quinta-feira, 17 de junho de 2021

Advogado preso defendia "clientes" durante expediente público, debochava da polícia e ostentava dinheiro nas redes

O total desrespeito para com o trabalho da polícia era patente em comentários jocosos emitidos pelo advogado, diante da facilidade e rapidez com o mesmo conseguia libertar seus clientes após as prisões em flagrante.

“Us policial tá de zói ni mim… também eles fica puto da cara, prenderam a “molecada” era meio dia, quando foi 17:00 da tarde a “molecada” tava tudo solta,  ficam doido da cara”…

Os procedimentos profissionais perante o município de Alta Floresta e o padrão comportamental do advogado Leonardo Marin, preso ontem  a noite (16/06), por associação ao tráfico, durante uma abordagem investigativa da Gerência de Combate ao Crime Organizado – GCCO e os investigadores da Polícia Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso – PJC/MT DRE (Divisão de Repreensão ao Tráfico, são de causar náuseas em quem preza pela ética e profissionalismo, tanto no setor público quanto no privado.

Apesar de ter que cumprir horário de expediente público, por foçar de sua contratação perante o município de Alta Floresta, que o obrigava a permanecer em seu departamento no período das 07:00 às 12:0014:00 ás 18:00, para todos o servidores contratados ou efetivos, o Dr. Leonardo Marin servia-se de uma “mãozinha” de alguém em sua repartição que ignoravam as suas diversas ausências durante o tempo que ficava na delegacia de Alta Floresta atendendo a “molecada” do tráfico.

 

HORÁRIO OFICIAL DE EXPEDIENTE PÚBLICO NA PREFEITURA DE ALTA FLORESTA:

Durante uma dessas “escapadinhas”, o servidor contratado foi mencionado em uma entrevista ao vivo com comandante da Força Tática, feita pelo repórter Abrahão Lincoln, da Rádio Progresso, aonde o oficial citou o nome do advogado como sendo o responsável pelo atendimento dos suspeitos de tráfico que tinham acabado de prender.

O grande detalhe é que entrevista ao vivo, foi realizada às 14:41 hs, ou seja, justamente em período de expediente funcional, sendo que o comandante da Força Tática, Tenente Zufino, reforça ao repórter que o nome do advogado é “Dr. Leonardo Marin”, e que o mesmo estava juntamente com a família naquele momento acompanhando a prisão em andamento.

VEJA O VÍDEO DA ENTREVISTA OCORRIDA NO DIA 20/05:

OUÇA ABAIXO O ÁUDIO DO ADVOGADO DEBOCHANDO DOS POLICIAIS:

Indiferente ao trabalho das equipes de combate ao tráfico no município, o advogado ainda festejava para alguns conhecidos que a polícia ficava indignada com a sua atuação, além de ostentar quantias de dinheiro em grupos e mensagens de seus recebimentos a serviço dos atendimentos que fazia aos suspeitos do tráfico, que em alguns casos o advogado chegava na delegacia antes de seus clientes serem trazidos pela polícia que tinha acabado de capturá-los.

Diante de tamanha eficiência, o advogado passou a ser persona de máxima confiança da “molecada”, conforme ocorreu em sua prisão ontem, quando compareceu repentinamente na residência da abordagem policial, porém, não contava com as delações prestadas de sua clientes, acusando-o de estar a serviço do crime organizado e fazer parte da folha de pagamento da facção criminosa Comando Vermelho – CV, em Alta Floresta.

A posição da Secretaria Municipal de Saúde

Em contato com a secretária municipal de Saúde, a também advogada Sandra Correa de Mello, nos informou que está reunindo os elementos necessários para emitir o distrato do servidor que por não ser efetivo do município e sim contratado, terá suas atitudes devidamente investigadas e analisadas, para então tomar as providências que se fazem necessárias em caso de evidente quebra de contrato profissional.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: