”, e seriam cinco prefeituras ao total, incluindo Alta Floresta e Mirasol D’Oeste, foi retirada da rede social Facebook, em menos de 24 horas, a página com o perfil do empresário Victor Bobadilla Bazan Junior, que revelava ser na verdade um funcionário de uma empresa do ramo de agronegócios.

Em sua documentação anexada ao processo licitatório, por meio de um balanço patrimonial, a empresa afirma que possui um capital de giro pequeno, porém, com  estrutura condizente para atender as licitações que concorre, afirmando que possui em imobilizado da empresa R$ 21.4838,00, em maquinário próprio R$ 16.425, investimentos acima de R$ 10.000,0 reais e disponível em caixa e a receber pouco mais de R$ 21.000,00 reais, que somados atingem o valor de R$ 60.384,35 reais.

Com este valor, qualquer micro empresário sabe muito bem que é imprescindível manter em funcionamento pelo menos um escritório de atendimento ao público, em caso de novos interessados nos serviços prestados pela empresa, pois conforme dizia minha avó, “menina bonita que não aparece na janela não arruma casamento”.

Mas, não é bem isso que se encontra no endereço oficial da sede da empresa que fatura cifras milionárias em licitações com prefeituras do interior do Estado de Mato Grosso, aliás, muito aquém do que se podia esperar, o que encontra é uma cena preocupante e deplorável de total abandono e profunda desconformidade com o que se diz nos documentos apresentados na licitação de Alta Floresta.

 

Em razão destes indícios, o Ministério Público, órgão máximo de caráter investigativo criminal que tem por força de ofício fiscalizar toda e qualquer atividade ilegal que vise burlar as leis e causar prejuízos aos cofres públicos municipais, estaduais e federais, estará recebendo, das mãos do jornalista Danny Bueno, diretor do portal MatoGrossoAoVivo, todas as gravações na íntegra para apuração e perícia técnica que se fizerem necessárias para que a verdade venha ser apresentada a sociedade alta-florestense, juntamente com as devidas sansões que os envolvidos tiverem que responder perante a justiça.

SERVIDOR PÚBLICO TENTOU INTIMIDAR JORNALISTA

Cabe lembrar, que além do empresário que falou sobre seu “modus operandis”, em relação aos meios como faz para trabalhar com as prefeituras em que ganha as licitações, um outro personagem, que tem a chancela do município para trabalhar no setor aonde ocorreu a licitação, na condição de servidor público, lotado na Secretaria de Gestão, que responde pelo cargo de Fiscal da Ata de Registro de Preço, David Willian, após receber uma ligação do empresário vencedor da licitação, que também foi encontrado como seu amigo pessoal no Facebook, entrou em contato com a redação do site para inquirir quanto as razões pelas quais o site estaria ligando ao licitado para perguntar sobre as condições da empresa e quem teria feito a denúncia.

Agindo como verdadeiro interessado em defender a lisura do tomador de serviço do município, como se ele, enquanto funcionário público tivesse essa obrigação de fazê-lo, ao ser questionado pelo jornalista quanto a postura de ligar para a redação em explícita demonstração de imparcialidade e impessoalidade, que é como se deve comportar o funcionário público em exercício de cargo, o mesmo alegou que estava apenas antecipando “explicações”, como se funcionário da empresa privada fosse, demonstrando notório conhecimento sobre cada ato da empresa.

Minutos antes da matéria ser publicada, já na parte da noite, o funcionário da prefeitura entrou novamente em contato com o jornalista, desta vez por meio do aplicativo Whatsapp, a princípio dizendo que o assunto já teria sido encaminhado ao “jurídico” para eventual investigação e tentando intimidar quanto a publicação do áudio da conversa que teve na parte da tarde, apoiando-se no princípio da privacidade, tentou proibir a divulgação do áudio, como se não tivesse sido avisado que estava sendo gravado e tendo ele mesmo originado a ligação para a redação do site. No mesmo texto encaminhado pelo aplicativo o servidor da prefeitura ainda insistiu que o jornalista comparecesse a prefeitura para “conversar” com o Controle Interno, que segundo ele já estava “resolvendo a situação”.

Por fim, o funcionário público solta uma “gargalhada” em texto, como se o que estivesse fazendo não fosse nada demais e ainda faz questão de citar que só está tendo tais atitudes em nome da “ética” e do “profissionalismo”.

OUÇA O ÁUDIO COM A TENTATIVA DO SERVIDOR EM DEFENDER A EMPRESA LICITADA:

Cabe agora ao Ministério Público avaliar as ações e indícios que envolvem essa licitação milionária, que foi inclusive alvo de veementes protestos por parte da empresa concorrente, Leblon Tecnologia, na pessoa de seu representante, Elizeu Lins,  durante o ato licitatório que fez questão de declarar em alto e bom tom, não por uma vez, que “tem alguma coisa errada aí”.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: