quinta-feira, 17 de junho de 2021

Advogado de Alta Floresta é preso por suspeita de associação tráfico de drogas e facção criminosa

Junto com o advogado foi preso uma mulher suspeita de praticar a venda das drogas em associação com o advogado, que é conhecido criminalista na cidade.

A Gerência de Combate ao Crime Organizado – GCCO em conjunto com Polícia Judiciária Civil de Alta Floresta – PJC/MT e DRE (Divisão de Repreensão ao Tráfico, da delegacia de Alta Floresta, prendeu na noite de ontem, Terça-feira (16/06),em uma residência no Parque dos Lagos, uma mulher identificada pelas iniciais R.M.S.C., por tráfico de drogas e o advogado L.M. por associação ao tráfico de drogas no município.

Junto com os suspeitos, foi apreendido grande quantidade de drogas (4 tabletes de análogas a maconha e 4 tablete e porções análogas a cocaína), 3 armamentos, munição, balança, caderneta de anotações com listagem de clientes do tráfico, máquina de cartão de crédito e comprovantes de depósito bancário de quantias suspeitas. As drogas, os documentos e as armas foram encontradas em um tonel azul que estava escondido na residência da suspeita.

No ato da prisão a suspeita confessou a atuação criminosa e ainda delatou o advogado como envolvido diretamente a uma facção criminosa instalada no município de Alta Floresta, que se mantém como organização do tráfico na região, cuja finalidade do operador de direito é “intimidar” membros da organização. A traficante confessou ainda em sua residência após a apreensão das drogas e armamentos, que o advogado é contratado do Comando Vermelho – CV e recebe mensalmente para livrar os membros da facção em casos de prisões e repassar informações aos membros do CV em custódia prisional.

O advogado foi preso em flagrante após comparecer ao local da abordagem policial, sem saber que a suspeita já o havia delatado e dado detalhes de sua atuação junto a Organização Criminosa – ORCRIM, como sendo um membro contratado da mesma.

Os dois suspeitos foram presos em flagrante, conduzidos a delegacia de Alta Floresta para a lavratura das prisões ficando a disposição das autoridades competentes.

Quem é o advogado preso em flagrante?

Nosso setor de investigação jornalística, apurou a fundo com diversas fontes as informações extra oficiais e descobriu que o advogado envolvido no flagrante policial desta Terça feira é funcionário lotado na Secretaria Municipal de Saúde de Alta Floresta, no setor administrativo, a serviço do gabinete da secretária, conforme sua ficha de contratação temporária que vai até dia 31/12/21, encontrada no sistema do portal da transparência da prefeitura municipal.

O advogado chama-se Dr. Leonardo Marin, também é reconhecido no meio jurídico e policial como um atuante defensor de suspeitos presos por crime de tráfico, os quais são rotineiramente liberados pelos préstimos advocatício do operador de direito, sendo requisitado com frequência por essa categoria de clientes.

Além disso, há claros indícios de que o profissional liberal que presta serviços contratado pela prefeitura, também faz uso de seus horários de servidor para atuar na liberação de seus clientes em período de expediente público.

O que diz a entidade dos advogados criminalistas?

Em resposta a nossa reportagem, o Jiuvani Leal, vice presidente da Associação Nacional de Criminalistas – ANACRIM (Secção MT), falou com exclusividade a respeito desse tipo de situação e que apesar da presunção da inocência, a associação não coaduna com atitudes isoladas de envolvimento de profissionais do direito criminalista que extrapolam na sua conduta ética. A Associação dos criminalista não dá qualquer apoio a profissionais que se associem a criminalidade que provem de organizações criminosas e facções, pois existe um limite de atuação que qualquer advogado não pode ultrapassar, ficando restrito apenas a atuação profissional e ao que a lei permite, jamais se envolver ou fazendo favores, o que passar disso é considerado conduta reprovável dentro da profissão.

O vice presidente da ANACRIM, fez questão de frisar que o Dr. Leonardo Marin não é membro da entidade a nível estadual ou nacional.

OUÇA O QUE DIZ O REPRESENTANTE DA ANACRIM:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: