terça-feira, 29 de junho de 2021

BOMBA | Desvios de dinheiro público na rodoviária Alta Floresta seria uma prática comum há muito tempo

Empresas do setor de transportes de passageiros podem estar envolvidas em esquema sendo operado há anos no município de Alta Floresta.

A novela dos desvios de dinheiro público no âmbito da administração do Terminal Rodoviário de Alta Floresta pode ter novos “capítulos de explosivos” nos próximos dia com a descoberta de novos fatos que estão sendo desvendados a fundo pelo departamento de investigação jornalística e inclusive já são de pleno conhecimento da própria prefeitura municipal que tem já instaurado um processo administrativo contra um servidor efetivo que seria o pivô de um elaborado esquema de desvio que pode ter atingido somas vultuosas em anos a frente do cargo no terminal rodoviário municipal.

O servidor em questão, Milton Ribeiro de Sousa, que no momento entrou em licença prêmio por ter sido afastado do cargo de “Assessor da rodoviária”, sendo efetivo do município desde 1996, com um salário de R$ 4.509,94, e responsável pelo terminal há anos, emitiu documentos comprovam que o mesmo passou a assinar recibos para se apropriar de valores que em tese deveria ser destinados aos cofres municipais.

Milton Ribeiro de Sousa, seria o antecessor de de Dejair Francisco dos Santos (“Dejinha”), que foi exonerado em 23 de Abril, após ter sido denunciado, confessado e negociado a devolução do dinheiro (R$ 38.000,00), com o setor jurídico do município, porém, voltou atrás após ter seu nome revelado com exclusividade por reportagem do portal , em 02 de Maio e de lá pra cá, a série de revelações foram parar nas mãos do setor de investigações da polícia judiciária civil de Alta Floresta.

Em recentes desdobramentos, um processo administrativo instalado por uma Comissão no executivo municipal, terá que trazer a tona e esclarecer a toda sociedade alta-florestense como explicar que o responsável pelo setor de recebimento de valores das chamadas “Taxas de embarque”, conseguiu convencer as empresas que ali operam a repassar o dinheiro em mãos, por meio de recibos assinados, e não da forma como o município instituiu, na modalidade de boletos bancários.

Segundo o andamento das nossas investigações, nada disso seria possível sem a conivência tácita de uma ou outra empresa que mesmo sabendo estar em desacordo com a modalidade bancária, aceitava a forma imposta pelo servidor municipal, sob pretexto de que o mesmo era o representante oficial do município.

Igualmente aos crimes administrativos praticados pelo ex-diretor da rodoviária e cemitério municipal (Chefe dos Próprios), Dejair Francisco dos Santos, que ao que parece teve de alguma forma instruções ou forte influência do “modo operandis” aplicado por Milton Ribeiro, com o andamento do processo administrativo da comissão montada pelo município, os crimes de PECULATO – Art. 312 (Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa), do Código do Processo Penal, e até mesmo a obrigação de devolver quantias ainda a serem calculadas aos cofres do município serão as principais consequências desta farra sem medida que era praticada nas barbas da população de Alta Floresta.

Em contato com a prefeitura, o setor de comunicação confirmou que há indícios de tais delitos administrativos por parte deste servidor, porém, apesar do Processo Administrativo Disciplinar -PAD, estar instaurado, ainda não houve qualquer manifestação do presidente e da Comissão processante, que tem prazos para concluir a análise dos documentos que compõem a peça acusatória, originada a partir de denúncias desencadeadas após a exoneração de Dejair Francisco dos Santos.

Enquanto isso, ao município de Alta Floresta resta se envergonhar ano após ano com um Terminal Rodoviário capenga, nojento e completamente mal conservado, pois há décadas não é reformado ou se quer há projeto para tal, ou seja, um pardieiro que não proporciona aos moradores nenhuma outra sensação, a não ser a mais absoluta vergonha alheia e o escárnio declarado daqueles que vem em visita ao município esperando ver uma rodoviária digna, mas, encontram pocilga repugnante que ninguém em sã consciência faz questão de permanecer por mais de 5 minutos.

Detalhe, após a exoneração do ex-diretor o abandono se faz completo agora, salvo as equipes de barreira sanitária atuam na operação de monitoramento e orientação dos passageiros entram e saem do município.

No meu entendimento, a exemplo do que foi feito no caso de Dejair Francisco, a prefeitura municipal de Alta Floresta traria muito mais confiança a sociedade em geral se entregasse também esse caso (Milton Ribeiro), na forma de denuncia formal, aos cuidados da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso – PJC/MT.

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD DE MILTON RIBEIRO DE SOUZA:

PORTARIA_018-2021_-_INSTAURAO_DE_PRCESSO_ADMINISTRATIVO_DISCIPLINAR_MILTON

APÓS A EXONERAÇÃO SERVIDOR ENTROU EM LICENÇA PRÊMIO:

EXONERAÇÃO DA ASSESSORIA DO TERMINAL ASSINADA EM JANEIRO PELO PREFEITO GAMBA:

EXONERACAO_-_MILTON_RIBEIRO_DE_SOUZA15022021

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: