segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Com medo de ser cobrado Chico Gamba foge de debates e decepciona eleitores

  • DANNY BUENO | COLUNA ANÁLISE DOS FATOS

Com previsão de serem realizado 3 debates, ambos previamente aceitados pelos candidatos, Chico Gamba anunciou em seu perfil de campanha que não vai mais participar dos debates.

Alegando “ataques pessoais”, uma nota emitida pela campanha do candidato Chico Gamba (União), afirma que o seu adversário nestas eleições vem “demonstrando falta de maturidade e despreparo para uma discussão construtiva”,

No primeiro e último debate realizado no dia 28 de Agosto (Quarta), os dois candidatos tiveram a chance de apresentar suas ideias e ambos fizeram trocas de farpas, o que mais do que comum em qualquer ambiente de debates de natureza político eleitoral.

Outros dois debates estavam agendados com as equipes de campanha, sendo o próximo nesta Segunda-feira (9/9 – hoje ás 20:00hs), e outro no dia 4/10 (Sexta), dois dias antes da data das eleições conforme prevê a legislação eleitoral.

Na tentativa de justificar sua desistência a campanha do candidato Chico Gamba produziu um vídeo apresentando um único momento do debate onde o candidato Oliveira Dias fazendo alusão ao embalo de um bebê.

Segundo a nota, isso se refere a ataque pessoal a pessoa do candidato do União Brasil, enquanto esse também pronunciou provocações ao longo do debate quando este afirmou que nunca viu o seu adversário trabalhando e em outro momento que o chamou de forma pejorativa de “extrema-direita”, mas, isso o vídeo do candidato Chico Gamba fez questão de omitir.

Os erros do passado não podem ser ignorados

A maioria dos políticos que se envolvem em grandes escândalos e acabam imprimindo máculas em suas carreiras políticas, as quais são popularmente chamadas de “batom na cueca”, agem sempre de forma defensiva na tentativa de esconder os rastros de suas inconsequências e na esperança de que tudo fique abafado e caia no esquecimento da memória coletiva do povo. Nesse caso Chico Gamba tem uma enorme mancha de “batom na cueca” que o acompanhará pelo resto de seus dias, não há como negar, esconder ou disfarçar.

Oras bolas, não é segredo para mais ninguém no município de Alta Floresta, que na campanha de 2020 o então candidato Chico Gamba, engravidou uma de suas assessoras de campanha e teve um filho fora do casamento, o que na época foi devidamente abafado pela administração até a data do nascimento da criança, quando não havia mais como esconder e então foi obrigado a assumir a paternidade só depois do nascimento. 

Na política, como na vida, todo mundo um dia enfrenta a verdade

Na verdade, o grande medo do candidato Chico Gamba vem de seus próprios fantasmas que ao longo de sua administração começaram bem cedo por meio de erros e deslizes provocados por suas próprias ações inconsequentes e ausência caráter, para com a própria esposa e filhos.

Após tantos danos causados a sua própria imagem e vida, chega a ser ingênuo pensar que qualquer adversário político, seja quem for, não se oportunizaria de lembrar a população o que seu adversário “fez no verão passado”, assim é em várias campanhas eleitorais e debates que estão ocorrendo em todo país.

Fugir dos debates com medo de que essas lembranças sejam novamente expostas é o mesmo que tentar negar a própria existência de seu filho, que apesar de não ter culpa algum dos erros de seus pais, acaba causando um dilema moral devastador na personalidade política do atual prefeito de Alta Floresta, que não pode continuar fugindo de encarar seu passado de frente, bem como tentar manipular as regras dos debates com desculpas esfarrapadas que em nada convencem a população de suas razões.

Na verdade, o efeito fica bem mais reverso e causa um decepção devastadora em seu eleitorado, que espera poder ver seu candidato debatendo com a cabeça erguida e encarando de frente todo e qualquer erro cometido dentro e fora de sua administração, pois não há como desvincular o ser humano, do ser político Chico Gamba, que no fim das contas, serão sempre a mesma pessoa.

Quem sabe na última hora, o candidato decida demonstre coragem e resolva participar dos debates e assim demonstrar que superou seus medos e demônios, por mais assustadores que sejam.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: