quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Página oficial de Chico Gamba exibe vídeo com música obscena e dança promíscua

A página oficial da campanha do candidato conta com quase de 30 mil seguidores entre eles jovens e crianças que tem acesso direto ao vídeo pra lá de asqueroso.

Em meus 33 anos de jornalismo, já vi candidatos usarem de toda forma de vulgaridades para tentar atingir determinadas camadas sociais que se identificam com certos temas, mas, confesso que dessa vez fiquei atordoado com a “estratégia” utilizada na campanha do candidato Chico Gamba (União Brasil) para angariar votos nesta eleição de 2024.

Um vídeo exibido na página do candidato, desde o dia 19 de Maio, mostra 3 personagens criados por inteligência artificial que simulam uma dancinha escrota com um fundo musical inominável, onde qualquer pai ou mãe de família jamais aprovaria que seus filhos pronunciassem dentro de casa.

O vídeo, presente na página do candidato desde o dia 19 de Maio, ou seja, há pelo menos 3o dias do início das divulgações eleitorais, que tiveram início no dia 07 de Agosto, autorizada pela Justiça Eleitoral, fere a legislação eleitoral e afronta diretamente os princípios da moralidade, ética e respeito aos eleitores e suas família, pois espera-se que os candidato apresentem apenas ideias e propostas descentes a população.

Apesar de o vídeo estar exposto por meio de uma “marcação” de um seguidor da página, passados mais de 30 dias do início das divulgações eleitorais, é quase impossível de se acreditar que ninguém da equipe de campanha candidato tivesse percebido tamanho absurdo, tornando a não retirada do vídeo até a presente data em uma falha indefensável, que precisa ser apreciada com rigor pela Justiça Eleitoral.

Durante a música os personagens que configuram as personas do prefeito Chico Gamba, o deputado estadual Faisal Calil (Cidadania), que se diz “bolsonarista” roxo, e um terceiro personagem que não é identificado, dança ao som do hit em uma coreografia adaptada que simula o órgão sexual feminino com as mãos.

De autoria do MC LD, a música “Tô sem grana, pede pro otário que te banca” trás as seguintes frases no seu refrão:

“Quer piru tu me chama pirocada tu me chama quer dinheiro to sem grana pede lá pro seu otário que banca..
Comigo é pau na buceta nem ligo pra essas ninfeta quer sentar Bokinha deixa mais tem que pagar chupeta..
quer sentar Bokinha deixa mais tem que pagar chupeta..
Comigo é pau na buceta nem ligo pra essas ninfeta quer sentar Bokinha deixa mais tem que pagar chupeta..
quer sentar Bokinha deixa mais tem que pagar chupeta.

VEJA O VÍDEO NA PÁGINA DE CAMPANHA DO CANDIDATO CHICO GAMBA:

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: